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Notícias
22
nov
2005
(GERAL)
Papel e plástico, opções para novas cédulas
O departamento do Banco Central responsável pelo meio circulante admitiu que o Brasil pode optar por uma solução híbrida entre papel e plástico para a fabricação das cédulas que circulam na economia do País. A afirmação é do chefe do departamento, José dos Santos Barbosa.
Neste momento, uma guerra comercial é travada entre fabricantes de papel fiduciário e da indústria australiana que detém a tecnologia do substrato de polímero. O setor disputa um mercado de 1,2 bilhão de cédulas por ano, o maior mercado entre os países da América Latina. Uma demanda que levará o Banco Central brasileiro a gastar este ano, segundo previsão, R$ 128,2 milhões, ou seja, R$ 24,2 milhões a mais que no ano passado.
De um lado, está a australiana Securency Pty Ltd. com a oferta do substrato de polímero, base das notas de R$ 10 que entraram em circulação para teste em 2000. Do outro, a ArjoWiggins, empresa de origem francesa, que há 25 anos produz no município de Salto, no interior de São Paulo, o papel moeda utilizado para impressão das notas na Casa da Moeda.
A recomendação do Departamento do Meio Circulante à direção do Banco Central ocorrerá depois de concluída uma pesquisa que ocorrerá nos próximos dois meses. O levantamento consistirá na coleta de opiniões de três fontes diferentes, que incluem: pessoas comuns, profissionais que manipulam dinheiro (em bancos ou em transportadoras de valor) e o setor varejista, onde as notas circulam.
A decisão sobre a utilização do papel e do plástico como fonte para produção do dinheiro dependerá de alguns fatores que formarão a avaliação técnica definitiva que balizará a decisão final do Conselho Monetário Nacional (CMN). O resultado da pesquisa terá peso, mas outros aspectos terão influência na decisão, como a prerrogativa de assegurar ao Brasil base de produção da matéria-prima, o substrato de polímero.
A Securency Pty já anunciou que tem disposição para instalar uma fábrica no Brasil. O Departamento do Meio Circulante afirma que está será a condição. "Temos uma base de 2,6 bilhões de cédulas. Não podemos ficar na dependência de importações de uma fábrica que está na Oceania", afirma Barbosa, do BC.
O Brasil já é auto-suficiente na produção de papel-moeda. A unidade da cidade de Salto, interior de São Paulo, não só fornece todo o papel necessário ao País, como é base de exportação para toda a América Latina. Metade do mercado de cédulas da região, excluída a América Central, é atendida pela unidade, em São Paulo.
Segundo Barbosa, a divisão do mercado entre papel-moeda e substrato de polímero pode ocorrer a partir da separação entre cédulas de grande e pequena circulação. No caso das notas de um real, se poderia optar pelo dinheiro de plástico. As notas de valor superior seriam produzidas a partir do papel-moeda.
O fundamento para esta decisão está na promessa de que as cédulas impressas sobre o substrato do polímero têm durabilidade maior. A duração deste seria de 49 meses, cerca de quatro vezes mais que o dinheiro de papel. Mas a relação entre papel e plástico não é mais esta, por força da ação do BC.
O Departamento do Meio Circulante elevou a vida útil das cédulas de papel - dos antigos 11 a 14 meses para entre 18 e 22 meses. "Novas avaliações indicam que o papel tem maior durabilidade e isso tem relação direta nas comparações que se faz dos dois materiais", afirma Barbosa. O departamento do BC informa que ainda avalia a durabilidade do plástico e que não anteciparia resultados já apurados para evitar "qualquer influência sobre a pesquisa".
O Brasil tem atualmente em circulação 140 milhões de cédulas de plástico de R$ 10. O mercado para cédulas de plástico seria as notas de R$ 1. Por ano, o Banco Central destrói entre 300 milhões a 400 milhões de notas deste valor. Em 2003, foram destruídas 406 milhões e este ano a quantidade é de 172 milhões de cédulas destruídas. No total, dos 2,6 bilhões de cédulas de todos os valores que circulam na economia brasileira, 954 milhões são formadas por notas de R$ 1.
Diferenças de preço
A diferença de preço entre as cédulas de plástico e de papel era grande, chegava a 70% em 2000 quando se fez a primeira encomenda. As notas de R$ 10 de plástico, lançadas como teste na comemoração dos 500 anos do Descobrimento, em 2000, custavam R$ 0,10 cada, enquanto as de papel custavam R$ 0,06. Hoje, a de papel custa R$ 0,10 e a de plástico não tem valor atualizado.
A ameaça da indústria australiana provocou reação dos fabricantes de papel. A ArjoWiggins, controladora da Indústria de Papel de Salto, a única fabricante de papel fiduciário no País, apresentou ao Banco Central um novo papel de alta durabilidade. Não foi a única. Outras fabricantes de papel- moeda têm feito ofertas semelhantes. A estratégia agora é conseguir, recorrendo às novas tecnologias, equilibrar a disputa.
Michel Jacques Giordani, CEO da ArjoWiggins na América Latina, diz que o Brasil pode ser base de produção de uma nova geração de papel com melhor performance. A empresa apresentou ao BC o "Diamone", "longevidade" em grego, com a garantia de que a tecnologia colocada neste novo papel reduz a absorção de sujeira. O resultado é um papel que tem o dobro da durabilidade, embora com um custo 20% superior ao atual.
Atualmente, o valor médio por quilo de papel-moeda está em aproximadamente US$ 8. Giordani afirma que a opção do Banco Central por este novo tipo de papel geraria um investimento entre US$ 1 milhão e US$ 4 milhões na fábrica de Salto, que hoje tem uma capacidade para produção de 3,6 mil toneladas de papel- moeda, o que é superior à demanda atual. "Não vejo espaço no Brasil para uma nova unidade industrial para este mercado. No mundo, há mais capacidade industrial do que demanda", diz o principal executivo ArjoWiggins na América Latina.
Somente o Brasil consome para a produção de 1,2 bilhão de cédulas por ano o equivalente a 1,2 mil tonelada. A ArjoWiggins detém ainda 50% do mercado latino americano, o que equivale também a 1,2 mil toneladas. Excluídos o Brasil e a América Central, a América Latina tem uma demanda anual de aproximadamente 2,4 bilhões de cédulas novas. No total, a receita anual da empresa na América Latina está próxima de US$ 30 milhões.
"Produzimos papel-moeda há 25 anos no Brasil. Consideramos saudável a disputa e as análises feitas pelo BC. Mas a substituição parcial ou total do papel pelo plástico para a produção de cédulas gerará um desinvestimento no Brasil. Reduziríamos a produção e o nosso quadro de empregados", garante Giordani.
A unidade industrial de Salto emprega 350 funcionários e fatura cerca de R$ 180 milhões por ano no Brasil. Setenta por cento das receitas derivam do chamado mercado de papel de segurança em que estão incluídos o papel-moeda e outras aplicações, como passaporte. Em 2003, foram apreendidas no Brasil 534 mil cédulas, sendo que 3 mil eram de plástico. Isso não significa falhas do papel-moeda, mas, segundo o BC, o predomínio de cédulas com este tipo de material.
O dinheiro brasileiro incorpora vários elementos de segurança, como a filigrana (marca d'água), fibras especiais, micro-impressões e tarjas holográficas, estas usadas em notas de R$ 20. O Banco Central vai recorrer a opiniões de vários bancos centrais sobre as opções disponíveis. Por enquanto, há indicações para uma opção mista entre papel e plástico.
Isso pode garantir a redução de custos na produção de dinheiro, que neste ano consumirá R$ 254,9 milhões para cédulas e moedas. Dependendo da solução, surgirá outro problema: o que fazer da unidade de Salto, que produz papel-moeda há 25 anos e está em operação desde 1889, quando introduziu a produção de papel no Brasil.
Fonte: Gazeta Mercantil – 12/07/2004
Neste momento, uma guerra comercial é travada entre fabricantes de papel fiduciário e da indústria australiana que detém a tecnologia do substrato de polímero. O setor disputa um mercado de 1,2 bilhão de cédulas por ano, o maior mercado entre os países da América Latina. Uma demanda que levará o Banco Central brasileiro a gastar este ano, segundo previsão, R$ 128,2 milhões, ou seja, R$ 24,2 milhões a mais que no ano passado.
De um lado, está a australiana Securency Pty Ltd. com a oferta do substrato de polímero, base das notas de R$ 10 que entraram em circulação para teste em 2000. Do outro, a ArjoWiggins, empresa de origem francesa, que há 25 anos produz no município de Salto, no interior de São Paulo, o papel moeda utilizado para impressão das notas na Casa da Moeda.
A recomendação do Departamento do Meio Circulante à direção do Banco Central ocorrerá depois de concluída uma pesquisa que ocorrerá nos próximos dois meses. O levantamento consistirá na coleta de opiniões de três fontes diferentes, que incluem: pessoas comuns, profissionais que manipulam dinheiro (em bancos ou em transportadoras de valor) e o setor varejista, onde as notas circulam.
A decisão sobre a utilização do papel e do plástico como fonte para produção do dinheiro dependerá de alguns fatores que formarão a avaliação técnica definitiva que balizará a decisão final do Conselho Monetário Nacional (CMN). O resultado da pesquisa terá peso, mas outros aspectos terão influência na decisão, como a prerrogativa de assegurar ao Brasil base de produção da matéria-prima, o substrato de polímero.
A Securency Pty já anunciou que tem disposição para instalar uma fábrica no Brasil. O Departamento do Meio Circulante afirma que está será a condição. "Temos uma base de 2,6 bilhões de cédulas. Não podemos ficar na dependência de importações de uma fábrica que está na Oceania", afirma Barbosa, do BC.
O Brasil já é auto-suficiente na produção de papel-moeda. A unidade da cidade de Salto, interior de São Paulo, não só fornece todo o papel necessário ao País, como é base de exportação para toda a América Latina. Metade do mercado de cédulas da região, excluída a América Central, é atendida pela unidade, em São Paulo.
Segundo Barbosa, a divisão do mercado entre papel-moeda e substrato de polímero pode ocorrer a partir da separação entre cédulas de grande e pequena circulação. No caso das notas de um real, se poderia optar pelo dinheiro de plástico. As notas de valor superior seriam produzidas a partir do papel-moeda.
O fundamento para esta decisão está na promessa de que as cédulas impressas sobre o substrato do polímero têm durabilidade maior. A duração deste seria de 49 meses, cerca de quatro vezes mais que o dinheiro de papel. Mas a relação entre papel e plástico não é mais esta, por força da ação do BC.
O Departamento do Meio Circulante elevou a vida útil das cédulas de papel - dos antigos 11 a 14 meses para entre 18 e 22 meses. "Novas avaliações indicam que o papel tem maior durabilidade e isso tem relação direta nas comparações que se faz dos dois materiais", afirma Barbosa. O departamento do BC informa que ainda avalia a durabilidade do plástico e que não anteciparia resultados já apurados para evitar "qualquer influência sobre a pesquisa".
O Brasil tem atualmente em circulação 140 milhões de cédulas de plástico de R$ 10. O mercado para cédulas de plástico seria as notas de R$ 1. Por ano, o Banco Central destrói entre 300 milhões a 400 milhões de notas deste valor. Em 2003, foram destruídas 406 milhões e este ano a quantidade é de 172 milhões de cédulas destruídas. No total, dos 2,6 bilhões de cédulas de todos os valores que circulam na economia brasileira, 954 milhões são formadas por notas de R$ 1.
Diferenças de preço
A diferença de preço entre as cédulas de plástico e de papel era grande, chegava a 70% em 2000 quando se fez a primeira encomenda. As notas de R$ 10 de plástico, lançadas como teste na comemoração dos 500 anos do Descobrimento, em 2000, custavam R$ 0,10 cada, enquanto as de papel custavam R$ 0,06. Hoje, a de papel custa R$ 0,10 e a de plástico não tem valor atualizado.
A ameaça da indústria australiana provocou reação dos fabricantes de papel. A ArjoWiggins, controladora da Indústria de Papel de Salto, a única fabricante de papel fiduciário no País, apresentou ao Banco Central um novo papel de alta durabilidade. Não foi a única. Outras fabricantes de papel- moeda têm feito ofertas semelhantes. A estratégia agora é conseguir, recorrendo às novas tecnologias, equilibrar a disputa.
Michel Jacques Giordani, CEO da ArjoWiggins na América Latina, diz que o Brasil pode ser base de produção de uma nova geração de papel com melhor performance. A empresa apresentou ao BC o "Diamone", "longevidade" em grego, com a garantia de que a tecnologia colocada neste novo papel reduz a absorção de sujeira. O resultado é um papel que tem o dobro da durabilidade, embora com um custo 20% superior ao atual.
Atualmente, o valor médio por quilo de papel-moeda está em aproximadamente US$ 8. Giordani afirma que a opção do Banco Central por este novo tipo de papel geraria um investimento entre US$ 1 milhão e US$ 4 milhões na fábrica de Salto, que hoje tem uma capacidade para produção de 3,6 mil toneladas de papel- moeda, o que é superior à demanda atual. "Não vejo espaço no Brasil para uma nova unidade industrial para este mercado. No mundo, há mais capacidade industrial do que demanda", diz o principal executivo ArjoWiggins na América Latina.
Somente o Brasil consome para a produção de 1,2 bilhão de cédulas por ano o equivalente a 1,2 mil tonelada. A ArjoWiggins detém ainda 50% do mercado latino americano, o que equivale também a 1,2 mil toneladas. Excluídos o Brasil e a América Central, a América Latina tem uma demanda anual de aproximadamente 2,4 bilhões de cédulas novas. No total, a receita anual da empresa na América Latina está próxima de US$ 30 milhões.
"Produzimos papel-moeda há 25 anos no Brasil. Consideramos saudável a disputa e as análises feitas pelo BC. Mas a substituição parcial ou total do papel pelo plástico para a produção de cédulas gerará um desinvestimento no Brasil. Reduziríamos a produção e o nosso quadro de empregados", garante Giordani.
A unidade industrial de Salto emprega 350 funcionários e fatura cerca de R$ 180 milhões por ano no Brasil. Setenta por cento das receitas derivam do chamado mercado de papel de segurança em que estão incluídos o papel-moeda e outras aplicações, como passaporte. Em 2003, foram apreendidas no Brasil 534 mil cédulas, sendo que 3 mil eram de plástico. Isso não significa falhas do papel-moeda, mas, segundo o BC, o predomínio de cédulas com este tipo de material.
O dinheiro brasileiro incorpora vários elementos de segurança, como a filigrana (marca d'água), fibras especiais, micro-impressões e tarjas holográficas, estas usadas em notas de R$ 20. O Banco Central vai recorrer a opiniões de vários bancos centrais sobre as opções disponíveis. Por enquanto, há indicações para uma opção mista entre papel e plástico.
Isso pode garantir a redução de custos na produção de dinheiro, que neste ano consumirá R$ 254,9 milhões para cédulas e moedas. Dependendo da solução, surgirá outro problema: o que fazer da unidade de Salto, que produz papel-moeda há 25 anos e está em operação desde 1889, quando introduziu a produção de papel no Brasil.
Fonte: Gazeta Mercantil – 12/07/2004
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