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REVISTA DA MADEIRA - EDIÇÃO N°68 - DEZEMBRO DE 2002

Mercado-Oferta

Mercado-Oferta

As florestas plantadas com o gênero Pinus, foram estruturadas no Brasil a partir do incentivo fiscal, nos anos sessenta e setenta, até 1987. Este advento teve origem em uma política voltada à formação de maciços florestais com o objetivo de compor uma base de matéria prima madeira com características quantitativas, volume de biomassa lenhosa.

Ao longo das últimas duas décadas o perfil do consumo da madeira oriunda de reflorestamento mudou substancialmente em função das restrições de exploração e, mesmo, da disponibilidade de espécies florestais nativas.

A cadeia produtiva estendeu-se para as essências de rápido crescimento, plantadas e manejadas, até então com a visão quantitativa da produção. Isto proporcionou ao setor reflorestador a confluência com uma economia muita mais dinâmica, porém exigente em quantidade e qualidade. Assim, inicialmente, o produto dos plantios com o gênero Pinus foram inseridos em processos produtivos diversos, do desdobro à laminação. Com estes fatos, a cadeia produtiva da madeira estabeleceu interdependência entre o setor florestal e os setores produtivos usuários desta matéria prima lenhosa, a madeira em toras.

Atualmente a visão da floresta plantada como unidade de produção é o ponto inicial para a gestão da industria florestal na busca da competência, especialmente na maximização da rentabilidade através de manejo adequado, dirigida à produção de indivíduos com números dendrométricos significativos, cujas toras produzirão produtos de alto valor agregado. Portanto, a floresta plantada tornou-se dentro do organograma estratégico das industrias florestais uma unidade de negocio independente, cujos produtos são definidos pela composição das expectativas de mercado combinadas com o plano de ordenamento florestal a serem aplicados a médio e longo prazo.

Dadas às posições históricas da formação dos empreendimentos florestais no país, do grau de vinculação da maioria das áreas, da inexistência de dados confiáveis pertinentes à disponibilidade versus a demanda, e frente à falta de uma política florestal para o país, urgem ações de caráter estratégico que estabeleçam uma relação de desenvolvimento entre os setores interdependentes a fim de assegurar a sustentabilidade junto à cadeia produtiva da madeira de forma a manter a estabilidade econômica e o desenvolvimento em diversas regiões do país.

Na composição nacional as florestas plantadas com essências exóticas de rápido crescimento correspondem a 4,8 milhões de hectares, sendo 75% das florestas vinculadas diretamente com a indústria e 25% de florestas desvinculadas disponíveis a consumo que darão sustentação ao mercado de madeira roliça em geral.





A concentração maior de florestas plantadas está na região sudeste e região sul, compondo respectivamente 51% e 26%. Porém, como o consumo consolidado para processamento mecânico, o gênero Pinus está concentrada em 57% na região sul do Brasil, especialmente nos estados do Paraná e Santa Catarina. O Pinus plantado no Sul do Brasil, além de servir como matéria prima para a produção de celulose, é utilizado na fabricação de móveis, chapas e placas, e vem sendo cortado com 20 a 25 anos, depois de passar por sucessivos desbastes.

O consumo de madeira roliça de Pinus para uso industrial no Brasil, proveniente de florestas plantadas é da ordem de 33,2 milhões de m3 por ano. O setor que mais concentra consumo é o de madeira serrada com 50%, seguido pelo setor de celulose, com 30%, e o setor de compensado com 7%. O Brasil já colhe o dobro de madeira de reflorestamento do que de floresta nativa.

Os estoques somam uma oferta de 852 milhões de m3. Este estoque total é composto por 30% de madeira destinada ao uso para celulose, 33 % para o setor energético e 37% para madeira sólida. Esta é a classificação de destino principal. Porém algumas migrações de classe de consumo podem ocorrer em circunstâncias específicas de mercado ou região.

A demanda projetada demonstra claramente que em um período de nove anos houve crescimento de 26% no consumo geral, com significativa contribuição do setor de transformação de madeira sólida, serrados, em 63%, devido à substituição de nativas. Cabe observar que a maior taxa de crescimento é para o setor de painéis reconstituídos, o qual com certeza terá crescimento incrementado em médio prazo, pela instalação de novas plantas na região sul e sudeste do país.

A tendência da evolução do consumo evidencia a exaustão da base florestal plantada em 8 anos a partir de 1998. Fica clara a necessidade de retomada do processo de recuperação de florestas plantadas e expansão da área, assim como a melhoria qualitativa pelo agregado genético. Estas circunstâncias colocam em risco parte importante do setor produtivo do país, especialmente o setor da indústria de base madeireira, indústria moveleira e segmentos vinculados, envolvendo participação crescente e importante em exportações, geração de empregos e desenvolvimento sócio-econômico em diversos pólos industrializados.

Em uma avaliação estratégica, o mercado tem apresentado significativa evolução em preços e características qualitativas. O mercado de maior significância na valoração de preço e no consumo de madeira em toras do gênero Pinus (diâmetros maiores que 30 cm) é o segmento de fabricação de chapas multilaminadas. A estimativa da produção de chapas multilaminadas de Pinus é de 1,1 milhão de m3 ao ano (aproximadamente 2,5 milhões de m3 de toras), sendo 20% para o mercado interno e 80% para exportação.

Com referência a evolução dos preços para toretes com diâmetros maiores que 8 cm e menores de 15 cm ( madeira fina) a tendência é de um crescimento à taxa de 4% ao ano pois há oferta e continuará havendo em função de desbastes e cortes rasos. Entretanto, esta classe de madeira em toras poderá, em médio prazo, sofrer uma variação em crescimento de preço devido ao aumento de consumo pelas fábricas instaladas no sul do Brasil de chapas reconstituídas ( aglomerado, MDF e OSB). Isto também implicará em uma migração de parte do volume da madeira em tora com diâmetros de 15 cm e 20 cm. A madeira em toras com mix de diâmetro entre 15 – 29cm é uma classe que tenderá a evoluir com alguma influência em preços na ordem de 15% ao ano e as toras de 30 cm acima podadas terão um crescente aumento de preços uma vez que a ofertas destas toras está diminuindo e a procura aumentando devido a grande procura da industria de molduras, moveleira e de lâminas.

Ações Estratégicas

Através de análises, inclusive considerando o avanço das restrições das leis ambientais vigentes, principalmente as converções (topo de morros) que irão indisponibilizar 25% das terras atualmente cobertas com floresta plantada que serão simplesmente convertidas em floresta nativa, e mesmo diante da carência de informações atualizadas e precisas, a tendência da relação oferta e demanda de madeira em toras oriundas de plantios florestais é bastante comprometedora, especialmente para o setor moveleiro, consumidor de madeira de Pinus, o qual exige qualidade especificada em dimensão e características tecnológicas. Desta forma, em virtude da posição do mercado consumidor de toras, produto de florestas plantadas com gênero Pinus, e diante das perspectivas de demanda comprometida pela restrição da oferta em qualidade e em quantidade, há necessidade urgente de serem delineadas algumas ações estratégicas fundamentais, quais sejam :

a)- Avaliação da atual base de matéria prima, plantios com gênero Pinus por região de concentração, abrangendo aspectos quantitativos e qualitativos e identificando o grau de vinculação a processos de uso e o horizonte de exaustão;

b)- Estruturação de um programa regional (por unidade da federação) para acompanhamento da economia de mercado, ou seja, dos volumes de negócios por setor/segmento de consumo da madeira roliça, a fim de ser estabelecida uma matriz de informações atualizadas e de caráter dinâmico para monitoramento da relação oferta versus demanda;

c)- Incentivar o Programa Nacional de Florestas-PNF a ser o formador e o percussor da política florestal do país para a composição de Planos de Desenvolvimento e Investimentos específicos para:

- Expansão da base de matéria prima, plantio com gênero Pinus e gênero Eucaliptos, de forma intensiva e regular, com disponibilidade de linhas de credito convergentes com as características econômicas dos empreendimentos em termos de prazo e capacidade de pagamento;

- Alavancar pesquisas dirigida a novas tecnologias, nas áreas de Melhoramento Genético pela disseminação de novas tecnologias de reprodução ( cultura de tecido, embriogenese), em tecnologias da madeira objetivando ganhos em eficiência (produtividade) e qualidade de processos(desdobro, laminação, painéis), em silvicultura e manejo florestal para assegurar o desempenho da produção florestal

d)- Buscar a excelência operacional através da visão de renovação por Programas de Capacitação e Treinamento dirigidos aos colaboradores da área de engenharia florestal, com foco na tecnologia de informação, recursos de informática, reformulação de sistemas operacionais pela mecanização e automação de processos;

As Ações Estratégicas Necessárias configuram um elenco de posturas focadas no desenvolvimento da pesquisa dirigida com o propósito de salvaguardar as relações da cadeia produtiva da madeira produzida a partir de plantios com gênero Pinus e gênero Eucaliptos, frente a atual posição do mercado e o iminente déficit de oferta.

Tais ações visam garantir também os aspectos quantitativos e qualitativos da produção florestal, no sentido de maximizar o retorno sobre o ativo terra através do direcionamento da produção florestal(toras) para uso e aplicação em processos cujo produto final será com alto valor agregado, tais como produtos sólidos de madeira.

Marcílio Caron Neto

Engenheiro Florestal e Adm. de Empresas.

Diretor Executivo da Associação Catarinense de Empresas Florestais.

Presidente da Associação Sulbrasileira de Empresas Florestais

Coordenador Geral do Programa Nacional de Florestas para o Sul do Brasil – UAP/SUL – PNF.MMA.

Membro da Câmara de Desenvolvimento da Industria Florestal da FIESC.

Membro da Câmara de Recurso Florestais da CNI.

Conselheiro do CONSEMA/SC.

Conselheiro Suplente do CONAMA.

Maio/2003