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Notícias

21
abr
2010
(MADEIRA E PRODUTOS)
MG: o mundo dos eucaliptos
O estado de Minas Gerais (MG), na região sudeste do Brasil, constitui-se na terceira força econômica da nação brasileira, tendo importantes e diversificadas produções agrícolas, florestais, industriais e de extração mineral. O PIB (Produto Interno Bruto) estadual corresponde a 9,1% do PIB brasileiro, ficando apenas atrás de São Paulo (33,9%) e Rio de Janeiro (11,2%), dados de 2007. Sua economia tem sido alavancada pela produção de seu subsolo (extração de minérios metálicos como ferro, alumínio, níquel, nióbio, silício, ouro e zinco; e de minerais não metálicos, como fosfato mineral, calcário calcítico, dolomita, magnesita, carbonato de cálcio natural, talco, grafite, rochas ornamentais preciosas e semi-preciosas, pedra-sabão, etc.); produção agrícola (café, milho, soja, cana-de-açúcar, feijão, etc); produção da silvicultura de florestas plantadas (carvão vegetal para fins siderúrgicos, madeira energética, celulose e papel, óleos essenciais, móveis, etc.) e produção zootécnica (bovinocultura de corte e de leite, suinocultura, avicultura, etc.). A indústria também tem destaque na produção de autos, alimentos, ferro e aço, produtos químicos, têxteis, etc. Além disso, MG é um estado de fortes tradições históricas, belezas naturais ímpares e cultura popular muito singular, o que o tornam, um excelente pólo turístico de valor incomparável e fama mundial. Os setores industriais, serviços e agricultura se balanceiam muito bem na economia, permitindo assim a distribuição de valores econômicos de forma mais equilibrada.

A área do estado de Minas Gerais corresponde a 588.528 km², equivalente a muitos países (França, Espanha, Tailândia, Quênia, Madagascar, etc.), o que o coloca como o quarto estado em extensão territorial do Brasil (somente atrás de Amazonas, Pará e Mato Grosso). Suas terras englobam importantes biomas brasileiros, como Cerrado (57%), Mata Atlântica (41%), Caatinga (3%), Campos de Altitude ou Rupestres e Mata Seca. Distingue-se de muitos estados brasileiros por possuir relevo planáltico, montanhoso, com diversas serras importantes (serras da Mantiqueira, do Espinhaço, da Canastra e do Caparaó) distribuídas ao longo de seu território. As altitudes variam de 70 metros a 1.+700 metros, havendo regiões tão repletas de morros, que são denominadas popularmente de "mar de morros". Essa topografia, bem como o clima tropical e sub-tropical, tornam o estado muito atrativo para projetos que se baseiam em plantações de árvores como as de eucaliptos e Pinus.

Minas Gerais é o segundo estado mais populoso do Brasil com cerca de 21 milhões de habitantes. Somente a região metropolitana de sua capital Belo Horizonte e cidades vizinhas (Betim, Contagem, Nova Lima, Vespasiano, Santa Luzia, etc.) compõe-se de cerca de 5 milhões de habitantes.

Minas Gerais tem destacada importância para o setor florestal brasileiro. É o estado líder quanto ao valor bruto da produção da silvicultura no Brasil, como referido pelo IBGE - Instituto de Geografia e Estatística em seu documento anual "Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura - ano base 2008". documento anual "Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura - ano base 2008". Esse destaque é conseguido graças à produção de carvão vegetal base para a siderurgia, lenha e biomassa energética, madeira em toras para celulose e papel, móveis, madeira serrada, produtos de maior valor agregado, óleos essenciais, resinas e outros produtos de Pinus, etc. (http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/pevs/2008/pevs2008.pdf).

Minas Gerais é também o estado com a maior área de florestas plantadas do Brasil (1,423 milhões de hectares), sendo a maioria de eucaliptos (1,278 milhões ha) e de Pinus (145.000 ha). Todo esse enorme patrimônio de florestas plantadas é recente. O estado de Minas Gerais, por ser limítrofe ao estado de São Paulo, recebeu forte influência da época em que o grande silvicultor brasileiro Edmundo Navarro de Andrade plantava eucaliptos para atender o consumo da Cia. Paulista de Estradas de Ferro naquele estado. Ou seja, as primeiras áreas de plantações de eucaliptos pelos produtores rurais mineiros passaram a surgir por volta dos anos 1930's, cresceram lentamente até a metade dos anos 1960's, quando surgiu a grande oportunidade oferecida pelo Programa de Incentivos Fiscais ao Reflorestamento, lançado pelo Governo Federal.

Esse programa foi a força motriz para que grandes empresas se formassem para plantar eucaliptos para fins energéticos para atender a crescente demanda da siderurgia mineira por um redutor orgânico renovável, o carvão vegetal obtido de florestas plantadas de eucaliptos. Empresas como Florestas Rio Doce, CAF - Companhia Agro Florestal Santa Bárbara, Acesita Energética, Mannesmann, etc. passaram a plantar extensas áreas com espécies como Eucalyptus paniculata, Corymbia citriodora, Eucalyptus grandis, Eucalyptus urophylla, para atender a demanda crescente de carvão vegetal para fins siderúrgicos. Nos anos 1970's, surgiu a CENIBRA - Celulose Nipo Brasileira S/A, inicialmente usando madeiras das Florestas Rio Doce e FLONIBRA, passando depois a também reflorestar suas áreas próprias para atender a sua fábrica de celulose de mercado de Belo Oriente. As principais áreas de florestas plantadas em Minas Gerais são as seguintes: Central 337.759 hectares; Norte 314.455 ha; Noroeste 183.866 ha; Vale do Rio Doce 154.830 ha; Jequitinhonha 143.217ha; Triângulo Mineiro 57.800 ha; Centro-oeste 57.567 ha; Alto Paranaíba 54.068 ha; Sul 39.976 ha e Zona da Mata 16.500 ha. (Teotônio Francisco de Assis & José Batuíra de Assis, Informação pessoal, 2009).

Os planos econômicos que incentivaram a siderurgia brasileira estimularam paralelamente a silvicultura em Minas Gerais. Ao mesmo tempo, Minas Gerais investiu em formar os alicerces do conhecimento florestal, criando-se há cerca de 50 anos atrás o curso de engenharia florestal na UREMG - Universidade Rural de Minas Gerais, atual UFV - Universidade Federal de Viçosa. Em 1960, foi criada a Escola Nacional de Florestas, com o primeiro curso de engenharia florestal do país em Viçosa e posteriormente transferido para Curitiba, em 1963. Entretanto, logo depois em 1964, a UREMG criava sua própria carreira florestal, dando continuidade ao que havia iniciado.

Outras universidades e institutos de pesquisa vieram se agregar nessa geração de conhecimentos e tecnologias florestais. Atualmente, Minas Gerais possui tecnologias de ponta, tanto nas áreas de suas florestas plantadas, como em seu parque de conversão industrial da madeira a celulose e papel, carvão vegetal, móveis, painéis de madeira, etc. Deve-se ainda destacar a sempre forte presença do Governo Estadual apoiando o crescimento do setor, considerado estratégico tanto pelo executivo, legislativo (Assembléia Legislativa) e por agências de fomento, bancos de desenvolvimento, etc. Enfim, pode-se dizer que merecidamente, sem alardes e com muita competência e determinação, Minas Gerais galgou essa posição de liderança, que dificilmente será perdida no curto e médio prazo.

Minas Gerais tem plantado cerca de 150 a 200 mil hectares de florestas ao ano (entre áreas novas e reformas). Dessas, cerca de 50 mil correspondem ao fomento florestal, um dos estados mais competentes com esse tipo de gestão de plantações florestais, valendo-se de parcerias com produtores rurais. Desses novos plantios, cerca de 75% são orientados para fins energéticos. Minas Gerais consome entre 20 a 25 milhões de metros cúbicos de carvão vegetal por ano (mdc/ano), sendo que o Brasil todo consome 35. Ainda é alta a proporção de carvão vegetal de origem de matas naturais no estado (cerca de 35%). A lei estadual 18.365 de 01.09.2009 determina que a partir do início de 2019, esse percentual deverá ser menor que 5%.

Por essa razão, crescerá ainda mais o déficit de áreas plantadas de eucaliptos para suprir essa demanda adicional. Significa que novas áreas serão demandadas e deverão ser plantadas, já que há potencial, espaço territorial, conhecimentos, aptidões e viabilidade econômica. Ressalte-se ainda que a matriz energética estadual é bastante apoiada em lenha e biomassa, cerca de 31%. Isso significa que se há um estado que pode-se orgulhar de trabalhar a biomassa florestal como fonte de energia renovável, esse estado é Minas Gerais. Mais uma liderança incontestável de MG.

Em termos de Pinus, as espécies mais comumente plantadas são as de origem tropical: Pinus caribaea var. caribaea e Pinus oocarpa, mas existem em regiões frias algumas plantações de Pinus elliottii e Pinus taeda. Já no caso dos eucaliptos, a grande maioria das atuais plantações são de clones de híbridos entre Eucalyptus urophylla e E. grandis, mas existem pesquisas e estudos avançados sendo desenvolvidos para introdução de novos clones de híbridos dos atuais híbridos de E. urograndis com E. camaldulensis, E. globulus, E. tereticornis, E. brassiana, E. pellita e E. paniculata. Existem também avançados estudos de hibridação entre espécies do gênero Corymbia (C. citriodora, C. torelliana, C. maculata, etc.), que possuem maior densidade da madeira, algo mais interessante para a produção de carvão vegetal, desde que garantidas e mantidas as altas produtividades das plantações.

Enfim, Minas Gerais é um estado que não pode e não deve parar. Pelo contrário, com os novos desenvolvimentos para utilização de biomassa energética, fabricação de etanol celulose, produção de carvão com subprodutos valiosos como alcatrão e extrato pirolenhoso, expansão do uso de óleos essenciais, etc., só podemos esperar e desejar que Minas Gerais continue investindo em desenvolver tecnologias florestais e industriais para se consolidar ainda mais nessa liderança merecida no setor florestal brasileiro. Esperamos porém que isso seja conseguido com novas agregações de tecnologias ainda mais limpas e mais sustentáveis, com mínimos impactos ao meio ambiente (nas áreas florestais e de conversão industrial) e garantindo uma adequada agregação de riquezas e de felicidade à população do estado.

Recomendamos que a seguir a nossos amigos leitores que naveguem nas outras seções dessa edição que relatam empresas, universidades, associações técnicas e empresariais, revistas digitais, laboratórios, instituições de pesquisas, eventos e cursos, etc. Enfim, essa é uma edição dedicada em quase sua totalidade a Minas Gerais, esperando que possibilite a todos conhecer muito mais sobre esse estado que admiro (por conhecê-lo muito bem) e por tudo que fez e continuará fazendo pela silvicultura brasileira.

Queremos ainda agradecer alguns amigos nossos e dos eucaliptos que nos ajudaram a compor essa edição, com sugestão de leituras, indicação de websites e instituições para as outras seções dessa newsletter e fornecimento de dados estatísticos e comentários técnicos. A esses amigos dos eucaliptos que a seguir lhes relato os nomes, nossa gratidão por ajudar a melhorar essa nossa "edição mineira" da Eucalyptus Newsletter: Teotônio Francisco de Assis, Dárcio Calais, José Batuíra de Assis. Um muito obrigado e um abraço a esses amigos mineiros ou "mineiros de coração", não é mesmo caro amigo Teotônio?

A seguir, trazemos a vocês algumas literaturas relevantes para conhecerem um pouco mais sobre Minas Gerais e seu setor de base florestal. Boa navegação, desfrutem a leitura e conheçam mais sobre o estado de Minas Gerais e suas florestas plantadas.

Florestas plantadas. Um compromisso com o desenvolvimento social. AMS - Associação Mineira de Silvicultura. 36 pp. Acesso em 23.03.2010:

http://www.silviminas.com.br/Publicacao/Arquivos/publicacao_127.pdf

Anuário estatístico da ABRAF 2009 - Ano base 2008. ABRAF - Associação Brasileira dos Produtores de Florestas Plantadas. Acesso em 22.03.2010:

http://www.abraflor.org.br/estatisticas/ABRAF09-BR.pdf (em Português)
http://www.abraflor.org.br/estatisticas/ABRAF09-EN.pdf (em Inglês)

Produção da extração vegetal e da silvicultura. Ano base 2008. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Acesso em 22.03.2010:

http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/pevs/2008/default.shtm

O eucalipto no Brasil e em Minas Gerais. Assembléia Legislativa de Minas Gerais. 07 pp. Acesso em 22.03.2010:

http://www.almg.gov.br/Publicacoes/Eucalipto/brasil_minas.pdf


Cobertura florestal de Minas Gerais. IEF - Instituto Estadual de Florestas. Acesso em 22.03.2010:

http://www.ief.mg.gov.br/florestas


Nova lei florestal de Minas Gerais. Manual para o produtor rural. Assembléia Legislativa de Minas Gerais. 28 pp. (2009)

http://www.antoniocarlosarantes.com.br/194/LEI%20

FLORESTAL%20manual_produtor_rural.pdf

Fatos e números do Brasil florestal. SBS - Sociedade Brasileira de Silvicultura. 93 pp. (2008)

http://www.sbs.org.br/FatoseNumerosdoBrasilFlorestal.pdf

Florestas energéticas no Brasil. Demanda e disponibilidade. D. Calais. AMS - Associação Mineira de Silvicultura. 23 pp. (2009)

http://www.silviminas.com.br/Publicacao/Arquivos/publicacao_472.pdf

Domínio do cerrado em Minas Gerais. J.R. Scolforo. IX Simpósio Nacional sobre o Cerrado. EMBRAPA Cerrados. Apresentação em PowerPoint: 58 slides. (2008)

http://simposio.cpac.embrapa.br/palestras/painel4/palestrapainel4josescolforo.pdf

Números do setor. Anuário estatístico 2008. AMS - Associação Mineira de Silvicultura. 21 pp. (2008)

http://www.silviminas.com.br/NumerosSetor/Arquivos/numerosetor_200.pdf

Números do setor. Plantio de florestas energéticas no Brasil e em Minas Gerais. AMS - Associação Mineira de Silvicultura. 02 pp. (2008)

http://www.silviminas.com.br/NumerosSetor/Arquivos/numerosetor_480.pdf


Nota técnica para o programa de fomento ambiental. C.J.A. Silveira; A.N. Coelho; M.G.B. Rocha. IEF - Instituto Estadual de Florestas. 34 pp. (2008)

http://www.ief.mg.gov.br/images/stories/notatecnica/nota_tecnica_fomento_ambiental[1].pdf

Dimensionamento do setor florestal em Minas Gerais. L.A.N. Vieira; T.S. Soares; R.M.M.A. Carvalho; J.B. Rezende. Cerne 12(4): 389-398. (2006)

http://redalyc.uaemex.mx/redalyc/pdf/744/74412410.pdf


Análise econômica de fomento florestal com eucalipto no estado de Minas Gerais. J.C.P. Rezende; C.T.J. Pádua; A.D. Oliveira; J.R.S. Scolforo. Cerne 12(3): 221-231. (2006)

http://www.dcf.ufla.br/cerne/artigos/v12_n3_artigo%2003.pdf

Influência do reflorestamento com eucalipto na qualidade de vida dos produtores de Belo Oriente e Mesquita, Minas Gerais. V.G.S. Martins. Dissertação de Mestrado. Centro Universitário de Caratinga. 107 pp. (2006)

http://bibliotecadigital.unec.edu.br/bdtdunec/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=15


Fomento florestal: benefícios para o produtor rural, o meio ambiente, a empresa e a região. A experiência na região sudeste. J.C.A. Araújo. Congresso Madeira 2006. Apresentação em PowerPoint: 38 slides. (2006)

http://www.abraflor.org.br/documentos/madeira2006/painel6-palestra2.pdf


A importância do setor florestal em Minas Gerais. R.M.M.A. Carvalho; R. Noce; L.A. Vieira. Comciência. (2005)

http://www.comciencia.br/reportagens/2005/08/14.shtml


Temas conflituosos relacionados à expansão da base florestal plantada e definição de estratégias para minimização dos conflitos identificados. A. Fanzeres; R. Alves e colaboradores. PNF/MMA. 261 pp. (2005)

http://www.ufrrj.br/institutos/if/lmbh/pdf/outraspublicacoes01.pdf


Perspectivas e tendências do abastecimento de madeira para a indústria de base florestal no Brasil. AMS - Associação Mineira de Silvicultura. 12 pp. (2005)

http://www.silviminas.com.br/Publicacao/Arquivos/publicacao_131.pdf


Pinus tropical. REMADE - Revista da Madeira Nº 68. (2002)

http://www.remade.com.br/br/revistadamadeira_materia.php?num=258&subject=Pinus%20Tropical&title=Pinus%20Tropical

Fonte: Painel Florestal

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