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Notícias

22
mar
2010
(SETOR FLORESTAL)
Pesquisa propõe nova aplicação para espécie nativa da Floresta Amazônica, o paricá
Com o objetivo de gerar tecnologia e fazer com que o uso de madeira plantada colabore para reduzir a exploração da Floresta Amazônica, uma pesquisa da UFSC comprova o potencial do paricá em uma aplicação ainda pouco adotada no Brasil: a madeira laminada colada.

Com 20 a 30 metros de altura, considerado árvore de grande porte, o paricá é uma espécie que possui crescimento inicial vigoroso, chegando aos 15 anos com 55 centímetros de Diâmetro à Altura do Peito (DAP). Desde a década de 90 vem sendo usada em florestas plantadas nas regiões Norte e Centro-Oeste e tem grande importância econômica na produção de laminados, compensados, aglomerados e painéis.

A pesquisa desenvolvida junto ao Grupo Interdisciplinar de Estudos da Madeira (GIEM) da UFSC mostra que esta espécie pode também ser usada como matéria-prima para o laminado colado. Essa tecnologia permite que tábuas de madeira sejam unidas longitudinalmente e depois coladas umas sobre as outras, gerando peças de grande resistência, que associam as vantagens da pré-fabricação à versatilidade estética (veja algumas vantagens abaixo).

O estudo foi desenvolvido a partir da tese de doutorado de Rodrigo Figueiredo Terezo e será defendido no dia 19 de março. A orientação é do professor Carlos Alberto Szücs, coordenador do GIEM, grupo que desde 1983 pesquisa o uso racional e responsável das madeiras, especialmente as obtidas em florestas plantadas.

Para o estudo de Rodrigo, realizado em Santa Catarina, 25 metros cúbicos de paricá foram doados para a UFSC por proprietários de florestas plantadas do Pará. A tese permitiu a caracterização anatômica, física e mecânica da madeira em quatro idades: 6, 10, 19 e 28 anos. Também foram realizadas análises com ultrassom para classificação mecânica das peças de madeira nas diferentes idades, tendo como base a correlação entre as propriedades físico-mecânicas e a velocidade de propagação das ondas.

Além disso, foram produzidas vigas de madeira laminada colada com a espécie e realizados testes para análise de aspectos como resistência mecânica e rigidez do elemento viga. Ainda foram desenvolvidos estudos sobre o desempenho de dois adesivos para madeira comercializados no Brasil (estes adesivos são usados para colar as tábuas e dar forma às vigas de madeira laminada colada).

A partir dos resultados que obteve, o engenheiro valida a hipótese de utilização do paricá em elementos estruturais, principalmente em vigas de madeira laminada colada, e traz recomendações apropriadas à realidade brasileira. Alerta também para a fragilidade da madeira quanto ao ataque de pragas como o cupim, mas destaca que esse fato não inviabiliza a aplicação no laminado colado. Apesar da durabilidade natural frágil, o paricá pode ser tratado quimicamente, como acontece com pinus e eucaliptos, tradicionalmente usados na produção de peças de madeira laminada colada.

"Conhecer melhor as propriedades da madeira de paricá de florestas plantadas e sua aptidão para novos produtos da construção civil é uma necessidade. Sendo possível a sua transformação num bem durável, ganha o meio ambiente e a economia regional", destaca Rodrigo.

Ele contextualiza a importância de estudos na área lembrando que até pouco tempo as madeiras de paricá comercializadas eram provenientes de árvores centenárias, extraídas da mata nativa. Com o plantio de florestas, que para serem comercialmente viáveis devem ser exploradas em diferentes idades, há necessidade de novas pesquisas, pois as madeiras não apresentam as mesmas características de tecido lenhoso, comportamento físico e mecânico das árvores nativas.

O trabalho destaca também o potencial de conservação ambiental do aproveitamento de florestas plantadas, capazes de sequestrar e reter o carbono, um dos gases que provocam o efeito estufa e o aquecimento global. "O Brasil, com sua vocação florestal, pode ser inserido no mercado de créditos ambientais através de suas florestas plantadas. Isto garante uma nova fonte de renda aos agricultores do setor", considera Rodrigo.

"Procuramos com esta pesquisa estimular o uso do paricá em outros produtos para a construção civil, agregando valor a esta matéria-prima. Também queremos contribuir para reduzir a pressão de exploração da floresta nativa na região amazônica", complementa.

Mais informações:

Com Rodrigo Figueiredo Terezo: Fone: 47-9641-5223, E-mail: rterezo@hotmail.com
Com o professor Carlos Alberto Szücs: Fone: 48 3721-8540 , E-mail: caszucs@gmail.com.

Fonte: Arley Reis

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