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REVISTA DA MADEIRA - EDIÇÃO N°69 - FEVEREIRO DE 2003

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Comércio com a China apresenta vantagens bilaterias

Com uma demanda crescente a pouca oferta interna a China se mostra com um grande mercado comprador de madeira, tanto para as espécies tropicais como para espécies de reflorestamento como o Pinus. Para cobrir a necessidade atual de consumo daquele país, os chineses dependem de países como o Brasil que tem potencial para incrementar a oferta de madeira. É uma parceria vantajosa para os dois mercados e o momento econômico favorece o exportador.

Segundo o presidente da ABPM -Associação Brasileira de Produtores de Madeiras, Roque Zatti o momento é promissor para o empresário que deseja entrar no mercado chinês porque as companhias de navegação estão oferecendo descontos que reduzem o valor do frete para menos da metade. O que ocorre é que os contêineres que chegam ao Brasil voltam para os países que mais estão exportando e, como a China tem um grande movimento de cargas, muitos contêineres que chegam ao Brasil iriam para lá vazios. Então, as companhias de navegação oferecem descontos, que baixam o custo, tornando viável a exportação brasileira para a China.

Além disso, há casos em que o importador paga o frete. Recomenda-se ao empresário brasileiro que aproveite este momento para exportar. “O preço é similar ao exercido nos mercados convencionais o que o torna mais viável é a grande demanda atual”, diz.

A China compra madeira nativa para parquet e piso e, há pouco tempo, pinus para móveis. As principais espécies adquiridas são jatobá, cedro, cabriuva, angelim, itaubá, tauari, ipê, cumaru, sucupira e outras. Atualmente o pinus, oriundo do Brasil, já é bem aceito e o eucalipto ainda não, pois é comprado da África do Sul, mas a ABPM pretende fazer um trabalho no sentido de introduzir também esta espécie.

Espécies com demanda oriental

A China tem normas rígidas e para conseguir se manter naquele mercado é preciso qualidade e transparência. “Qualidade para China não é a mesma coisa que qualidade para o Brasil. É preciso fazer o que eles querem e não o que o exportador quer”, explica Zatti. Também alerta que o empresário não pode pensar em vender uma vez, tem que se preparar para conquistar definitivamente o mercado, oferecendo qualidade total e fazendo o nome do Brasil lá fora.

Para exportar pinus para a China o exportador tem que respeitar características como ausência de rachaduras, azulamento, medula e outros. Nós vivos são aceitos, mas com restrições, ou seja, apenas três por peça. A espécie deve ter crescimento rápido, a floresta tem que ter desbaste e a madeira deve ir seca em estufa, para evitar o ataque de fungos.

Para garantir a qualidade do produto brasileiro no exterior a ABPM está fazendo estudos para criar um selo de qualidade, que deverá sair em 2003. Entre as normas já definidas está a avaliação da qualidade das empresas, inclusive em datas posteriores a entrega do selo

Para começar no mercado chinês é preciso encontrar pelo menos um bom parceiro, sempre com carta de crédito de banco de primeira linha. Para encontrar clientes é indicado colher informações em bancos como HSBC, City Bank, Banco de Boston e outros. As embaixadas e a Câmara Brasil China, no Rio de Janeiro, também podem auxiliar. Além da China outros mercados da Ásia como Taiwan e Vietnam são promissores para o setor florestal.

Experiência

Há 12 anos no mercado externo, negociando com os Estados Unidos , Europa, Caribe e Marrocos, a Raz Export está negociando com a China há um ano. A empresa fez um trabalho de teste em 2002 exportando 5 mil m³ para o País. A experiência rendeu contratos anuais, começando pela exportação de 36 mil m³ em 2003, um progresso gigantesco.

Outra empresa que vem se mantendo firme no mercado Chinês é a Berneck, que atua lá há seis anos, e, apesar das minuciosas exigências daquele País, tem conseguido um crescimento médio anual de 10%. Uma das facilidades que torna viável a parceria é o fato de o importador arcar com parte das despesas logísticas, na maioria das vezes. Outra vantagem é a possibilidade de exportar grandes volumes.

O crescimento que a Berneck vem conseguindo incrementar em seu faturamento é resultado da coragem de enfrentar o desafio de oferecer qualidade a um mercado que entre as características está a dificuldade de se adaptar com as mudanças que partem do exportador. Trata-se de um cliente com uma organização interna definida e que exige de seus parceiros uma adaptação a sua realidade.

A China ainda é um país de baixo custo e não oferece vantagens para exportação de produto com maior valor agregado. Prefere comprar matéria-prima, industrializar com mão-de-obra interna e vender para os mercados tradicionais. Ainda assim, existe um grande mercado para produtos de madeiras mais industrializados na China. Porém como forma de proteger os empregos na própria China o governo Chinês impõe taxas maiores no imposto de importação, proporcionalmente ao seu grau de industrialização. Quanto maior é o grau de industrialização do produto maior é o imposto de importação a ser pago. Além disso, é muito difícil para os exportadores brasileiros concorrerem com a mão de obra chinesa, pois apesar dos níveis salariais serem muito parecidos com o brasileiro, lá não tem encargos sociais e impostos incidindo sobre os salários. Uma boa alternativa é a venda de partes e peças para móveis, pisos maciços, portas e artefatos de madeira e outros inacabados.

O empresário Fábio Ayres Marchetti, diretor da Manuel Marchetti S. A., encarou o desafio de oferecer produtos como portas, molduras e outros componentes para construção civil, a este mercado, que vem estruturando há três anos. Para isso, está visitando as feiras direcionadas ao setor, realizadas na China.

Outra empresa que também está marcando presença em feiras internacionais, como na China, é a paranaense Woodsy Madeiras Sul-americanas. O diretor desta empresa Álvaro Raurich, que é engenheiro florestal, diz que a empresa atua no mercado Chinês há mais de sete anos no ramo de pisos, mas está tentando entrar no segmento de madeiras para a indústria do mobiliário.

Apesar da maior demanda ainda ser por produtos primários e matérias-primas, o empresário Leandro Z. Debone, da Madecal acredita que devido ao grande número de indústrias estrangeiras, já instaladas na China, o consumo de componentes para produtos acabados também pode ser uma boa oportunidade para o Brasil em curto prazo.

Futuro otimista

As perspectivas do mercado chinês para os empresários brasileiro são otimistas. Para se ter uma idéia, a madeira brasileira representa somente 10% da madeira para pisos vendida na China, apresentando grandes chances de incremento na participação. Além da demanda atual que a China apresenta, o futuro também é promissor se for considerado que todo ano 3% das pessoas chinesas deixam de ser pobres para serem “classe média”, isto representa cerca de 42 milhões de novos consumidores todos os anos.

O empresário Luiz Renato Durski Junior, diretor da Marine Box, acredita que em 5 anos o Brasil pode estar participando com 50% deste mercado, aumentando em cinco vezes as vendas. “Por ser a China o maior e o melhor mercado do mundo, nós temos nos especializados no comércio com este País, de onde vem cerca de 70% do nosso faturamento”, conta.

Localizada em Curitiba, PR, a Marine Box também tem boas notícias sobre o comércio Oriental. Há sete anos exportando para a China, atualmente está comercializando mais de 300 containers de 20’ por mês, aproximadamente 6.000 m³ por mês ou 72.000 m³ por ano de madeiras. Segundo o diretor da empresa, a previsão é aumentar em 70% este volume nos próximos 12 meses.

Junior diz que atualmente a China tem comprado madeiras duras para a fabricação de assoalhos, principalmente Ipê, Cabreuva, Jatobá, Cumarú, Sucupira, Tatajuba, Grapia, Tauarí, Itauba, e recentemente, a Marine Box está conseguindo vender um bom volume de Angelim Pedra e Mandioqueira para a fabricação de assoalhos. Mas o mercado Chinês também está comprando madeiras moles, principalmente Marupá. “Com boa qualidade e preços razoáveis é possível vender muita madeira na China”, afirma.