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Notícias
14
abr
2010
(MANEJO)
Pará tem mais de 350 projetos de manejo florestal, mas enfrenta irregularidades
Estima-se que 40% dos projetos foram aprovados de forma irregular. Na cidade de Anapu, irmã Dorothy Stang inspirou ideia para assentados.
Em busca de árvores boas para corte, um grupo de mateiros entra em uma floresta no Pará. O técnico florestal Nonato Santos identifica uma maçaranduba centenária, mas ela é rejeitada porque ainda pode crescer mais. Então, um breu vermelho de 25 metros de altura vai ao chão.
O operador da moto-serra, Ediseu Chaves de Araújo, consegue derrubar o tronco sem quebrar nenhum cipó. Na fazenda em que a árvore foi cortada, pratica-se uma forma ecológica de exploração da madeira, o manejo florestal, que consiste na retirada de poucas árvores em um ciclo de vários anos. "Nós tiramos um determinado número de árvores e deixamos outras espalhando sementes durante todo o ciclo", explica o engenheiro florestal Evandro Ribeira Ferreira.
Seguindo as diretrizes do manejo florestal, a parte que sofreu corte é intocada por, em média, 35 anos. De acordo com alguns estudos, este é o período em que a floresta pode se recuperar. Usando um sistema de rodízio, cortando poucas árvores por ano, o madeireiro consegue explorar a madeira indefinidamente e com a floresta em pé.
No Pará, existem mais de 350 projetos de manejo licenciados. Mas a demora para as licenças pode atrapalhar o início de outros. "Quando você vai pedir uma licença, você não é atendido. Temos licenças que estamos esperando há mais de um ano", diz Manuel Pereira Dias, vice-presidente da Cikel, que trabalha com manejo na região.
Outro problema recorrente é a fraude. Estima-se que quatro a cada dez projetos foram aprovados de maneira irregular. Com isso, a madeira legal brasileira perde mercado. "Como o índice de fraude é alto, muitos importadores da Europa e dos Estados Unidos passam a desconfiar de documentos oficiais. A ilegalidade sempre vai existir, mas ela nunca pode ser a maioria, sob pena de sucumbirem e asfixiarem as empresas corretas", diz Justiniano de Queiroz Netto, diretor executivo da Associação das Indústrias Exportadoras de Madeira do Pará.
O ex-ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc já falava em "intensificar tanto a produção da madeira legal como o combate à produção de madeira pirata em planos de manejo fraudados, muitas vezes com cumplicidade de autoridades”.
Projetos
Um outro projeto de manejo em Anapu, no Pará, fica em um assentamento do Incra, e mostra que a exploração racional da madeira pode melhorar a vida dos agricultores pobres da Amazônia. "Com esse projeto de manejo, que a gente conseguiu com muito trabalho, nossa vida melhor cem por cento", diz o assentado Antonio Hélio da Costa Monjardim.
As roças ocupam apenas 20% da área. O restante é reservado para a exploração da madeira. Com a venda das toras, as 180 famílias do assentamento puderam comprar um caminhão, um trator e construíram estradas. "Quando não existia manejo, não existia estrada. Agora podemos explorar, produzir o abacaxi, farinha e levar no caminhão. Além do arroz e do milho", diz outro assentado, Francisco Lima Souza.
Dorothy Stang
Houve diversos conflitos para este projeto ser implantado em Anapu. A disputa por terras públicas na Amazônia é um processo violento. Inspiradora da ideia, a irmã Dorothy Stang foi assassinada nessa mesma cidade em 12 de fevereiro de 2005. "A irmã 'Doti' falava sempre isso, para não derrubar a madeira toda", diz Pedro Nonato de Souza, também assentado na região.
Em busca de árvores boas para corte, um grupo de mateiros entra em uma floresta no Pará. O técnico florestal Nonato Santos identifica uma maçaranduba centenária, mas ela é rejeitada porque ainda pode crescer mais. Então, um breu vermelho de 25 metros de altura vai ao chão.
O operador da moto-serra, Ediseu Chaves de Araújo, consegue derrubar o tronco sem quebrar nenhum cipó. Na fazenda em que a árvore foi cortada, pratica-se uma forma ecológica de exploração da madeira, o manejo florestal, que consiste na retirada de poucas árvores em um ciclo de vários anos. "Nós tiramos um determinado número de árvores e deixamos outras espalhando sementes durante todo o ciclo", explica o engenheiro florestal Evandro Ribeira Ferreira.
Seguindo as diretrizes do manejo florestal, a parte que sofreu corte é intocada por, em média, 35 anos. De acordo com alguns estudos, este é o período em que a floresta pode se recuperar. Usando um sistema de rodízio, cortando poucas árvores por ano, o madeireiro consegue explorar a madeira indefinidamente e com a floresta em pé.
No Pará, existem mais de 350 projetos de manejo licenciados. Mas a demora para as licenças pode atrapalhar o início de outros. "Quando você vai pedir uma licença, você não é atendido. Temos licenças que estamos esperando há mais de um ano", diz Manuel Pereira Dias, vice-presidente da Cikel, que trabalha com manejo na região.
Outro problema recorrente é a fraude. Estima-se que quatro a cada dez projetos foram aprovados de maneira irregular. Com isso, a madeira legal brasileira perde mercado. "Como o índice de fraude é alto, muitos importadores da Europa e dos Estados Unidos passam a desconfiar de documentos oficiais. A ilegalidade sempre vai existir, mas ela nunca pode ser a maioria, sob pena de sucumbirem e asfixiarem as empresas corretas", diz Justiniano de Queiroz Netto, diretor executivo da Associação das Indústrias Exportadoras de Madeira do Pará.
O ex-ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc já falava em "intensificar tanto a produção da madeira legal como o combate à produção de madeira pirata em planos de manejo fraudados, muitas vezes com cumplicidade de autoridades”.
Projetos
Um outro projeto de manejo em Anapu, no Pará, fica em um assentamento do Incra, e mostra que a exploração racional da madeira pode melhorar a vida dos agricultores pobres da Amazônia. "Com esse projeto de manejo, que a gente conseguiu com muito trabalho, nossa vida melhor cem por cento", diz o assentado Antonio Hélio da Costa Monjardim.
As roças ocupam apenas 20% da área. O restante é reservado para a exploração da madeira. Com a venda das toras, as 180 famílias do assentamento puderam comprar um caminhão, um trator e construíram estradas. "Quando não existia manejo, não existia estrada. Agora podemos explorar, produzir o abacaxi, farinha e levar no caminhão. Além do arroz e do milho", diz outro assentado, Francisco Lima Souza.
Dorothy Stang
Houve diversos conflitos para este projeto ser implantado em Anapu. A disputa por terras públicas na Amazônia é um processo violento. Inspiradora da ideia, a irmã Dorothy Stang foi assassinada nessa mesma cidade em 12 de fevereiro de 2005. "A irmã 'Doti' falava sempre isso, para não derrubar a madeira toda", diz Pedro Nonato de Souza, também assentado na região.
Fonte: Globo Amazônia/São Paulo
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