Voltar
Notícias
29
nov
2010
(SETOR FLORESTAL)
Agricultores apostam no eucalipto
O eucalipto já ocupa 5% da área total de cinco municípios da região: Três Lagoas, Selvíria, Brasilândia, Ribas do Rio Pardo e Água Clara. O negócio gerou mais de três mil novos empregos na região.
“Faz seis meses que eu trabalho com eucalipto. Antes, eu trabalhava na roça. Eu mudei porque aqui paga melhor”, disse o plantador Edgar Oliveira.
“Eu trabalhava na pastelaria antes. Daí, surgiu a oportunidade de trabalhar aqui. Eu vim e gostei. Na pastelaria tinha de lidar com pessoas. Aqui, a gente trabalha ao ar livre, com as mudinhas. Eu gostei”, comparou Carla dos Santos, funcionária do viveiro.
O secretário de Desenvolvimento Econômico de Três Lagoas, Marco Garcia, conta que a chegada do eucalipto fez cair a taxa de desemprego do município de 23% para 3% e que isto está mudando o perfil da cidade.
“Nós temos um comércio hoje em Três Lagoas em grande expansão. O comércio hoje local absorve quase diariamente já devido a esse impacto da indústria”, disse Garcia.
Hoje, Mato Grosso do Sul já tem 330 mil hectares plantados com eucalipto. O governo do estado espera que esse número cresça sem avançar demais sobre as áreas de pecuária, que é a tradição na regia.
“Essa região engloba praticamente 10 milhões de hectares. Então, a gente acha que por mais que essa área triplique, a quantidade de área de pastagem continuará superior”, falo Garcia.
As projeções do governo são baseadas na previsão de novos investimentos no setor. Um deles é a construção de outra indústria de celulose ainda maior que a Fibria: a Eldorado.
A obra está em fase inicial. A fábrica só deve ficar pronta em 2012. Quando entrar em operação, terá capacidade para produzir 1,5 milhão de toneladas de celulose por ano.
Por enquanto, a empresa, que tem capital 100% nacional, está trabalhando na implantação dos cultivos de eucalipto que vão abastecer a indústria. O viveiro produz as mudas para os novos plantios.
O agrônomo José de Souza é o diretor de operações florestais. “O nosso plano de negócio contempla plantar 210 mil hectares em sete anos, plantando 30 mil hectares por ano”, disse.
Será que tanto eucalipto não pode trazer problemas para o meio ambiente? Para responder a questão o Globo Rural foi conversar com a bióloga Délia Javorka, chefe do escritório regional do Imasul, Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul, órgão do governo que responde pela parte ambiental.
“Hoje, temos na literatura alguns estudos que demonstram que a silvicultura vem de alguma maneira trazer benefícios para a questão ambiental. Na medida em que a atividade não tem a presença do homem constantemente, com máquinas, começa novamente a se criar os ambientes propícios e os animais começam a frequentar aquelas áreas com mais frequência. Não são só mamíferos, mas pássaros e outros animais”, explicou Délia.
Para conseguir o licenciamento ambiental, autorização exigida pelo governo do estado para plantar eucalipto, o agricultor tem que estar em dia com o meio ambiente. Ter a reserva legal correspondente a 20% da fazenda e respeitar as Áreas de Proteção Permanente.
“Se não tiver tudo direitinho para poder plantar eucalipto, vai ter que arrumar”, lembrou Délia.
Muita gente teve de acertar contas com o meio ambiente para entrar no novo negócio. As empresas estão arrendando terras ou fazendo contratos de parceria com agricultores da região para acomodar suas florestas.
A Eldorado pretende plantar apenas 30% do eucalipto em terras próprias. Na Fibria cerca de 40% dos plantios estão em áreas particulares. São fazendas como a que tem mais de 2,3 mil hectares e que pertence à família do agricultor Sílvio Miúra. Tradicionais criadores de gado, em 2005 eles decidiram apostar no eucalipto.
“O preço do gado não estava bom. O eucalipto estava dando uma rentabilidade maior por hectare. Nós arrendamos cerca de 1,75 mil hectares. A gente pensou mais na diversificação. A gente continua com gado e nessa fazenda a gente definiu a parceria”, justificou Miúra.
A fazenda tinha reserva de mata nativa, mas não do tamanho que a lei exige. “Nós tínhamos em torno de 250 hectares de reserva. A reserva é em torno de 500 hectares”, disse Miúra.
Para regularizar a propriedade a própria empresa fez um projeto, cercou e isolou os 250 hectares que faltavam, onde agora a vegetação nativa pode se recuperar.
Para plantar o eucalipto a empresa fez um contrato de parceria com a família Miúra. Nele o agricultor fica com um valor correspondente a 35% de toda a madeira colhida na propriedade.
“Eles fazem um adiantamento anual. Fazem uma estimativa de produção e adiantam por ano. Eles estão pagando hoje por hectare por volta de R$ 350. Na média, eucalipto dá umas três vezes mais em relação à pecuária”, comparou Miúra.
O pecuarista Nelson Bento também decidiu diversificar suas atividades. Ele foi um dos primeiros a fechar negócio com a empresa e optou por arrendar 770 hectares para o plantio de eucalipto. Tanto no arrendamento como na parceria é a empresa que se responsabiliza por todas as operações, do plantio à colheita.
“Se por acaso tiver invasão de fogo, tem que imediatamente ligar para a firma. É só essa minha responsabilidade”, disse Bento.
Hilário Pistori é outro agricultor que está apostando no novo negócio. Ele dono da fazenda onde, por quatro décadas, trabalhou com gado de leite e de corte. Ele foi mais ousado na hora de fechar negócio com a empresa. Dos 848 hectares da propriedade, apenas dois não foram arrendados para o eucalipto.
“Eu trabalhava a vida toda. Chegava no final do mês, não tinha para mim. Era para pagar contas. Eu só trabalhava no vermelho. Então, surgiu essa maravilha, que foi o eucalipto. Para mim, foi uma maravilha. Então, eu resolvi partir para o eucalipto. Eu recebo líquido pouco mais de R$ 18 mil por mês, já descontado o imposto de renda. Eles pagam tudo e não tem despesa”, revelou seu Hilário.
É bom lembrar que dos 846 hectares arrendados para a empresa, vinte por cento foram destinados à reserva legal de mata nativa. Nos dois hectares que seu Hilário manteve, o filho dele, Marcos Pistori, resolveu começar outro negócio: a criação de frango caipira.
“Há muitos anos assisti no Globo Rural uma reportagem explicando como se criava o frango caipira. E eu comecei com aquela ideia. Comecei a vender para um e para outro. No fim, começou o negócio. Hoje, eu vendo 350 frangos por mês”, esclareceu Marcos.
O gado também não sumiu da propriedade. A fazenda é cortada por uma rede de alta tensão. Ao redor não se pode plantar eucalipto. Por isso, a empresa permitiu que a família usasse a área para criar gado de leite.
“Debaixo da rede estamos colocando uma média de 25 a 30 vacas leiteiras. Mas nós tivemos a possibilidade e conversamos com a empresa. A empresa falou que poderíamos e que faríamos um contrato. E comecei a comprar mais gado e estou soltando dentro do eucalipto. Após dois anos, já pode fazer isso. São umas 80 que já está dando para criar”, contou Marcos.
Se comparado à pecuária, o eucalipto ainda é novidade pela região. Não dá para prever o que vai acontecer nos próximos anos. Mas, por enquanto, quem decidiu apostar nesse negócio, está satisfeito com o resultado.
“Eu estou despreocupado. Se a firma quebrar, eu quebro junto. Mas uma firma como esta não quebra muito fácil”, concluiu seu Hilário.
“Faz seis meses que eu trabalho com eucalipto. Antes, eu trabalhava na roça. Eu mudei porque aqui paga melhor”, disse o plantador Edgar Oliveira.
“Eu trabalhava na pastelaria antes. Daí, surgiu a oportunidade de trabalhar aqui. Eu vim e gostei. Na pastelaria tinha de lidar com pessoas. Aqui, a gente trabalha ao ar livre, com as mudinhas. Eu gostei”, comparou Carla dos Santos, funcionária do viveiro.
O secretário de Desenvolvimento Econômico de Três Lagoas, Marco Garcia, conta que a chegada do eucalipto fez cair a taxa de desemprego do município de 23% para 3% e que isto está mudando o perfil da cidade.
“Nós temos um comércio hoje em Três Lagoas em grande expansão. O comércio hoje local absorve quase diariamente já devido a esse impacto da indústria”, disse Garcia.
Hoje, Mato Grosso do Sul já tem 330 mil hectares plantados com eucalipto. O governo do estado espera que esse número cresça sem avançar demais sobre as áreas de pecuária, que é a tradição na regia.
“Essa região engloba praticamente 10 milhões de hectares. Então, a gente acha que por mais que essa área triplique, a quantidade de área de pastagem continuará superior”, falo Garcia.
As projeções do governo são baseadas na previsão de novos investimentos no setor. Um deles é a construção de outra indústria de celulose ainda maior que a Fibria: a Eldorado.
A obra está em fase inicial. A fábrica só deve ficar pronta em 2012. Quando entrar em operação, terá capacidade para produzir 1,5 milhão de toneladas de celulose por ano.
Por enquanto, a empresa, que tem capital 100% nacional, está trabalhando na implantação dos cultivos de eucalipto que vão abastecer a indústria. O viveiro produz as mudas para os novos plantios.
O agrônomo José de Souza é o diretor de operações florestais. “O nosso plano de negócio contempla plantar 210 mil hectares em sete anos, plantando 30 mil hectares por ano”, disse.
Será que tanto eucalipto não pode trazer problemas para o meio ambiente? Para responder a questão o Globo Rural foi conversar com a bióloga Délia Javorka, chefe do escritório regional do Imasul, Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul, órgão do governo que responde pela parte ambiental.
“Hoje, temos na literatura alguns estudos que demonstram que a silvicultura vem de alguma maneira trazer benefícios para a questão ambiental. Na medida em que a atividade não tem a presença do homem constantemente, com máquinas, começa novamente a se criar os ambientes propícios e os animais começam a frequentar aquelas áreas com mais frequência. Não são só mamíferos, mas pássaros e outros animais”, explicou Délia.
Para conseguir o licenciamento ambiental, autorização exigida pelo governo do estado para plantar eucalipto, o agricultor tem que estar em dia com o meio ambiente. Ter a reserva legal correspondente a 20% da fazenda e respeitar as Áreas de Proteção Permanente.
“Se não tiver tudo direitinho para poder plantar eucalipto, vai ter que arrumar”, lembrou Délia.
Muita gente teve de acertar contas com o meio ambiente para entrar no novo negócio. As empresas estão arrendando terras ou fazendo contratos de parceria com agricultores da região para acomodar suas florestas.
A Eldorado pretende plantar apenas 30% do eucalipto em terras próprias. Na Fibria cerca de 40% dos plantios estão em áreas particulares. São fazendas como a que tem mais de 2,3 mil hectares e que pertence à família do agricultor Sílvio Miúra. Tradicionais criadores de gado, em 2005 eles decidiram apostar no eucalipto.
“O preço do gado não estava bom. O eucalipto estava dando uma rentabilidade maior por hectare. Nós arrendamos cerca de 1,75 mil hectares. A gente pensou mais na diversificação. A gente continua com gado e nessa fazenda a gente definiu a parceria”, justificou Miúra.
A fazenda tinha reserva de mata nativa, mas não do tamanho que a lei exige. “Nós tínhamos em torno de 250 hectares de reserva. A reserva é em torno de 500 hectares”, disse Miúra.
Para regularizar a propriedade a própria empresa fez um projeto, cercou e isolou os 250 hectares que faltavam, onde agora a vegetação nativa pode se recuperar.
Para plantar o eucalipto a empresa fez um contrato de parceria com a família Miúra. Nele o agricultor fica com um valor correspondente a 35% de toda a madeira colhida na propriedade.
“Eles fazem um adiantamento anual. Fazem uma estimativa de produção e adiantam por ano. Eles estão pagando hoje por hectare por volta de R$ 350. Na média, eucalipto dá umas três vezes mais em relação à pecuária”, comparou Miúra.
O pecuarista Nelson Bento também decidiu diversificar suas atividades. Ele foi um dos primeiros a fechar negócio com a empresa e optou por arrendar 770 hectares para o plantio de eucalipto. Tanto no arrendamento como na parceria é a empresa que se responsabiliza por todas as operações, do plantio à colheita.
“Se por acaso tiver invasão de fogo, tem que imediatamente ligar para a firma. É só essa minha responsabilidade”, disse Bento.
Hilário Pistori é outro agricultor que está apostando no novo negócio. Ele dono da fazenda onde, por quatro décadas, trabalhou com gado de leite e de corte. Ele foi mais ousado na hora de fechar negócio com a empresa. Dos 848 hectares da propriedade, apenas dois não foram arrendados para o eucalipto.
“Eu trabalhava a vida toda. Chegava no final do mês, não tinha para mim. Era para pagar contas. Eu só trabalhava no vermelho. Então, surgiu essa maravilha, que foi o eucalipto. Para mim, foi uma maravilha. Então, eu resolvi partir para o eucalipto. Eu recebo líquido pouco mais de R$ 18 mil por mês, já descontado o imposto de renda. Eles pagam tudo e não tem despesa”, revelou seu Hilário.
É bom lembrar que dos 846 hectares arrendados para a empresa, vinte por cento foram destinados à reserva legal de mata nativa. Nos dois hectares que seu Hilário manteve, o filho dele, Marcos Pistori, resolveu começar outro negócio: a criação de frango caipira.
“Há muitos anos assisti no Globo Rural uma reportagem explicando como se criava o frango caipira. E eu comecei com aquela ideia. Comecei a vender para um e para outro. No fim, começou o negócio. Hoje, eu vendo 350 frangos por mês”, esclareceu Marcos.
O gado também não sumiu da propriedade. A fazenda é cortada por uma rede de alta tensão. Ao redor não se pode plantar eucalipto. Por isso, a empresa permitiu que a família usasse a área para criar gado de leite.
“Debaixo da rede estamos colocando uma média de 25 a 30 vacas leiteiras. Mas nós tivemos a possibilidade e conversamos com a empresa. A empresa falou que poderíamos e que faríamos um contrato. E comecei a comprar mais gado e estou soltando dentro do eucalipto. Após dois anos, já pode fazer isso. São umas 80 que já está dando para criar”, contou Marcos.
Se comparado à pecuária, o eucalipto ainda é novidade pela região. Não dá para prever o que vai acontecer nos próximos anos. Mas, por enquanto, quem decidiu apostar nesse negócio, está satisfeito com o resultado.
“Eu estou despreocupado. Se a firma quebrar, eu quebro junto. Mas uma firma como esta não quebra muito fácil”, concluiu seu Hilário.
Fonte: Globo Rural
Notícias em destaque
Pinheiro-americano ameaça biodiversidade e recursos hídricos na Serra do Cipó
Pesquisadores da UFMG alertam para o avanço de espécie invasora que aumenta risco de incêndios e prejudica a...
(GERAL)
Com estrutura totalmente de madeira encaixada, ponte histórica atravessa um rio sem usar aço, concreto, pregos ou qualquer argamassa
Com estrutura totalmente de madeira encaixada, cinco arcos consecutivos e quase 200 metros de extensão, esta ponte histórica...
(MADEIRA E PRODUTOS)
Erva-mate fatura mais de R$ 1 bi e pode ter novo ciclo de crescimento no Paraná
Estado pretende implantar ações voltadas à rastreabilidade e ao padrão de qualidade do produto
A erva-mate...
(AGRO)
As incertezas continuam a influenciar as previsões para a indústria de processamento de madeira em 2026
Após enfrentarem tempestades de incerteza em 2025, alguns vislumbram mais desafios pela frente, enquanto outros se mostram...
(INTERNACIONAL)
Tecnologias de construção em madeira mostram como esse material chegou a um novo nível
Veja como as tecnologias de construção em madeira unem inovação, velocidade de obra e soluções que...
(TECNOLOGIA)
De 2 para 15 anos de vida útil: entenda a “mágica” do vácuo e pressão que injeta Cobre e Arsênio na madeira
De 2 para 15 anos de vida útil: entenda a “mágica” do vácuo e pressão que injeta Cobre e Arsênio na...
(TECNOLOGIA)














