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Notícias

28
out
2015
(BIOENERGIA)
Cavacos de Acácia Negra como fonte para produzir energia

Investimento em cavacos de madeira para exportação incentiva o plantio da árvore no RS, que estagnou nos últimos anos.

Insumo vem ganhando espaço na fabricação de pellets para biocombustível.

Destino de quase 20% da produção de madeira no Rio Grande do Sul, a indústria de cavacos destinada à exportação deverá reaquecer o mercado de acácia negra no Estado.

Utilizado em grande parte para produção de celulose e papel, o insumo vem ganhando espaço na fabricação de pellets para biocombustível usado na Europa e Estados Unidos. Um dos maiores investimentos no setor na América Latina, de R$ 150 milhões, deve entrar em operação em Rio Grande no começo de 2016.

Com sede em Montenegro, o Grupo Tanac deve finalizar o empreendimento em fevereiro do próximo ano, com geração de 30 a 44 empregos diretos, além de 300 indiretos. Produtora de cavacos de madeira, que dão origem à celulose, e de tanino, extraído da casca da acácia e usado em curtumes de couro, a empresa entrará no segmento de pellets para atender a demanda da Europa — um dos principais mercados do produto.

“Confiamos no setor que atuamos, e isso nos dá segurança para investir”, afirma Otávio Guimaraes Decusati, diretor-superintendente do Grupo Tanac, que exporta 100% dos cavacos de madeira para produção de celulose no Japão, na China e na Índia.

A nova fábrica em Rio Grande terá capacidade para produzir 400 mil toneladas de pellets por ano, que serão destinados à Inglaterra. Por meio de contrato firmado com uma empresa inglesa, a Tanac irá fornecer o insumo para geração de energia elétrica pelo período de 12 anos. Com 50% de áreas próprias de cultivo de acácia, a empresa comprará o restante necessário.

O primeiro embarque de pellets de madeira para a Inglaterra está previsto para 2 de abril de 2016. “Buscaremos fornecedores de acácia em todo o Rio Grande do Sul”, antecipa Decusati, acrescentando que a produção de pellets no país ainda é pequena". O investimento deve incentivar o plantio de acácia, praticamente estagnado nos últimos anos.

“A demanda recente por acácia de empresas especializadas, puxada pela procura externa e pela valorização em dólar, resultou em ganhos maiores para os produtores, que estão mais animados com a atividade”, aponta Evair Ehlert, assistente técnico da Emater em Pelotas, no sul do Estado.

Biorrefinarias no horizonte

Ainda pouco desenvolvidas no Brasil, as biorrefinarias à base de madeira devem demandar boa parte da produção florestal no mundo nos próximos anos. Nos Estados Unidos e na Europa, o setor de transformação de fonte de celulose em biomassa já demanda investimentos milionários. Os países desenvolvidos estão substituindo os combustíveis fósseis por opções renováveis.

“É uma transformação mundial que vai fazer o mercado da madeira crescer muito”, destaca João Fernando Borges, presidente da Associação Gaúcha de Empresas Florestais (Ageflor).

No Brasil, avalia Borges, as biorrefinarias à base de madeira ainda estão em fase piloto e deverão se desenvolver a médio e longo prazos. A nova geração de indústrias inclui também o uso da lignina, um dos principais componentes da lavoura, para produção de óleos e combustíveis e como subcomponente da cura do cimento.

“Temos capacidade para dobrar a participação no mercado internacional a médio prazo com a crescente demanda por biomassa”, — resume Jefferson Bueno Mendes, diretor da consultoria Pöyry na América Latina.

Fonte: ZH Campo e Lavoura

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