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A preocupação com a apatia que tomou conta do setor florestal brasileiro nos últimos anos foi a tônica do encontro de executivos (GPS Talks Insights) promovido pelo Painel Florestal no último dia 17 de agosto, em São Paulo
A preocupação com a apatia que tomou conta do setor florestal brasileiro nos últimos anos foi a tônica do encontro de executivos (GPS Talks Insights) promovido pelo Painel Florestal no último dia 17 de agosto, em São Paulo.
Os empresários e investidores do setor não ficaram imune às intempéries da turbulência política pela qual o país atravessa.
O pior provavelmente já passou e os líderes que participaram do GPS Talks Insights já enxergam oportunidades, mas também indicam desafios que precisam ser superados.
1. Um Caminho sem Volta
O mesmo fenômeno que está impactando serviços financeiros (fintechs) e jurídicos (lawtechs) também começa a ter seus efeitos no Setor Florestal. O segredo é aprender a surfar a onda das transformações radicais trazidas pela evolução da tecnologia e pelos novos comportamentos do consumidor.
No GPS Talks Insights, John Forgach citou como exemplo o projeto Green Hub Iniciative que ele acompanhou de perto: a utilização de VANT no manejo de ecossistemas florestais na Costa Rica que tem o Google e a Apple como colaboradores. "Os negócios digitais vão causar transformações enormes no nosso mercado. Quem não conseguir se adaptar, ficará fora do jogo", ressaltou John.
Forgach, que atua como conselheiro especial do primeiro ministro chinês Li Keqiang para assuntos ambientais, alertou também sobre atribuições que deverão ser assumidas por tecnologias disruptivas. "Daqui a 10 anos, as florestas competitivas, não vão estar empregando motoristas, operadores, engenheiros e outras funções de alto nível intelectual", prevê John.
2. Menu Chinês
A China, via de regra, não tem confiança no Brasil. John Forgach lembrou que os maiores investimentos da China na América Latina vão para a Venezuela. "O Brasil tinha que ser o primeiro produtor de fibra do mundo. E, para isso, a China tem que ser vista como grande aliado", ressaltou.
"Eles plantam 4 a 5 milhões de hectares de florestas de eucalipto por ano. São florestas ruins mas o apetite deles para fibra é extraordinário. Hoje eles importam, aproximadamente 10 milhões de toneladas de cavaco/ano. Mas a projeção é aumentar para 45 milhões em pouco tempo", alertou John.
Enfático, John alerta: ou se aprende a trabalhar com o chinês ou vai acabar no "menu" deles.
3. Até Quando?
A inexistência de políticas públicas para o setor de florestas plantadas, incluindo alguns elos da cadeia produtiva de base florestal, é um dos maiores entraves do seu desenvolvimento.
A legislação, em boa parte dos estados brasileiros, também cria dificuldades. Em Minas Gerais, por exemplo, a necessidade de autorização (e vistoria) do Instituto Estadual de Florestas (IEF) para colher uma floresta de eucalipto gera, constantemente, prejuízos ao produtor.
Nesse mesmo contexto, dois outros problemas precisam ser resolvidos: a falta de informação confiável sobre o setor e a falta de união.
As entidades existentes ainda estão longe de representar - de fato - as demandas do produtor florestal. Essa falta de protagonismo também afeta, diretamente, na inexistência de políticas públicas e leis mais adequadas ao setor.
Ou seja, uma questão está relacionada à outra. Entender como superar esses desafios é um dos pontos centrais dos debates do GPS Talks Insights.
Veja como o assunto foi abordado no GPS Talks Insights #1
4. Dinheiro à Vista
John Forgach falou do apetite chinês em investir no Brasil. Silvio Teixeira, da Brookfield, lembrou que "existe uma quantidade absurda de dinheiro para ser investido no Brasil" e indicou alguns caminhos.
Os grandes problemas, segundo eles, são - de fato - a falta de organização e a pouca informação confiável disponível. De acordo com John e Silvio, o país tem - agora - o desafio de reestabelecer sua credibilidade no mercado internacional.
A proibição da venda de terras para estrangeiros ainda é um entrave. A falta de segurança jurídica também afasta o investidor. A boa notícia, segundo o advogado Aldo De Cresci, é que tema está na pauta do Congresso e, segundo ele, com uma estratégia já definida para sua aprovação.
5. Novas Oportunidades
Muito tem se falado na geração de energia elétrica a partir de biomassa de florestas plantadas. O potencial realmente não é pequeno. As usinas de etanol de milho, por exemplo, vão precisar de madeira para alimentar suas caldeiras.
Anunciado pelo Governo Federal, a realização de dois leilões ainda esse ano também injetou ânimo no setor.
No Rio Grande do Sul uma indústria de peletes vai precisar de mais de 90 mil hectares de florestas plantadas.
Para 2020 está prevista a construção de um prédio de 13 andares totalmente em madeira pela Amata, empresa que possui florestas plantadas em Mato Grosso do Sul, Paraná e Pará.
A estrutura da torre será de Madeira Laminada Cruzada (CLT), ainda pouco difundida no Brasil, mas que - em pouco anos - deverá ser padrão nas construções pelo país afora.
São oportunidades que precisam ser estudadas e, através de ações estratégicas, transformadas em mercados consolidados.
Fonte: Painel Florestal
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