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Melhorar a produtividade agrícola e, ao mesmo tempo, minimizar os impactos ambientais é um grande desafio
A bióloga Márcia Maués, em parceria com pesquisadores de diversas instituições de pesquisa e ensino, alunos de graduação, pós-graduação, pós-doutorado e técnicos, há quatro anos se dedica ao estudo da ecologia da polinização do açaí, cultura totalmente dependente dos serviços de polinização. A alta diversidade de insetos polinizadores nos açaizais pode responder por um acréscimo de até 25% na produção de frutos de açaí em cada planta, quando são comparadas áreas onde a diversidade é menor. O trabalho do seu grupo de pesquisa identificou mais de 200 espécies de insetos que visitam as flores de açaí, entre eles, abelhas, besouros, moscas e vespas, além de constatar a importância das áreas de floresta para a produção de frutos.
A demanda crescente pelo consumo dos frutos do açaizeiro, sobretudo nas duas últimas décadas, levou a uma expansão do extrativismo e do cultivo no norte do Brasil. Por consequência, provocou transformações nos hábitat das florestas de várzea (planícies inundáveis) onde os açaizais nativos ocorrem naturalmente, com a transformação de hábitat naturais em sistemas agroflorestais simplificados, ecologicamente e funcionalmente distintos das formações originais. Além disso, impulsionou o plantio desta palmeira em terra firme, ocupando áreas previamente abertas.
“Como o açaí contribui de forma importante para a economia e a segurança alimentar das comunidades locais, é essencial identificar abordagens de manejo que protejam a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos que sustentam a produção de frutos”, enfatiza a pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental.
Esse é o principal objetivo do projeto coordenado por Márcia Maués, um dos selecionados por meio da Chamada Pública nº32/2017 do CNPq e financiados em parceria entre CNPq, Ibama, Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e Associação Brasileira de Estudos das Abelhas (A.B.E.L.H.A.).
Manejo e produtividade
O grupo de pesquisadores busca compreender o potencial dos polinizadores silvestres (disponíveis na natureza, não manejados) e manejados (abelhas sem ferrão) para melhorar o rendimento de frutos do açaí em terra firme e nos açaizais nativos das várzeas. Promover os serviços de polinização, através do manejo adequado dos habitats dos polinizadores e/ou introdução e manejo de polinizadores, pode reduzir os déficits de produção agrícola.
O projeto está avaliando o potencial do manejo de polinizadores (abelhas nativas sem ferrão) para melhorar o rendimento de frutos e os índices socioeconômicos para os produtores de açaí em diferentes contextos de manejo (açaizais nativos manejados nas várzeas e plantios em terra firme), bem como a viabilidade econômica, visando caracterizar os impactos das mudanças no uso da terra sobre polinizadores silvestres e a introdução e manejo de polinizadores (abelhas sem ferrão), em relação à produtividades do açaizeiro.
Para os estudos de campo, contam com a parceria de uma grande rede de produtores de açaí em diferentes contextos de manejo (açaizais nativos manejados nas várzeas e plantios em terra firme) em áreas com diferentes índices de cobertura florestal. Em cada propriedade, detalha Márcia, estão sendo instaladas 15-20 colônias da abelha canudo (Scaptotrigona aff. postica), espécie que forma colônias muito populosas com até 15 mil abelhas e tem um alcance de voo de até 500 metros de raio. “A ideia é avaliar e comparar os dois cenários e a frequência de visitação de polinizadores: a produção com introdução de abelhas manejadas e sem a introdução de abelhas, nos diferentes tipos de paisagem, com mais ou menos floresta, para indicar ao produtor o que pode ser feito para otimizar a produtividade de frutos do açaizeiro.”
Os pesquisadores pretendem gerar informações que possam ser usadas pelos produtores de açaí. Ao final do estudo, o intuito é reunir recomendações de aplicação direta no campo, estratégias de manejo visando à manutenção dos serviços de polinização nos açaizais nativos e nas áreas cultivadas, tanto direcionadas a agricultores familiares quanto empresariais. “Essas informações são importantes para que os produtores, sobretudo os ribeirinhos, obtenham o melhor de seu cultivo inclusive do ponto de vista ambiental”.
Resumo
Linha de Pesquisa 5 – Avaliação bioeconômica do serviço de polinização na produtividade agrícola por cultura relevante
Projeto de pesquisa – Manejo de polinizadores como apoio à conservação e à produção sustentável de açaí na região do estuário amazônico
Rede de parceiros
- Embrapa Amazônia Oriental
- Universidade Federal de Goiás
- Instituto Tecnológico da Vale
- Universidade de Brasília
- Universidade Estadual Paulista
- Universidade Federal do Pará
- Universidade Federal de Pernambuco
- Universidade Federal da Bahia
- Instituto Federal do Mato Grosso
- Museu Paraense Emílio Goeldi
- Fundação Escola Bosque (PA)
Fonte: PortaldoAgronegocio
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