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Notícias
10
set
2010
(SETOR FLORESTAL)
A ascensão do eucalipto
Segundo o IEA/SP, a rentabilidade do eucalipto é maior que a do boi em São Paulo e pode empatar ou superar a da cana-de-açúcar. São Paulo possui 800 mil hectares de eucalipto, o líder do ranking é MG com 1,3 milhões de hectares de área plantada.
Francisco Cândido da Silva é um português da ilha da Madeira que imigrou para o Brasil há quase 60 anos. Na época, ele preferiu a mudança a correr risco de ser convocado pelo exército e enviado para a África para combater os movimentos separatistas nas antigas colônias de Angola e Moçambique, durante a ditadura salazarista (Antônio de Oliveira Salazar governou Portugal de 1932 a 1968). Francisco deixou a família em uma pequena propriedade produtora de banana e açúcar e prometeu que algum dia voltaria a viver no campo- se não em Portugal, pelo menos no Brasil.
Seu Chico, como é mais conhecido, cumpriu atividades diferentes, em várias cidades brasileiras, até se aposentar por uma multinacional da área química na região metropolitana de São Paulo. Filhos criados decidiram retornar sua jura e comprou um sítio em Salesópolis, não muito longe da capital paulista. Na época, seu projeto resumia-se a uma vida da mais pacata possível, com pequenos cultivos de hortaliça, umas galinhas no quintal, um porquinho ou dois. A zona rural do município passava, porém, por grande transformação. Pequenos e médios produtores rurais há muito estabelecidos na região começavam a investir pesado no plantio de eucalipto.
A silvicultura tornou-se uma alternativa rentável naquelas áreas montanhosas, de baixa fertilidade- por isso mesmo menos disputadas pela agricultura tradicional. Tais áreas são inviáveis até mesmo para grandes empresas de papel e celulose, que precisam de terras planas para mecanizar o plantio e a colheita dos eucaliptais. Há sete anos, Seu Chico decidiu propor sociedade aos três filhos e a um amigo na formação de 36 hectares com essa árvore originária da Austrália e que começou a ser explorada comercialmente no Brasil no início do século XX. Agora, ele se prepara para colher 10,5 mil m³ de madeira. Seu Chico Cândido poderia antecipar o corte para cinco anos como muitos fazem, mas prefere extrair toras mais grossas, mais valiosas- por isso cumpre o ciclo de seis a sete anos, do plantio à primeira extração.
O atrativo para agricultores como ele está no valor do produto. O pagamento mínimo pe de R$50 por metro estéreo- medida de volume para a lenha (um metro cúbico equivale a 1,55 metro estéreo). E o custo de produção fica em torno de R$22.
"A conta inclui contratação de trabalhadores para o corte e transporte da madeira", informa Seu Chico. O produtor José Renó do Prado, diretor da Cooperativa Agrícola Mista do Alto Tiête (Camat), que reúne 140 produtores, vê no eucalipto uma das únicas alternativas para a região.
"A cultura tem manejo simples e necessita de pouco capital". Segundo ele o investimento inicial é de R$0,25 na compra da muda e mais R$2 para cada metro estéreo- nas aplicações de adubo, herbicida e limpeza da área.
Dos 800 mil hectares de eucaliptais de São Paulo, 20% são conduzidos por pequenos e médios agricultores, conforme levantamento do Instituto de Economia Agrícola (IEA), da Secretaria da Agricultura de São Paulo.
Os dados apontam que, em 1995, eles eram 30 mil produtores; em 2008, já somavam 44 mil. Na avaliação do pesquisador Eduardo Pires Castanho Filho, a ocupação com a cultura vem ocorrendo em especial nas áreas de pastagens degradadas. "A pouca exigência por solos férteis é mais um atrativo do eucalipto, que não entra na disputa como outras culturas que necessitam de mais adubação", explica. O outro estímulo oferecido pela cultura é que, após ser cortada, brota por mais duas vezes, em um ciclo que dura 15 anos. No entanto, é na contabilidade final que o plantio se mostra mais rentável para o produtor. na comparação do IEA, a rentabilidade anual da criação de gado em São Paulo, nos últimos cinco anos, foi de R$150 por hectare. No mesmo período, a do eucalipto chegou a atingir R$ 1 mil, superando às vezes a da cana-de-açúcar, que oscila entre R $800 e R$ 1 mil.
Pela primeira vez, Jovinal de Mello Bruno lida com esse plantio. Na juventude ele trabalhou com a criação de animais e o cultivo de hortaliças com a família. Depois, arrumou emprego em São Paulo, mas percebeu que poderia voltar para Salesópolis se trabalhasse com eucaliptos. Ele se juntou ao pai e ao sogro, em uma área de 12 hectares, e produzem entre 1,6 mil e 2,2 mil metros estéreos a cada cinco anos. Presidente da Camat desde o ano passado, Jovinal, avalia que os agricultores estão mais animados, por conta do crescimento do mercado de construção civil. Por essa razão, ele e os associados sentiram a necessidade da instalação de uma serraria dentro da cooperativa. A intenção é processar a madeira e vender diretamente para as construtoras.
Nas contas da Camat, se a comercialização for feita messes moldes, o ganho torna-se 60% maior, porque existe a separação das partes nobres da árvore. José Renó explica que o eucalipto tem a "torinha" parte com maior diâmetro da árvore ( em torno de 4 metros) e altura média de 2,2 metros. Ela vale R$100 por metro estéreo. " Mas não tem diferença alguma se vendida para as indústrias de papel e celulose", comenta. Dos 500 mil metros cúbicos de madeira produzidos por ano em Salesópolis, 30% estão sendo direcionados para a construção civil. "Até o ano passado, ficava em torno de 15% a 20%".
Mas é a indústria de papel e celulose que compra a maior parte do eucalipto, em torno de 29 milhões de metros cúbicos dos 45 milhões produzidos por ano no estado. Conforme a Associação Brasileira dos Produtores de Florestas Plantadas (ABRAF), as grandes companhias do setor preparam investimentos de US$ 5,5 bilhões nos próximos anos com novas instalações no estado do Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso do Sul, Maranhão e Piauí.
Francisco Cândido da Silva é um português da ilha da Madeira que imigrou para o Brasil há quase 60 anos. Na época, ele preferiu a mudança a correr risco de ser convocado pelo exército e enviado para a África para combater os movimentos separatistas nas antigas colônias de Angola e Moçambique, durante a ditadura salazarista (Antônio de Oliveira Salazar governou Portugal de 1932 a 1968). Francisco deixou a família em uma pequena propriedade produtora de banana e açúcar e prometeu que algum dia voltaria a viver no campo- se não em Portugal, pelo menos no Brasil.
Seu Chico, como é mais conhecido, cumpriu atividades diferentes, em várias cidades brasileiras, até se aposentar por uma multinacional da área química na região metropolitana de São Paulo. Filhos criados decidiram retornar sua jura e comprou um sítio em Salesópolis, não muito longe da capital paulista. Na época, seu projeto resumia-se a uma vida da mais pacata possível, com pequenos cultivos de hortaliça, umas galinhas no quintal, um porquinho ou dois. A zona rural do município passava, porém, por grande transformação. Pequenos e médios produtores rurais há muito estabelecidos na região começavam a investir pesado no plantio de eucalipto.
A silvicultura tornou-se uma alternativa rentável naquelas áreas montanhosas, de baixa fertilidade- por isso mesmo menos disputadas pela agricultura tradicional. Tais áreas são inviáveis até mesmo para grandes empresas de papel e celulose, que precisam de terras planas para mecanizar o plantio e a colheita dos eucaliptais. Há sete anos, Seu Chico decidiu propor sociedade aos três filhos e a um amigo na formação de 36 hectares com essa árvore originária da Austrália e que começou a ser explorada comercialmente no Brasil no início do século XX. Agora, ele se prepara para colher 10,5 mil m³ de madeira. Seu Chico Cândido poderia antecipar o corte para cinco anos como muitos fazem, mas prefere extrair toras mais grossas, mais valiosas- por isso cumpre o ciclo de seis a sete anos, do plantio à primeira extração.
O atrativo para agricultores como ele está no valor do produto. O pagamento mínimo pe de R$50 por metro estéreo- medida de volume para a lenha (um metro cúbico equivale a 1,55 metro estéreo). E o custo de produção fica em torno de R$22.
"A conta inclui contratação de trabalhadores para o corte e transporte da madeira", informa Seu Chico. O produtor José Renó do Prado, diretor da Cooperativa Agrícola Mista do Alto Tiête (Camat), que reúne 140 produtores, vê no eucalipto uma das únicas alternativas para a região.
"A cultura tem manejo simples e necessita de pouco capital". Segundo ele o investimento inicial é de R$0,25 na compra da muda e mais R$2 para cada metro estéreo- nas aplicações de adubo, herbicida e limpeza da área.
Dos 800 mil hectares de eucaliptais de São Paulo, 20% são conduzidos por pequenos e médios agricultores, conforme levantamento do Instituto de Economia Agrícola (IEA), da Secretaria da Agricultura de São Paulo.
Os dados apontam que, em 1995, eles eram 30 mil produtores; em 2008, já somavam 44 mil. Na avaliação do pesquisador Eduardo Pires Castanho Filho, a ocupação com a cultura vem ocorrendo em especial nas áreas de pastagens degradadas. "A pouca exigência por solos férteis é mais um atrativo do eucalipto, que não entra na disputa como outras culturas que necessitam de mais adubação", explica. O outro estímulo oferecido pela cultura é que, após ser cortada, brota por mais duas vezes, em um ciclo que dura 15 anos. No entanto, é na contabilidade final que o plantio se mostra mais rentável para o produtor. na comparação do IEA, a rentabilidade anual da criação de gado em São Paulo, nos últimos cinco anos, foi de R$150 por hectare. No mesmo período, a do eucalipto chegou a atingir R$ 1 mil, superando às vezes a da cana-de-açúcar, que oscila entre R $800 e R$ 1 mil.
Pela primeira vez, Jovinal de Mello Bruno lida com esse plantio. Na juventude ele trabalhou com a criação de animais e o cultivo de hortaliças com a família. Depois, arrumou emprego em São Paulo, mas percebeu que poderia voltar para Salesópolis se trabalhasse com eucaliptos. Ele se juntou ao pai e ao sogro, em uma área de 12 hectares, e produzem entre 1,6 mil e 2,2 mil metros estéreos a cada cinco anos. Presidente da Camat desde o ano passado, Jovinal, avalia que os agricultores estão mais animados, por conta do crescimento do mercado de construção civil. Por essa razão, ele e os associados sentiram a necessidade da instalação de uma serraria dentro da cooperativa. A intenção é processar a madeira e vender diretamente para as construtoras.
Nas contas da Camat, se a comercialização for feita messes moldes, o ganho torna-se 60% maior, porque existe a separação das partes nobres da árvore. José Renó explica que o eucalipto tem a "torinha" parte com maior diâmetro da árvore ( em torno de 4 metros) e altura média de 2,2 metros. Ela vale R$100 por metro estéreo. " Mas não tem diferença alguma se vendida para as indústrias de papel e celulose", comenta. Dos 500 mil metros cúbicos de madeira produzidos por ano em Salesópolis, 30% estão sendo direcionados para a construção civil. "Até o ano passado, ficava em torno de 15% a 20%".
Mas é a indústria de papel e celulose que compra a maior parte do eucalipto, em torno de 29 milhões de metros cúbicos dos 45 milhões produzidos por ano no estado. Conforme a Associação Brasileira dos Produtores de Florestas Plantadas (ABRAF), as grandes companhias do setor preparam investimentos de US$ 5,5 bilhões nos próximos anos com novas instalações no estado do Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso do Sul, Maranhão e Piauí.
Fonte: Globo Rural
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