Diversidade de produção amplia usos no setor
O setor de produtos florestais compreende, genericamente, os segmentos de madeira em tora, madeira serrada, painéis de madeira, pasta de madeira e papel. A partir desses insumos se formam várias cadeias produtivas, com destaque para os setores de construção civil e moveleiro, os produtos de madeira serrada e os diversos painéis de madeira são bens substitutos entre si.
Os painéis de madeira dividem-se em três grandes grupos: compensados, aglomerados e chapas de fibras comprimidas, onde se insere o MDF. Em 1995, o consumo mundial, de 132 milhões de m³, estava dividido em 36% para os painéis de compensado, 43% para os aglomerados e 31% para os painéis de fibras comprimidas. No Brasil, o volume de 2 milhões de m³ consumido em 1995 obedeceu às seguintes fatias: 50% para os compensados, 40% para os aglomerados e 10% para os painéis de fibras comprimidas.
Painel de MDF
O MDF é o painel produzido a partir de fibras de madeira, aglutinadas com resinas sintéticas através de temperatura e pressão, destinado principalmente à indústria moveleira. Possuindo consistência similar à da madeira maciça, o MDF permite acabamentos do tipo envernizamento, pinturas em geral ou revestimentos com papéis decorativos, lâminas de madeira ou PVC. A produção e a comercialização mundiais do MDF foram iniciadas em meados da década de 60, como resultado de uma pesquisa que tinha por objetivo a substituição da chapa de fibra dura por um produto de melhor qualidade e com processo produtivo menos poluente. No entanto, ao final da pesquisa, constatou-se que o novo painel poderia ter maior espessura do que aquela inicialmente prevista, o que permitiu, na época do seu lançamento, que o MDF fosse também considerado um substituto do aglomerado. Dada a sua melhor qualidade e usinabilidade, o novo produto também teve ampla aceitação nos mercados usuários de compensado e madeira serrada.
Normalmente, o MDF apresenta preço maior do que o painel de aglomerado e inferior comparativamente ao painel de compensado. Cumpre observar, assim, o elevado valor que ele proporciona, comparado ao preço pago pelo comprador. No caso específico do MDF é significativa esta relação, tendo em vista o impacto cumulativo que proporciona na cadeia de valores do comprador vis-à-vis os produtos concorrentes. Destaque-se, assim, a redução do uso de tintas, laca, vernizes e cola, além da economia obtida com o menor desgaste das ferramentas e menores índices de refugo.
Painel de Aglomerado
O painel de aglomerado é formado a partir da redução da madeira em partículas. Após a obtenção das partículas de madeira, estas são impregnadas com resina sintética e, arranjadas de maneira consistente e uniforme, formando um colchão. Esse colchão, pela ação controlada do calor, pressão e umidade, adquire a forma definitiva e estável denominada aglomerado. O painel de aglomerado pode ser pintado ou revestido com vários materiais, destacando-se papéis impregnados com resinas melamínicas, papéis envernizáveis e lâminas ou folhas de madeira natural.
Grande parte da demanda de painéis de aglomerado está associada ao setor moveleiro, sendo o consumo restante dividido entre a fabricação de racks, caixas acústicas, gabinetes de televisão e divisórias.
O painel de compensado tem múltiplas aplicações: construção civil, móveis, formas para concreto, embalagens e outros. Suas características mecânicas, grandes dimensões e variedades de tipos adaptáveis a cada uso, constituem os principais atributos para justificar a ampla utilização deste material.
É um produto obtido pela colagem de lâminas de madeira sobrepostas, com as fibras cruzadas perpendicularmente, o que propicia grande resistência física e mecânica. O compensado é produzido sob duas principais especificações: a) para uso interno (moisture resistent) com colagem à base de resina de uréia-formol, sendo empregado basicamente na indústria moveleira;
e b) para uso externo (boiling water proof) com colagem à base de resina de fenol-formol, sendo normalmente utilizado na construção civil.
Sob o ponto de vista do ciclo de vida da indústria, o painel de compensado pode ser considerado como um produto maduro. Assim, em alguns nichos de mercado, como em móveis seriados, vem sendo substituído pelo painel de aglomerado e/ou o MDF.
Painéis OSB
O OSB é um painel estrutural de tiras de madeira orientadas perpendicularmente, em diversas camadas, o que aumenta suas resistência mecânica e rigidez. Essas tiras são unidas com resinas aplicadas sob altas temperaturas e pressão. Através desse processo de engenharia altamente automatizado, os painéis são permanentemente controlados e testados para verificar seus níveis de acordo com rígidos padrões de qualidade.
Na construção civil, a tendência é avançar por meio de sistemas construtivos cada vez mais industrializados, nos quais os custos e tempo de execução estão absolutamente sob controle. O OSB é um material que em conjunto com perfis metálicos ou de madeira, e outras tecnologias integradas já presentes no Brasil, possibilita a execução de um inovador sistema de construção que é aplicado em todo o mundo, tanto para residências de alto padrão quanto para casas populares, bem como para construções comerciais leves.
A engenharia do OSB foi concebida para oferecer uma resistência mecânica superior, maior versatilidade de uso, grande durabilidade e uma inquestionável trabalhabilidade. O OSB é trabalhado como qualquer outro tipo de madeira: é fácil de manusear e não exige tratamentos especiais, somente os cuidados exigidos por outros painéis de madeira. Além disso, apresenta bom desempenho na maioria das aplicações nas quais se usam os compensados de madeira.
Entre as qualidades mencionadas pelos fabricantes de OSB, os fabricantes do produto destacam as seguintes características: sem espaços vazios em seu interior; sem problemas de nós soltos nem fendilhado; sem problemas de laminação; qualidade consistente e uniforme espessura perfeitamente calibrada (menos perdas); resistência a impactos; excelentes propriedades de isolamento termo-acústico; atrativo a arquitetos e decoradores; rigidez instantânea em "framing construction"; preço competitivo; estabilidade de oferta durante todo o ano; esteticamente atrativo a arquitetos e designers.
A engenharia estrutural do OSB permite uma ampla variedade de usos construtivos e industriais, tais como: paredes e tetos; base de pisos para a aplicação de carpetes, pisos de madeira, ladrilhos, e outros ; vigas I; tapumes e barracões de obras; corpos de motor home; carrocerias de caminhões; pallets tipo container; embalagens, displays; estruturas de móveis e decoração e design.
Fontes: Estudo sobre painéis de Madeira de Angela Regina Pires Macedo; Carlos Alberto Lourenço Roque e Associação Brasileira da Indústria de Painéis de Madeira - Abipa. |