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Notícias
09
dez
2010
(MANEJO)
Cacau nativo supera o cultivado
* Ecio Rodrigues
Quanto ao sabor não há dúvidas. O cacau nativo produz um chocolate mais saboroso que o cultivado. Mas as vantagens da produção do cacau nativo não param por aí. É o que demonstrou o projeto de manejo florestal do cacau nativo do Purus.
Desde sua idealização o projeto apresentou um diferencial importante: sua demanda partiu de fora do ambiente acadêmico. Com um desafio concreto a ser superado, os extrativistas da Cooperar, cooperativa que desenvolve trabalho de organização da produção extrativista no médio Purus, procuraram a universidade, em especial o curso de engenharia florestal, para que juntos pudessem elevar a sua produção de sementes secas de cacau das, anualmente repetidas, 9 toneladas para 40 toneladas.
Claro que a usual opção seria sugerir a domesticação do cacau nativo em plantios, com uma espécie, o que ampliaria a produtividade além de localizá-la em um determinado ponto do rio, o que, por sua vez, reduziria os custos associados à logística.
Uma idéia, em princípio eficiente, que, todavia, encontrou três barreiras cruciais: a social, a ecológica e a econômica. Ocorre que a domesticação possibilitaria atender a demanda pelas 40 toneladas com um plantio localizado, o mais próximo de Boca do Acre, município de embarque para exportação. A tendência seria envolver alguns poucos produtores que passariam de pequenos a médios, no decorrer dos ciclos de comercialização do cacau.
A domesticação também traria de volta o fantasma da vassoura de bruxa, doença fatal que não poupa os cultivos de cacau, a tendência seria de alastramento da doença tendo em vista que seu controle é complicado.
Finalmente a domesticação também traria a tendência do esforço no melhoramento vegetal, que faz com que se obtenha pés de cacau que produzam quantidades cada vez maiores de frutos. A tendência, nesse caso, seria de perda de sabor como ocorre em cultivos realizados em outras regiões.
A negação da domesticação e a opção pelo manejo florestal do cacau nativo foi o que levou à execução do projeto transformando-o em um grande desafio para a engenharia florestal amazônida.
Acontece que, ao contrário da domesticação, o manejo do cacau nativo envolve, por sua capilaridade ao longo da margem do Purus, um enorme contingente de pequenos produtores familiares. Nos povoamentos de cacau nativo a vassoura de bruxa não entra, pois existem os inimigos naturais do causador da doença que impedem sua proliferação.
Por fim o mercado comprador, não abria mão do sabor selvagem do cacau nativo, um mercado exigente e que paga mais caro pelo chocolate de sabor primitivo.
O projeto propiciou, como principal resultado a constatação, que a inovação tecnológica oriunda da aplicação do manejo florestal comunitário, por meio de um amplo programa de extensão florestal, pode quadruplicar a produção de cacau nativo, atendendo a demanda do mercado, exigindo, contudo, a elaboração de um conjunto de protocolos de manejo a serem executados em cada safra.
O projeto proporcionou a produção de seis estudos pioneiros, que subsidiaram a elaboração do Plano de Manejo Florestal, atendendo tanto a demanda por informação existente na academia quanto à demanda dos associados da Cooperar por respostas para o gerenciamento da produção de cacau.
Talvez por essa razão o projeto reuniu um curioso e frutífero leque de parcerias institucionais, que envolveu além da Universidade Federal do Acre, a Unesp, Universidade de Viçosa, Universidade de Freiburg, Agência de Cooperação alemã (GTZ), a empresa de chocolates Hachez e, acima de tudo, os manejadores de cacau nativo associados à Cooperar, principal razão para investimento no projeto.
* Professor da Universidade Federal do Acre (Ufac), Engenheiro Florestal, Especialista em Manejo Florestal e Mestre em Economia e Política Florestal pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Doutor em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília (UnB).
Quanto ao sabor não há dúvidas. O cacau nativo produz um chocolate mais saboroso que o cultivado. Mas as vantagens da produção do cacau nativo não param por aí. É o que demonstrou o projeto de manejo florestal do cacau nativo do Purus.
Desde sua idealização o projeto apresentou um diferencial importante: sua demanda partiu de fora do ambiente acadêmico. Com um desafio concreto a ser superado, os extrativistas da Cooperar, cooperativa que desenvolve trabalho de organização da produção extrativista no médio Purus, procuraram a universidade, em especial o curso de engenharia florestal, para que juntos pudessem elevar a sua produção de sementes secas de cacau das, anualmente repetidas, 9 toneladas para 40 toneladas.
Claro que a usual opção seria sugerir a domesticação do cacau nativo em plantios, com uma espécie, o que ampliaria a produtividade além de localizá-la em um determinado ponto do rio, o que, por sua vez, reduziria os custos associados à logística.
Uma idéia, em princípio eficiente, que, todavia, encontrou três barreiras cruciais: a social, a ecológica e a econômica. Ocorre que a domesticação possibilitaria atender a demanda pelas 40 toneladas com um plantio localizado, o mais próximo de Boca do Acre, município de embarque para exportação. A tendência seria envolver alguns poucos produtores que passariam de pequenos a médios, no decorrer dos ciclos de comercialização do cacau.
A domesticação também traria de volta o fantasma da vassoura de bruxa, doença fatal que não poupa os cultivos de cacau, a tendência seria de alastramento da doença tendo em vista que seu controle é complicado.
Finalmente a domesticação também traria a tendência do esforço no melhoramento vegetal, que faz com que se obtenha pés de cacau que produzam quantidades cada vez maiores de frutos. A tendência, nesse caso, seria de perda de sabor como ocorre em cultivos realizados em outras regiões.
A negação da domesticação e a opção pelo manejo florestal do cacau nativo foi o que levou à execução do projeto transformando-o em um grande desafio para a engenharia florestal amazônida.
Acontece que, ao contrário da domesticação, o manejo do cacau nativo envolve, por sua capilaridade ao longo da margem do Purus, um enorme contingente de pequenos produtores familiares. Nos povoamentos de cacau nativo a vassoura de bruxa não entra, pois existem os inimigos naturais do causador da doença que impedem sua proliferação.
Por fim o mercado comprador, não abria mão do sabor selvagem do cacau nativo, um mercado exigente e que paga mais caro pelo chocolate de sabor primitivo.
O projeto propiciou, como principal resultado a constatação, que a inovação tecnológica oriunda da aplicação do manejo florestal comunitário, por meio de um amplo programa de extensão florestal, pode quadruplicar a produção de cacau nativo, atendendo a demanda do mercado, exigindo, contudo, a elaboração de um conjunto de protocolos de manejo a serem executados em cada safra.
O projeto proporcionou a produção de seis estudos pioneiros, que subsidiaram a elaboração do Plano de Manejo Florestal, atendendo tanto a demanda por informação existente na academia quanto à demanda dos associados da Cooperar por respostas para o gerenciamento da produção de cacau.
Talvez por essa razão o projeto reuniu um curioso e frutífero leque de parcerias institucionais, que envolveu além da Universidade Federal do Acre, a Unesp, Universidade de Viçosa, Universidade de Freiburg, Agência de Cooperação alemã (GTZ), a empresa de chocolates Hachez e, acima de tudo, os manejadores de cacau nativo associados à Cooperar, principal razão para investimento no projeto.
* Professor da Universidade Federal do Acre (Ufac), Engenheiro Florestal, Especialista em Manejo Florestal e Mestre em Economia e Política Florestal pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Doutor em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília (UnB).
Fonte: Ecio Rodrigues
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