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Notícias
03
out
2010
(MEIO AMBIENTE)
Brasil exporta sistema de monitoramento florestal para países tropicais
Apesar do desmatamento da Amazônia ser motivo de vergonha, também nos dá um motivo para nos orgulhar, se visto do ponto de vista tecnológico. É que o Brasil é o único País no mundo que realiza o monitoramento de modo sistemático de suas florestas, via satélite. Uma experiência de mais de 20 anos que o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), agora, quer exportar para outros países tropicais.
Com as parcerias da Jaica (Agência de Cooperação Internacional do Japão), a Otca (Organização do Tratado de Cooperação Amazônica) e a Fao (Fundação das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), o Inpe vai capacitar cerca de 350 técnicos em sensoriamento remoto nos próximos três anos. Pessoas da África e da América do Sul, serão treinados para trabalhar com o TerraAmazon, sistema gratuito de monitoramento de florestas desenvolvido pelo instituto, igual ao usado na Amazônia brasileira. “O objetivo é que cada país seja auto-suficiente para monitorar suas florestas”, diz Claudio Almeida, chefe do recém-inaugurado Centro Regional da Amazônia (CRA) do Inpe, em Belém, no Pará, onde serão ministrados os cursos. “As agências internacionais entram com o dinheiro e nós, com a tecnologia e o conhecimento”, explica.
O primeiro curso, com duração de duas semanas, começará no fim deste mês, com 12 técnicos vindos da Guatemala, Peru, Equador e Colômbia. As aulas serão dadas em espanhol, inglês e francês, dependendo do país de origem dos participantes. O software é o mesmo para todos – o TerraAmazon –, mas o sistema não é 100% automatizado. Os métodos de processamento e interpretação das imagens variam de acordo com o tipo de cobertura vegetal e com os padrões de ocupação do terreno.“As pessoas acham que é só jogar a imagem do satélite no computador e o software calcula tudo sozinho, mas é muito mais complexo do que isso”, explica Almeida. O software, sozinho, segundo ele, funciona como um corretor de textos que avisa se uma palavra está errada, mas não consegue dar sentido às frases. “O resultado depende muito da experiência do técnico, que precisa ser capaz de interpretar o que aparece nas imagens. É um conhecimento que não dá para embutir na máquina".
O Inpe, ligado ao Ministério de Ciência e Tecnologia, tem monitorado o desmatamento da Amazônia brasileira desde 1988. As taxas anuais de desmate são calculadas pelo programa Prodes, baseado em imagens do satélite Landsat-5, de alta resolução. Desde 2004, o instituto opera também outro programa, chamado Deter, com base em imagens do Modis, um dos sensores do satélite Terra. Essas imagens têm menor resolução, mas o satélite passa sobre um mesmo local com mais frequência do que o Landsat – a cada dois dias, em vez de 16. Nesse caso, o objetivo não é produzir cálculos precisos de área derrubada, mas identificar em “tempo real” áreas onde há desmatamento em curso. Enquanto o Prodes produz só um relatório por ano, de alta precisão, o Deter produz boletins quinzenais que são enviados ao Ibama para orientar as ações de fiscalização no campo. Na prática, o Prodes registra o que já aconteceu, enquanto o Deter registra o que está acontecendo – a tempo de se fazer alguma coisa a respeito.
Motosserra na mão
“O que nos orienta agora são os olhos no céu”, diz o coordenador geral de Monitoramento Ambiental do Ibama, George Porto Ferreira. “Quando só havia o Prodes, a gente agia sobre um fato que já tinha acontecido. Não impedíamos a floresta de cair, só chegávamos para assinar o atestado de óbito.”Desde que o Deter começou a funcionar, segundo ele, os flagrantes tornaram-se frequentes. “Chegamos lá e pegamos os caras com a motosserra na mão.”O número de multas aplicadas pelo Ibama na Amazônia em 2009 (6.152) foi até um pouco menor do que o de 2004 (6.292), mas o valor acumulado de autuações cresceu quatro vezes, de R$ 616 milhões para R$ 2,5 bilhões. Segundo Ferreira, isso ocorreu porque o Deter permitiu aos fiscais focar os flagrantes sobre grandes desmatamentos, sem perder tempo com denúncias falsas e fiscalizações aleatórias.
Outro sistema voltado para ações preventivas, o Degrad, lançado em 2008, utiliza as mesmas imagens do Prodes, só que processadas de uma forma diferente, para identificar áreas onde a floresta está sendo degradada. Por exemplo, pela derrubada de madeiras nobres e abertura de estradas clandestinas – processos que costumam preceder a derrubada total da floresta. Somados, os números desses três sistemas não apenas registram como influenciam a evolução do desmatamento. A sociedade não tem como pressionar o governo nem o governo tem como reagir a essa pressão se não houver dados regulares e transparentes sobre o que está acontecendo na floresta. “É uma ferramenta de cidadania. Podemos intimidar o governo usando seus próprios números”, diz o coordenador do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Sustentável do WWF-Brasil, Mauro Armelin.
Com as parcerias da Jaica (Agência de Cooperação Internacional do Japão), a Otca (Organização do Tratado de Cooperação Amazônica) e a Fao (Fundação das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), o Inpe vai capacitar cerca de 350 técnicos em sensoriamento remoto nos próximos três anos. Pessoas da África e da América do Sul, serão treinados para trabalhar com o TerraAmazon, sistema gratuito de monitoramento de florestas desenvolvido pelo instituto, igual ao usado na Amazônia brasileira. “O objetivo é que cada país seja auto-suficiente para monitorar suas florestas”, diz Claudio Almeida, chefe do recém-inaugurado Centro Regional da Amazônia (CRA) do Inpe, em Belém, no Pará, onde serão ministrados os cursos. “As agências internacionais entram com o dinheiro e nós, com a tecnologia e o conhecimento”, explica.
O primeiro curso, com duração de duas semanas, começará no fim deste mês, com 12 técnicos vindos da Guatemala, Peru, Equador e Colômbia. As aulas serão dadas em espanhol, inglês e francês, dependendo do país de origem dos participantes. O software é o mesmo para todos – o TerraAmazon –, mas o sistema não é 100% automatizado. Os métodos de processamento e interpretação das imagens variam de acordo com o tipo de cobertura vegetal e com os padrões de ocupação do terreno.“As pessoas acham que é só jogar a imagem do satélite no computador e o software calcula tudo sozinho, mas é muito mais complexo do que isso”, explica Almeida. O software, sozinho, segundo ele, funciona como um corretor de textos que avisa se uma palavra está errada, mas não consegue dar sentido às frases. “O resultado depende muito da experiência do técnico, que precisa ser capaz de interpretar o que aparece nas imagens. É um conhecimento que não dá para embutir na máquina".
O Inpe, ligado ao Ministério de Ciência e Tecnologia, tem monitorado o desmatamento da Amazônia brasileira desde 1988. As taxas anuais de desmate são calculadas pelo programa Prodes, baseado em imagens do satélite Landsat-5, de alta resolução. Desde 2004, o instituto opera também outro programa, chamado Deter, com base em imagens do Modis, um dos sensores do satélite Terra. Essas imagens têm menor resolução, mas o satélite passa sobre um mesmo local com mais frequência do que o Landsat – a cada dois dias, em vez de 16. Nesse caso, o objetivo não é produzir cálculos precisos de área derrubada, mas identificar em “tempo real” áreas onde há desmatamento em curso. Enquanto o Prodes produz só um relatório por ano, de alta precisão, o Deter produz boletins quinzenais que são enviados ao Ibama para orientar as ações de fiscalização no campo. Na prática, o Prodes registra o que já aconteceu, enquanto o Deter registra o que está acontecendo – a tempo de se fazer alguma coisa a respeito.
Motosserra na mão
“O que nos orienta agora são os olhos no céu”, diz o coordenador geral de Monitoramento Ambiental do Ibama, George Porto Ferreira. “Quando só havia o Prodes, a gente agia sobre um fato que já tinha acontecido. Não impedíamos a floresta de cair, só chegávamos para assinar o atestado de óbito.”Desde que o Deter começou a funcionar, segundo ele, os flagrantes tornaram-se frequentes. “Chegamos lá e pegamos os caras com a motosserra na mão.”O número de multas aplicadas pelo Ibama na Amazônia em 2009 (6.152) foi até um pouco menor do que o de 2004 (6.292), mas o valor acumulado de autuações cresceu quatro vezes, de R$ 616 milhões para R$ 2,5 bilhões. Segundo Ferreira, isso ocorreu porque o Deter permitiu aos fiscais focar os flagrantes sobre grandes desmatamentos, sem perder tempo com denúncias falsas e fiscalizações aleatórias.
Outro sistema voltado para ações preventivas, o Degrad, lançado em 2008, utiliza as mesmas imagens do Prodes, só que processadas de uma forma diferente, para identificar áreas onde a floresta está sendo degradada. Por exemplo, pela derrubada de madeiras nobres e abertura de estradas clandestinas – processos que costumam preceder a derrubada total da floresta. Somados, os números desses três sistemas não apenas registram como influenciam a evolução do desmatamento. A sociedade não tem como pressionar o governo nem o governo tem como reagir a essa pressão se não houver dados regulares e transparentes sobre o que está acontecendo na floresta. “É uma ferramenta de cidadania. Podemos intimidar o governo usando seus próprios números”, diz o coordenador do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Sustentável do WWF-Brasil, Mauro Armelin.
Fonte: O Estado de São Paulo/Painel Florestal
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