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Notícias
05
dez
2009
(MADEIRA E PRODUTOS)
Portugal: Serrações podem ficar sem madeira de pinho em cinco anos
"Se nada for feito, dentro de cinco anos a floresta nacional não terá capacidade de abastecer de madeira de pinho as indústrias de primeira transformação". A afirmação foi proferida recentemente pelo presidente da Associação das Indústrias de Madeira e Mobiliário de Portugal, Fernando Rolin, na apresentação do Estudo Estratégico para a Reestruturação e Modernização da Indústria de Primeira Transformação de Madeira em Portugal e tendo por base as suas conclusões.
"Se nada for feito, dentro de cinco anos a floresta nacional não terá capacidade de abastecer de madeira de pinho as indústrias de primeira transformação". A afirmação foi proferida recentemente pelo presidente da Associação das Indústrias de Madeira e Mobiliário de Portugal, Fernando Rolin, na apresentação do Estudo Estratégico para a Reestruturação e Modernização da Indústria de Primeira Transformação de Madeira em Portugal e tendo por base as suas conclusões.
O documento, mais conhecido por Estudo das Serrações, realizado em conjunto com a Sociedade Portuguesa da Inovação, foi apresentado perante 150 empresários preocupados com o futuro do sector e prevê um aumento da procura de pinho em aproximadamente 50 por cento (cerca de 8,39 milhões de toneladas). Sob ameaça estão as 250 empresas de serração e os 4500 postos de trabalho que sustenta. Em cinco anos será necessário tomar medidas de planejamento florestal, já que se continuarem as práticas atuais "a indústria de serração não vai ter madeira suficiente para a sua laboração", refere o Estudo, que segue agora para as mãos do Governo. De realçar que a matéria-prima usada nas serrações é sobretudo o pinho, que tem um consumo anual médio de 23.400 toneladas, seguindo-se o eucalipto com apenas 2.400 toneladas.
O consumo anual máximo do pinho pode chegar às 272 mil toneladas. "Chegou o momento de os industriais decidirem se vão fechar as fábricas, importar madeira para continuar a laborar ou se vão emigrar", enfatizou Fernando Rolin. Numa região onde predominam as indústrias da madeira e do mobiliário, fomos ouvir as Associações Empresariais de Paredes e Paços de Ferreira e algumas serrações destes municípios e saber até que ponto podem ser afetadas pela situação. Indústrias têm de tornar-se mais competitivas.
A solução apontada é simples. "É preciso desenvolver uma floresta com dimensão sustentável que equilibre as necessidades econômicas, sociais e ambientais", diz o estudo da AIMMP. Mas isso não basta. A indústria das serrações deverá tornar-se mais competitiva, a fim de melhor combater o crescente peso das importações, assim como a indústria da carpintaria e do mobiliário devem aprofundar relações com os fornecedores portugueses. As recomendações deste estudo dirigem-se também ao Governo, que deve fomentar a especialização das explorações florestais, criar um Observatório da Floresta, avançar com o Cadastro Florestal, melhorar a gestão das áreas florestais, apoiar o melhoramento do pinheiro bravo e o investimento produtivo na indústria da serração, entre outras medidas.
O Nemátodo da Madeira do Pinheiro, um dos mais perigosos vermes que afeta os pinheiros e causa a sua murchidão e morte, foi o mote deste estudo que permitiu também fazer um diagnóstico detalhado das indústrias de transformação e a definição de uma estratégia de reestruturação e modernização do sector. Serrações portuguesas têm que apostar na inovação e formação As serrações portuguesas não estão a conseguir acompanhar, com uma oferta competitiva, o crescimento da procura de madeira serrada nacional e, nos próximos 20 anos, prevê-se um aumento da procura de pinho em aproximadamente 50 por cento (8,39 milhões de toneladas), diz o documento da AIMMP. Anualmente são extraídos das florestas portuguesas cerca de 10 milhões de toneladas de madeira, 40 por cento são pinho e 60 por cento eucalipto.
Por isso, para competir com as exportações, as serrações nacionais terão que apostar na melhoria da qualidade, no design e na inovação de produtos e processos, recomenda o estudo, que avalia o estado destas indústrias. O sector da serração, concluem, está comercialmente pouco ativo, não existindo uma postura de negócio competitiva nem uma estrutura de marketing, e não havendo também investimento em formação ou capacidade de conquistar novos clientes. "86 por cento dos trabalhadores das serrações tem habilitações ao nível do ensino básico, o que acarreta dificuldades acrescidas na implementação de novas práticas e processos", sendo a força de trabalho dominada por homens de mais de 40 anos, adiciona o estudo.
Quebras de 60 por cento nos últimos 10 anos Nos últimos 10 anos, registraram-se quebras de cerca de 60 por cento nas indústrias de serração, tanto em número de empresas como em postos de trabalho. Após um crescimento no volume de vendas de 18 por cento, em 2007 (relativamente a 2006), as empresas sofreram um abrandamento de sete por cento das vendas, em 2008, e previa-se neste documento uma quebra de 10 por cento para 2009. Também o número de trabalhadores reduziu. Eram 10.700, em 1998, e passaram a 4.500, em 2008. As serrações portuguesas são sobretudo de baixo grau tecnológico (48%) e, nos últimos anos, tem-se verificado um reforço da concentração destas empresas no norte do país.
Atualmente, 63 por cento das serrações estão na região norte, quando em 2005 eram 45 por cento. "Se não houver matéria-prima temos que parar de trabalhar" "Se não houver matéria-prima temos que parar de trabalhar". É essa a ideia de Joaquim Jesus Freitas, proprietário de uma Serração de Madeira em Louredo, Paredes, embora não ponha de parte a hipótese de se adaptarem a um novo material. Mas afetar, garante, afeta sempre, até porque há falta de escoamento, com esta ou com outra matéria-prima. Atualmente a pequena empresa, que mal consegue arranjar trabalho para os cinco funcionários, trabalha com 70 a 80 por cento de madeira de pinho. As máquinas, muitas delas renovadas, estão paradas, e os clientes são sobretudo os habituais.
A maioria da madeira vai para a construção civil e mobiliário, tudo empresas da região. "As quebras têm-se refletido nos últimos cinco anos. A procura reduziu e a produção é já cerca de metade. Temos aqui tudo cheio e vende-se pouco", referiu Joaquim Freitas. "Há dois anos", recorda, "não vencíamos a trabalhar. Havia muita procura". Também a serração Joaquim Moreira e Silva, localizada na Seroa, em Paços de Ferreira, trabalha sobretudo com madeira de pinho nacional e teve quebras de produção acentuadas nos últimos anos. "Já não produzimos o mesmo nem compramos tanto", confirmou Nuno Meireles, administrativo da empresa. Com 20 postos de trabalho e em formato familiar, esta empresa já teve que efetuar despedimentos "e há a iminência de mais duas ou três baixas na equipa face às dificuldades", revelou o funcionário. A ser verdade, continuou, a não existência de matéria-prima daqui a cinco anos "é de preocupar". Depois de trabalhada, a madeira que agora obtém com facilidade, destina-se ao consumo da região, como Paredes e Paços de Ferreira, e essencialmente para a indústria do mobiliário. Formação e modernização nesta serração, admite, não tem havido, mas estão atentos às alterações de mercado.
Associações empresariais afirmam que situação não deve afectar empresas locais Tanto o responsável da Associação Empresarial de Paredes como o da de Paços de Ferreira partilham da mesma opinião. Esta quebra da madeira de pinho, a verificar-se, pouco deve afetar as serrações e as empresas de mobiliário da região, porque poucas trabalham com esta matéria-prima. Trabalham sobretudo com madeiras importadas Em Paredes, as serrações trabalham sobretudo para a carpintaria, o mobiliário e a construção civil.
Segundo Gualter Morgado, o pinho é muito pouco usado e em princípio não afetará muito as empresas paredenses. "As serrações de cá trabalham com as empresas de mobiliário de cá mas utilizam percentagens muito reduzidas de madeira nacional", disse o secretário-geral da AE Paredes. "Como não temos uma política de reflorestação nacional não havia condições para alimentar este tipo de indústria", reforçou. As madeiras usadas no mobiliário local, como cerejeira e castanho, são protegidas ou não existem no país em grande quantidade, por isso, estima Gualter Morgado, "cerca de 95 por cento das madeiras usadas pelas nossas serrações são importadas". Já quanto à inovação e modernização destas empresas, o responsável da AE Paredes acredita que estas são bem equipadas e têm um nível da formação técnica relativamente elevado. Os problemas que enfrentam são reflexo da crise que se espelha nos sectores do mobiliário e da construção civil: "quem está a jusante (as serrações) acaba por sofrer", concluiu.
Segundo a AEPF, esta situação também não afetará muito as empresas de mobiliário pacense, já que estas pouco recorrem ao pinho. "Só há uma serração em Paços de Ferreira que usa pinho e que também tem vindo a reduzir o seu consumo, de ano para ano, sendo este quase residual", afirma Pedro Vieira de Andrade. As madeiras usadas nas indústrias de mobiliário pacense são sobretudo importadas e provém de locais como França e Estados Unidos.
"Se nada for feito, dentro de cinco anos a floresta nacional não terá capacidade de abastecer de madeira de pinho as indústrias de primeira transformação". A afirmação foi proferida recentemente pelo presidente da Associação das Indústrias de Madeira e Mobiliário de Portugal, Fernando Rolin, na apresentação do Estudo Estratégico para a Reestruturação e Modernização da Indústria de Primeira Transformação de Madeira em Portugal e tendo por base as suas conclusões.
O documento, mais conhecido por Estudo das Serrações, realizado em conjunto com a Sociedade Portuguesa da Inovação, foi apresentado perante 150 empresários preocupados com o futuro do sector e prevê um aumento da procura de pinho em aproximadamente 50 por cento (cerca de 8,39 milhões de toneladas). Sob ameaça estão as 250 empresas de serração e os 4500 postos de trabalho que sustenta. Em cinco anos será necessário tomar medidas de planejamento florestal, já que se continuarem as práticas atuais "a indústria de serração não vai ter madeira suficiente para a sua laboração", refere o Estudo, que segue agora para as mãos do Governo. De realçar que a matéria-prima usada nas serrações é sobretudo o pinho, que tem um consumo anual médio de 23.400 toneladas, seguindo-se o eucalipto com apenas 2.400 toneladas.
O consumo anual máximo do pinho pode chegar às 272 mil toneladas. "Chegou o momento de os industriais decidirem se vão fechar as fábricas, importar madeira para continuar a laborar ou se vão emigrar", enfatizou Fernando Rolin. Numa região onde predominam as indústrias da madeira e do mobiliário, fomos ouvir as Associações Empresariais de Paredes e Paços de Ferreira e algumas serrações destes municípios e saber até que ponto podem ser afetadas pela situação. Indústrias têm de tornar-se mais competitivas.
A solução apontada é simples. "É preciso desenvolver uma floresta com dimensão sustentável que equilibre as necessidades econômicas, sociais e ambientais", diz o estudo da AIMMP. Mas isso não basta. A indústria das serrações deverá tornar-se mais competitiva, a fim de melhor combater o crescente peso das importações, assim como a indústria da carpintaria e do mobiliário devem aprofundar relações com os fornecedores portugueses. As recomendações deste estudo dirigem-se também ao Governo, que deve fomentar a especialização das explorações florestais, criar um Observatório da Floresta, avançar com o Cadastro Florestal, melhorar a gestão das áreas florestais, apoiar o melhoramento do pinheiro bravo e o investimento produtivo na indústria da serração, entre outras medidas.
O Nemátodo da Madeira do Pinheiro, um dos mais perigosos vermes que afeta os pinheiros e causa a sua murchidão e morte, foi o mote deste estudo que permitiu também fazer um diagnóstico detalhado das indústrias de transformação e a definição de uma estratégia de reestruturação e modernização do sector. Serrações portuguesas têm que apostar na inovação e formação As serrações portuguesas não estão a conseguir acompanhar, com uma oferta competitiva, o crescimento da procura de madeira serrada nacional e, nos próximos 20 anos, prevê-se um aumento da procura de pinho em aproximadamente 50 por cento (8,39 milhões de toneladas), diz o documento da AIMMP. Anualmente são extraídos das florestas portuguesas cerca de 10 milhões de toneladas de madeira, 40 por cento são pinho e 60 por cento eucalipto.
Por isso, para competir com as exportações, as serrações nacionais terão que apostar na melhoria da qualidade, no design e na inovação de produtos e processos, recomenda o estudo, que avalia o estado destas indústrias. O sector da serração, concluem, está comercialmente pouco ativo, não existindo uma postura de negócio competitiva nem uma estrutura de marketing, e não havendo também investimento em formação ou capacidade de conquistar novos clientes. "86 por cento dos trabalhadores das serrações tem habilitações ao nível do ensino básico, o que acarreta dificuldades acrescidas na implementação de novas práticas e processos", sendo a força de trabalho dominada por homens de mais de 40 anos, adiciona o estudo.
Quebras de 60 por cento nos últimos 10 anos Nos últimos 10 anos, registraram-se quebras de cerca de 60 por cento nas indústrias de serração, tanto em número de empresas como em postos de trabalho. Após um crescimento no volume de vendas de 18 por cento, em 2007 (relativamente a 2006), as empresas sofreram um abrandamento de sete por cento das vendas, em 2008, e previa-se neste documento uma quebra de 10 por cento para 2009. Também o número de trabalhadores reduziu. Eram 10.700, em 1998, e passaram a 4.500, em 2008. As serrações portuguesas são sobretudo de baixo grau tecnológico (48%) e, nos últimos anos, tem-se verificado um reforço da concentração destas empresas no norte do país.
Atualmente, 63 por cento das serrações estão na região norte, quando em 2005 eram 45 por cento. "Se não houver matéria-prima temos que parar de trabalhar" "Se não houver matéria-prima temos que parar de trabalhar". É essa a ideia de Joaquim Jesus Freitas, proprietário de uma Serração de Madeira em Louredo, Paredes, embora não ponha de parte a hipótese de se adaptarem a um novo material. Mas afetar, garante, afeta sempre, até porque há falta de escoamento, com esta ou com outra matéria-prima. Atualmente a pequena empresa, que mal consegue arranjar trabalho para os cinco funcionários, trabalha com 70 a 80 por cento de madeira de pinho. As máquinas, muitas delas renovadas, estão paradas, e os clientes são sobretudo os habituais.
A maioria da madeira vai para a construção civil e mobiliário, tudo empresas da região. "As quebras têm-se refletido nos últimos cinco anos. A procura reduziu e a produção é já cerca de metade. Temos aqui tudo cheio e vende-se pouco", referiu Joaquim Freitas. "Há dois anos", recorda, "não vencíamos a trabalhar. Havia muita procura". Também a serração Joaquim Moreira e Silva, localizada na Seroa, em Paços de Ferreira, trabalha sobretudo com madeira de pinho nacional e teve quebras de produção acentuadas nos últimos anos. "Já não produzimos o mesmo nem compramos tanto", confirmou Nuno Meireles, administrativo da empresa. Com 20 postos de trabalho e em formato familiar, esta empresa já teve que efetuar despedimentos "e há a iminência de mais duas ou três baixas na equipa face às dificuldades", revelou o funcionário. A ser verdade, continuou, a não existência de matéria-prima daqui a cinco anos "é de preocupar". Depois de trabalhada, a madeira que agora obtém com facilidade, destina-se ao consumo da região, como Paredes e Paços de Ferreira, e essencialmente para a indústria do mobiliário. Formação e modernização nesta serração, admite, não tem havido, mas estão atentos às alterações de mercado.
Associações empresariais afirmam que situação não deve afectar empresas locais Tanto o responsável da Associação Empresarial de Paredes como o da de Paços de Ferreira partilham da mesma opinião. Esta quebra da madeira de pinho, a verificar-se, pouco deve afetar as serrações e as empresas de mobiliário da região, porque poucas trabalham com esta matéria-prima. Trabalham sobretudo com madeiras importadas Em Paredes, as serrações trabalham sobretudo para a carpintaria, o mobiliário e a construção civil.
Segundo Gualter Morgado, o pinho é muito pouco usado e em princípio não afetará muito as empresas paredenses. "As serrações de cá trabalham com as empresas de mobiliário de cá mas utilizam percentagens muito reduzidas de madeira nacional", disse o secretário-geral da AE Paredes. "Como não temos uma política de reflorestação nacional não havia condições para alimentar este tipo de indústria", reforçou. As madeiras usadas no mobiliário local, como cerejeira e castanho, são protegidas ou não existem no país em grande quantidade, por isso, estima Gualter Morgado, "cerca de 95 por cento das madeiras usadas pelas nossas serrações são importadas". Já quanto à inovação e modernização destas empresas, o responsável da AE Paredes acredita que estas são bem equipadas e têm um nível da formação técnica relativamente elevado. Os problemas que enfrentam são reflexo da crise que se espelha nos sectores do mobiliário e da construção civil: "quem está a jusante (as serrações) acaba por sofrer", concluiu.
Segundo a AEPF, esta situação também não afetará muito as empresas de mobiliário pacense, já que estas pouco recorrem ao pinho. "Só há uma serração em Paços de Ferreira que usa pinho e que também tem vindo a reduzir o seu consumo, de ano para ano, sendo este quase residual", afirma Pedro Vieira de Andrade. As madeiras usadas nas indústrias de mobiliário pacense são sobretudo importadas e provém de locais como França e Estados Unidos.
Fonte: Verdadeiro Olhar
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