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Notícias

16
out
2009
(MÓVEIS)
A ciência aplicada à indústria moveleira
Caderno de Referências em Mobiliário 2010 irá estimular a criatividade do setor.

O estudo das ciências possibilitou ao homem criar um universo de transformação e aplicações. O uso dessas propriedades estimulou o conhecimento e chegou ao cotidiano da sociedade, inspirando o design de produtos com as características de funcionalidade e inovação. Essa é a proposta do Caderno de Referência em Mobiliário 2010, que será apresentado durante workshop promovido pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Rio Grande do Sul (Sebrae/RS) e Centro Tecnológico do Mobiliário do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai/Cetemo), no dia 15 de outubro, no Centro Administrativo da ExpoIjuí.

O workshop faz parte do 3ª Mostra do Mobiliário do Noroeste, que integra a programação da ExpoIjuí Fenadi 2009, feira multissetorial que ocorre no município, distante 402 km de Porto Alegre, e vai até 19 de outubro. A gestora do projeto pelo Sebrae/RS, Rosemari Paranhos, diz que “o objetivo do workshop é apresentar as referências em mobiliário para os empreendimentos atendidos pelo projeto, bem como arquitetos e designers. O Caderno busca estimular as empresas a inovar, ao encontrar e aplicar novos materiais no processo de produção. É uma oportunidade para os empreendedores observarem o que eles produzem hoje e ver de que forma podem diversificar, para atrair, também, um público diferenciado”. O projeto Polo de Moveis de Ijuí atende 106 empresas e trabalha com diversas iniciativas, como capacitações e consultorias.

Conforme Renato Bernardi, do Senai/Cetemo, coordenador do projeto em nível nacional, o Caderno de Referências em Mobiliário foi criado em 2000 por solicitação do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e do Sebrae Nacional. “Inicialmente o projeto era composto de oficinas de design. Posteriormente, o Departamento Nacional do Senai instituiu o Programa Senai de Gestão em Design. Desde então, coordeno o trabalho com o Caderno de Referências”, disse.

Referências para a criação

O workshop será conduzido pela arquiteta e professora do curso técnico em Design do Senai/Cetemo, Gemile Nondilo. Ela explica que o Caderno está focado na aplicação de acessórios. “É uma ferramenta, que tem como proposta motivar as empresas a encontrarem ideias criativas para seus produtos e de treinar a percepção”, disse. A iniciativa do Senai reúne representantes de design de todos os estados brasileiros em encontros trimestrais. Na primeira reunião, o grupo expõe as últimas tendências do setor. “Da Isaloni, Feira Internacional do Mobiliário, realizada em Milão, a inovação estava ligada à questão dos movimentos. A intenção não é fazer cópias, mas perceber o que tem de mais interessante e trabalhar em cima disso”, afirma. A pesquisa incluiu, além de missões técnicas, visitas a fábricas.

Com base nos estudos, o grupo formatou a edição para 2010, tendo como princípio a ciência e suas referências que inspiram. Quatro ramos representam a aplicação de acessórios, que são a biônica, a matemática, a física e a química.

Na biônica, ciência focada no estudo de processos biológicos e na adaptação para os sistemas industriais está as referências da natureza, “usar o que já está bem feito como inspiração”, comenta Gemile. É a união de diversas áreas, como biologia, engenharias, matemática e mecânica. “Nesse contexto, os acessórios para o mobiliário utilizam materiais como velcro, articulações e dobradiças”, explica.

Partindo do princípio de que tudo ao nosso redor envolve força, movimento e resistência, a física é o segundo elemento para trabalhar a inspiração. As teorias, experimentos e aplicação dos princípios dessa ciência resultam em métodos eficientes para a viabilização de projetos. Objetos como zíper, cinto e grampos fazem parte do processo de produção.

Desde o início, a matemática possibilitou ao homem entender o mundo através da quantidade e da grandeza. Criou sistemas de representação, paralelos à linguagem. Através do pensamento complexo, da lógica, intuição e análise, foi possível contar, medir, quantificar e calcular, ações fundamentais para a criação de novos produtos. “Essa ciência transmite de forma clara a estrutura e planta baixa, atendendo perfeitamente às exigências funcionais que compõem um todo. Representa o funcionamento sem falhas, a relação entre a forma e o equilíbrio com as grandezas. Como exemplo, podemos citar um objeto de forma geométrica, com estrutura criada a partir de encaixes, sem necessidade de acessórios físicos”, explica Gemile.

Por fim, a química acrescenta a possibilidade de trabalhar com cores, formas, texturas e novos componentes, trazendo experimentação. É a passagem e transformação da matéria-prima para algo totalmente novo, com características próprias. “É a química que se separa, ou o que se mistura, deixa de ser o que era e assume novas propriedades. É a passagem, quando a transmutação de um determinado estado da matéria em suas propriedades básicas origina outro material, embora decorrente daquele que fora processado. Um exemplo disso está na utilização das combinações de materiais, como o rodízio com roda de silicone e base metálica que diminui o atrito”, salientou a arquiteta.

Gemile destaca que o Caderno é conceitual, não um catálogo de móveis. “O material apresenta referências de aplicação, que podem ser utilizadas pelos fabricantes de diversas maneiras”. Publicado com uma tiragem de 4 mil cópias, o Caderno de Referências em Mobiliário 2010 tem o apoio do Departamento Nacional do Senai. É distribuído de forma gratuita para representantes da indústria moveleira e nos workshops promovidos para lançamento do material. Para consultar online, acesse http://www.senai.br/design e clique em Cadernos de Referências.

Mercado moveleiro gaúcho


Segundo dados da Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul (Movergs), 80,4% das empresas moveleiras são consideradas microempresas. Os principais móveis produzidos são: dormitórios (56,2% das empresas), cozinhas (48,8%), móveis sob medida (35,6%) e móveis de banheiro (24,8%). As formas de produção mais utilizadas são artesanal (69%), semi-seriado (17%) e seriado (14,3%). Nas empresas com faturamento de até R$ 250 mil, predomina o modo de produção artesanal (85,1%), e nas empresas com faturamento superior a R$ 1 milhão, há uma predominância da produção seriada (51,4%).

Informações do Sindicato das Indústrias do Mobiliário de Bento Gonçalves (Sindimóveis), demonstram que as exportações brasileiras no setor contabilizaram U$ 988 milhões em 2008. No Rio Grande do Sul, o valor chegou a U$ 289 milhões, representando 29,25% das exportações nacionais e atingindo 1,87% do PIB do Estado, posicionando-o em segundo lugar no ranking de exportação, atrás do Polo de São Bento, em Santa Catarina. O lucro com o comércio de móveis fechou 2008 em US$ 3,9 bilhões, o que corresponde a 17,61% do total nacional.

Fonte: Assessoria de Comunicação do Sebrae/RS

ITTO Sindimadeira_rs