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Quando ouvimos a palavra "floresta", as primeiras imagens que vêm à mente são geralmente relacionadas a florestas nativas, formações florestais próximas, parques nacionais. Relacionamos este termo à ideia de um conjunto de árvores de várias espécies que crescem naturalmente em espaços abertos e interagem com a flora e a fauna naturais. Porém, em nossas cidades também temos nossas próprias florestas urbanas compostas pelas árvores de alinhamento e pelas das praças e parques.
A estrutura dessas florestas é muito diferente das naturais, pois são atravessadas pela arquitetura urbana, pelas necessidades dos bairros e pelas contínuas modificações do habitat onde crescem. No entanto, os benefícios que as árvores oferecem são os mesmos, independentemente do contexto.
As árvores urbanas constituem um patrimônio verde e natural das cidades. Além de embelezar e colorir ruas e calçadas, fornecem oxigênio e desempenham um papel importante na mitigação das mudanças climáticas, já que uma árvore adulta pode absorver até 150 kg de gases nocivos por ano. Mas seus benefícios não se limitam a estes: funcionam como filtros de poluentes urbanos, como poeira, sujeira e fumaça.
Por outro lado, atuam como quebra-ventos que reduzem as necessidades de aquecimento no inverno.
Ao mesmo tempo, fornecem sombra nos meses de verão, ajudando a resfriar o ar entre 2 e 8 graus Celsius, o que diminui o uso de ar condicionado.
Em suma, contribuem para criar um ambiente mais sustentável e melhorar a qualidade de vida urbana, uma vez que morar próximo a áreas verdes pode trazer benefícios à saúde física e mental. Eles até afetam os imóveis, já que as paisagens urbanas que incluem árvores aumentam o valor das propriedades em até 20%.
Portanto, é importante e necessário tomar medidas adequadas para o correto cuidado e manutenção da arborização urbana. Nesse sentido, o Censo é um instrumento que fornece informações estratégicas e úteis para o planejamento do manejo das árvores de alinhamento.
O Censo Arborícola Urbano é uma atividade estatística que visa coletar um conjunto de dados básicos associados às características físicas e à localização da população arbórea. Por não ser uma atividade frequente, é natural associá-la a aspectos estruturais, como a contagem e identificação da totalidade das árvores existentes na área urbana e sua localização geográfica. No entanto, também pode ser usado para avaliar o estado de saúde dos espécimes, a deterioração dos caminhos pela ação das raízes, os possíveis locais para o plantio de novos espécimes que podem cobrir áreas desmatadas.
Esses dados são compilados de forma a se obter um conjunto de estatísticas básicas e oficiais sobre a estrutura, estado, distribuição e localização da população, que serão utilizadas para planejar as ações necessárias à manutenção e melhoria das árvores.
Para a realização do censo, os parâmetros a serem medidos devem ser rigorosamente definidos, associando-os ao objetivo a ser alcançado com essas informações.
A metodologia tradicional implica que as pessoas que realizam as medições / observações (recenseadores) percorram as ruas da cidade, parando em cada árvore de alinhamento que existe em cada quarteirão, identificando-a com o nome da rua e o número da casa em cujo passeio é plantado.
Em seguida, identifica-se a espécie, mede-se o diâmetro do caule e a altura, avalia-se o estado do espécime (presença / ausência de podridão, grau de inclinação, necessidade de poda) e o tamanho do vaso ou estado do caminho. Todas as informações coletadas em papel são posteriormente inseridas em um banco de dados.
Para facilitar a coleta de informações, muitos dos parâmetros são codificados. Por exemplo, cada espécie é identificada com um determinado número, são feitas escalas de grau de decadência, de inclinação do caule e deterioração dos caminhos, bem como a prioridade de extração ou poda.
É importante observar que os conceitos aplicados devem ser claros e uniformes para todos os recenseadores, para que a coleta de dados seja o menos subjetiva possível. Isso é obtido por meio de treinamento e testes de campo preliminares ao censo.
A preparação, medição e transcrição dos dados demoram muito. Para reduzi-lo muitas vezes, opta-se por tomar menos valores em detrimento da avaliação geral das árvores.
Atualmente, o avanço da tecnologia possibilita a redução de alguns tempos de trabalho, como é o caso da transferência do formulário em papel para o Excel por meio de um aplicativo (App) direto do censo para carregamento de dados. Por exemplo, com o programa Qgis, o recenseador pode carregar os dados em um dispositivo móvel e georreferenciar o espécime avaliado, de forma que as informações sejam salvas automaticamente em formato digital que pode ser convertido em planilha Excel.
Outro benefício desses programas é que são capazes de gerar mapas com as informações obtidas, permitindo ter imagens do estado fitossanitário das árvores ou da distribuição das espécies no ejido urbano, facilitando assim a tomada de decisões
Os conceitos de sustentabilidade, qualidade de vida, cuidado com o meio ambiente que estão na mira da comunidade influenciam a ideia do manejo arborizado urbano, tendendo a apontar para o manejo sustentável.
Com efeito, a seleção de espécies adequadas está se tornando relevante, com destaque para o uso de plantas nativas de cada ecorregião, técnicas de plantio e poda como estratégias de adaptação ao espaço urbano (e não apenas para retirada dos ramos que incomodam).
Nesse contexto, tornam-se importantes os dados fornecidos por um censo florestal corretamente planejado, no qual a tecnologia tem sido utilizada como ferramenta de medição e avaliação das árvores de alinhamento. Não se trata apenas de “somar números” e saber quantas árvores um município possui, mas serve também para planejar as ações a serem realizadas a curto, médio e longo prazo.
No curto prazo, podas e extrações que tenham prioridade de “urgência” poderão ser realizadas, tentando evitar situações mais graves no futuro próximo. No médio prazo, os espécimes seriam substituídos ou potenciais áreas de florestamento seriam consideradas.
No longo prazo, o planejamento deve continuar, definindo um modelo de arborização urbana a ser seguido, determinando quais espécies serão utilizadas para o reflorestamento das árvores extraídas ou para novos empreendimentos, definindo podas de manutenção em uma base regular, treinamento trabalhadores que realizam podas, atualizando as portarias municipais e integrando-as às leis provinciais de árvores (Lei 12.276 / 99 de Buenos Aires; Lei 13.836 / 19, de Santa Fé; Lei 7.873 / 08 de Mendoza; Lei 5478/04 de San Luis; Lei 7172/13, Chaco), entre outras ações possíveis.
Ao olhar para as árvores urbanas, não só a quantidade de “verde” deve ser importante, mas também a sua qualidade. O censo serve como uma das ferramentas que permite avaliar esses dois parâmetros.
As melhorias que podem ser realizadas no método de censo, medição e análise de dados servirão para um olhar mais abrangente, permitindo que a prefeitura local possa gerenciar e planejar a arborização urbana e, com isso, contribuir para a qualidade da vida dos cidadãos.
(*) Laboratório de Ensaios de Materiais e Estruturas (LEMEJ), Centro Associado do CIC, Universidade Nacional do Noroeste da Província de Buenos Aires (UNNOBA).
Por Dra. Engenheira Florestal Ana Clara Cobas, do Laboratório de Ensaios de Materiais e Estruturas (LEMEJ), Centro Associado do CIC, Universidade Nacional do Noroeste da Província de Buenos Aires (UNNOBA).
Este artigo faz parte do espaço mensal REDFOR.AR, da ArgentinaForestal.com, que busca divulgar e gerar debate sobre os problemas florestais do país. As opiniões pertencem aos autores.
Fonte: Argentina Forestal
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