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Notícias

23
abr
2010
(GERAL)
Corante natural aproveita resíduo da extração de óleo
A extração de óleo essencial das folhas de eucalipto gera um resíduo efluente que não é aproveitado pela indústria. Pesquisa da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, testou o emprego desse resíduo como corante natural para tingimento de tecidos de algodão. O estudo comprovou seu potencial de uso, apresentando como principal vantagem nos tecidos finais tingidos a solidez de cor à luz e a lavagem em níveis aceitáveis pela indústria têxtil.

Tecido tingido com uso de corante natural apresenta coloração bege
O óleo essencial de eucalipto é empregado principalmente em produtos de limpeza. “As folhas, colocadas em um recipiente chamado dorna, são submetidas a pressão com vapor de água”, conta a engenheira florestal Ticiane Rossi, que realizou a pesquisa, sob orientação do professor José Otávio Brito, da Esalq. “O óleo é extraído por destilação, gerando na dorna um resíduo aquoso, de coloração enegrecida”, relata.

O resíduo normalmente é descartado na natureza. “O resíduo pode ser utilizado in natura ou passar por um processo de concentração para tingir os tecidos”, diz Ticiane.

Por meio da técnica de concentração, é possível reduzir o volume do efluente. “Isto gera uma diminuição de custos no transporte da matéria-prima para a indústria têxtil”, explica a engenheira florestal. Após o tingimento por esgotamento, processo adotado habitualmente nas indústrias, o tecido adquire coloração bege, sem necessidade de mordentes (sais metálicos) para fixar a cor.

Tecido

Segundo a pesquisadora, a fixação natural do corante ao tecido apresenta solidez da cor no produto final, desde que usado em dosagens adequadas. “Com o uso de mordentes, pode-se obter um tecido com outras opções de tonalidades”, conta, “mas no estudo apenas foi avaliado o tingimento natural, sem mordentes, para minimizar o impacto ambiental do processo”.

Efluente retirado na indústria de destilação do óleo de eucalipto
A pesquisa testou o uso do resíduo em tecidos de algodão, por ser a fibra natural utilizada no Brasil e no mundo, e a mais difícil de tingir. “Entretanto, o corante tem potencial para ser utilizado em seda, que é uma fibra natural, na viscose, uma fibra artificial, e na poliamida (nylon), que é fibra sintética”, ressalta Ticiane.

De acordo com a engenheira florestal, o uso do efluente como corante natural, além de valorizar a floresta, proporciona à indústria de óleo uma vantagem ambiental, pois o resíduo que não era aproveitado torna-se um co-produto. “Para a indústria têxtil, é um fator de diferenciação do produto final, além de facilitar o tratamento dos efluentes do processo de tingimento, pois o corante natural é provavelmente biodegradável”.

Além dos resultados técnicos e científicos obtidos na pesquisa, foi registrada uma patente do processo. Uma parceria entre os Laboratórios Integrados de Química, Celulose e Energia (LQCE) da Esalq junto a uma empresa têxtil pretende desenvolver produtos tingidos com o corante natural estudado.

Por Júlio Bernardes - jubern@usp.br

Fonte: USP/BR

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