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Notícias
04
mar
2010
(MEIO AMBIENTE)
Carpintaria Naval na Amazônia
Pesquisadores do Museu Paraense Emílio Goeldi inventariam espécies vegetais utilizadas na construção de embarcações em Maracanã, Pará.
Agência Museu Goeldi - A carpintaria naval, “embora não seja o artesanato propriamente dito, é uma atividade artesanal. O pessoal não tem estudos náuticos, no entanto, é capaz de fazer barcos. Os barcos daquela área são quase todos feitos por eles (moradores da Comunidade de Vila da Penha, no município de Maracanã, no nordeste paraense)”. Assim, Jorge Oliveira, que coordena diversos estudos botânicos na área da Reserva Extrativista (Resex) de Maracanã, descreve a competência local para construir embarcações.
Um estudo sobre a matéria-prima utilizada na carpintaria naval, de autoria de Carlos Junior, aponta a existência de 11 espécies vegetais aplicadas na confecção de embarcações de pequeno (cascos), médio (canoas) e grande porte (lanchas e barcos de pesca). “O trabalho teve como objetivo inventariar e identificar as espécies vegetais utilizadas na carpintaria naval, bem como documentar, através de fotografias, os vários tipos de embarcação”, explica Carlos na relatoria da pesquisa.
Área de domínio público com concessão de uso para populações com atividade extrativista e de cultivo de subsistência, as Resexs prevêem o uso sustentável dos recursos naturais de determinada região, bem como a proteção dos meios de vida e dos bens culturais de populações tradicionais que nela vivem. A Resex Maracanã, no estado do Pará, é cenário de diversas pesquisas do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG).
Surgida de uma ação de pesquisa mais ampla do Programa de Pesquisa da Biodiversidade (PPBio) e de projeto de bioprospecção, coordenado pela pesquisadora Graça Zoghbi, a catalogação da matéria-prima utilizada na construção dos barcos foi desenvolvida sob a orientação de Jorge Oliveira, da Coordenação de Botânica do Museu. O estudo se baseou em entrevistas semi-estruturadas com os habitantes da Vila da Penha que trabalham com a carpintaria naval. As perguntas buscaram tanto traçar o perfil do morador/produtor com dados sobre sexo, idade e naturalidade, quanto identificar características do trabalho desenvolvido e da matéria-prima utilizada.
Depois da coleta de informações sobre a matéria-prima, Jorge conta que se pedia ao entrevistado que mostrasse a madeira com a qual trabalha. Amostras eram colhidas para comparação com material do Herbário do MPEG, para se garantir a identificação das espécies.
Cascos, canoas, lanchas e barcos de pesca – A pesquisa de Carlos trabalhou com a classificação das embarcações em três categorias: embarcações de pequeno porte, de porte mediano e de grande porte.
Os cascos são pequenas embarcações construídas com uma peça única de madeira. Para confeccioná-lo, um tronco de árvore é escavado, depois é atracado com peças de madeira e cipós para secar e forçar a abertura na medida desejada. Esse tipo de embarcação é de uso familiar, para o transporte e a pesca. O trabalho identificou que as espécies utilizadas em cascos são Gonçalo (Hyeronima alchornioides Fr. All., da família Euphorbiacea) e Tatajuba (Bagassa guianensis Aubl., da família Moraceae).
Já as canoas são embarcações maiores que os cascos, que podem ser movidas a vela ou a motor. Também são utilizadas para o transporte familiar e para a pesca. Na sua construção, são usadas as mesmas espécies dos cascos, contudo, na lateral, utilizam-se tábuas de Louro Itauba, nome popular de Mezilaurus itauba (Meiss.) Mez. da família Lauraceae.
Como exemplo de grandes embarcações, há as lanchas, utilizadas no transporte de passageiros e os barcos de pesca com dimensões e características diferentes das lanchas – apresenta convés fechado para colocação de cubas frigoríficas, e toldo mais alto. Para cada parte desses dois tipos de embarcações usam-se diferentes espécies de madeira. Para o fundo, por exemplo, são utilizadas a madeira de Piquiá [Caryocar vilosum (Aubl.) Pres., da família Caryocaraceae] e Sapucaia (Lecythis pisonis Cambess, da família Lecythidaceae); no toldo e no convés são utilizadas as espécies Angelim Vermelho (Dinizia excelsa Ducke, da família Fabaceae); Sucupira Amarela (Bowdickia nitida Spruce ex Benth, da família Fabaceae); e Cumaru [Dipteryx odorata (Aubl.) Willd., da família Fabaceae]; para a quilha é usado a espécie Ipê amarelo [Tabebuia serratifolia (Vahl) Nichols., da família Bignoniaceae] e nas laterais e na cobertura do toldo utiliza-se a espécie Louro Itauba [Mezilaurus itauba (Meiss.) Mez, da família Lauraceae].
Um resultado surpreendente revelado pela pesquisa é que a madeira utilizada na atividade naval em Vila da Penha não é nativa. “A matéria-prima não é local. O material, no caso da madeira, é comprado na sede do município, em Maracanã e São João de Pirabas”, explica Jorge Oliveira.
Agência Museu Goeldi - A carpintaria naval, “embora não seja o artesanato propriamente dito, é uma atividade artesanal. O pessoal não tem estudos náuticos, no entanto, é capaz de fazer barcos. Os barcos daquela área são quase todos feitos por eles (moradores da Comunidade de Vila da Penha, no município de Maracanã, no nordeste paraense)”. Assim, Jorge Oliveira, que coordena diversos estudos botânicos na área da Reserva Extrativista (Resex) de Maracanã, descreve a competência local para construir embarcações.
Um estudo sobre a matéria-prima utilizada na carpintaria naval, de autoria de Carlos Junior, aponta a existência de 11 espécies vegetais aplicadas na confecção de embarcações de pequeno (cascos), médio (canoas) e grande porte (lanchas e barcos de pesca). “O trabalho teve como objetivo inventariar e identificar as espécies vegetais utilizadas na carpintaria naval, bem como documentar, através de fotografias, os vários tipos de embarcação”, explica Carlos na relatoria da pesquisa.
Área de domínio público com concessão de uso para populações com atividade extrativista e de cultivo de subsistência, as Resexs prevêem o uso sustentável dos recursos naturais de determinada região, bem como a proteção dos meios de vida e dos bens culturais de populações tradicionais que nela vivem. A Resex Maracanã, no estado do Pará, é cenário de diversas pesquisas do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG).
Surgida de uma ação de pesquisa mais ampla do Programa de Pesquisa da Biodiversidade (PPBio) e de projeto de bioprospecção, coordenado pela pesquisadora Graça Zoghbi, a catalogação da matéria-prima utilizada na construção dos barcos foi desenvolvida sob a orientação de Jorge Oliveira, da Coordenação de Botânica do Museu. O estudo se baseou em entrevistas semi-estruturadas com os habitantes da Vila da Penha que trabalham com a carpintaria naval. As perguntas buscaram tanto traçar o perfil do morador/produtor com dados sobre sexo, idade e naturalidade, quanto identificar características do trabalho desenvolvido e da matéria-prima utilizada.
Depois da coleta de informações sobre a matéria-prima, Jorge conta que se pedia ao entrevistado que mostrasse a madeira com a qual trabalha. Amostras eram colhidas para comparação com material do Herbário do MPEG, para se garantir a identificação das espécies.
Cascos, canoas, lanchas e barcos de pesca – A pesquisa de Carlos trabalhou com a classificação das embarcações em três categorias: embarcações de pequeno porte, de porte mediano e de grande porte.
Os cascos são pequenas embarcações construídas com uma peça única de madeira. Para confeccioná-lo, um tronco de árvore é escavado, depois é atracado com peças de madeira e cipós para secar e forçar a abertura na medida desejada. Esse tipo de embarcação é de uso familiar, para o transporte e a pesca. O trabalho identificou que as espécies utilizadas em cascos são Gonçalo (Hyeronima alchornioides Fr. All., da família Euphorbiacea) e Tatajuba (Bagassa guianensis Aubl., da família Moraceae).
Já as canoas são embarcações maiores que os cascos, que podem ser movidas a vela ou a motor. Também são utilizadas para o transporte familiar e para a pesca. Na sua construção, são usadas as mesmas espécies dos cascos, contudo, na lateral, utilizam-se tábuas de Louro Itauba, nome popular de Mezilaurus itauba (Meiss.) Mez. da família Lauraceae.
Como exemplo de grandes embarcações, há as lanchas, utilizadas no transporte de passageiros e os barcos de pesca com dimensões e características diferentes das lanchas – apresenta convés fechado para colocação de cubas frigoríficas, e toldo mais alto. Para cada parte desses dois tipos de embarcações usam-se diferentes espécies de madeira. Para o fundo, por exemplo, são utilizadas a madeira de Piquiá [Caryocar vilosum (Aubl.) Pres., da família Caryocaraceae] e Sapucaia (Lecythis pisonis Cambess, da família Lecythidaceae); no toldo e no convés são utilizadas as espécies Angelim Vermelho (Dinizia excelsa Ducke, da família Fabaceae); Sucupira Amarela (Bowdickia nitida Spruce ex Benth, da família Fabaceae); e Cumaru [Dipteryx odorata (Aubl.) Willd., da família Fabaceae]; para a quilha é usado a espécie Ipê amarelo [Tabebuia serratifolia (Vahl) Nichols., da família Bignoniaceae] e nas laterais e na cobertura do toldo utiliza-se a espécie Louro Itauba [Mezilaurus itauba (Meiss.) Mez, da família Lauraceae].
Um resultado surpreendente revelado pela pesquisa é que a madeira utilizada na atividade naval em Vila da Penha não é nativa. “A matéria-prima não é local. O material, no caso da madeira, é comprado na sede do município, em Maracanã e São João de Pirabas”, explica Jorge Oliveira.
Fonte: Envolverde/Museu Emílio Goeldi
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