Voltar
Notícias
07
ago
2009
(DESMATAMENTO)
Como estancar o desmatamento da Amazônia?
Dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) apresentaram um significativo aumento do desmatamento na Amazônia. Por meio da tecnologia implantada que possibilita identificar o desmatamento em tempo real, é possível ter dados concretos com uma margem de tempo curta. O DETER, que significa Detecção do Desmatamento em Tempo Real, foi adquirido em 2004, com o objetivo de auxiliar na fiscalização e controle do desmatamento.
Segundos os dados divulgados na página do INPE, o mês de Junho apresentou um desmatamento de aproximadamente 578 Km² na área da Amazônia Legal. Segundos os pesquisadores, o sistema não permite uma avaliação fiel do desmatamento, mas traça um panorama, e dá o alerta para possíveis focos de destruição da floresta. O fato é que em 99% dos alertas dados pelo sistema no último mês se confirmaram.
O plano governamental instituído pelo Ministério do Meio Ambiente, conhecido como Desmatamento Zero, parece que não está contabilizando os números esperados. Existe um esforço de governos e sociedade civil para uma redução drástica dos índices de devastação da cobertura vegetal na região, mas pelo que tudo indica ainda existe uma série de carências - que vão desde a falta de pessoal e materiais para a fiscalização até mesmo a burocracia e corrupção.
Além do fato de que hoje, pôr a floresta no chão é mais rentável economicamente para alguns segmentos do mercado local do que preservá-la em pé. Preservar pode ser vantajoso para outros segmentos, com menor poder, mas certamente é melhor para toda a sociedade. O que existe na verdade é a supremacia das formas de exploração, da floresta e dos homens e mulheres da floresta. Numa região onde a renda per capta é de R$ 28,00, de que vale ter a floresta?
O mais alarmante é que recentemente foram publicados os dados referentes ao desmatamento entre Agosto de 2007 e Julho de 2008. Durante este período o desmatamento chegou a quase 13.000 Km². O assustador é que as áreas em risco, que estão em processo de destruição atualmente, áreas onde já existem indícios de desmatamento, ou algum processo exploratório em andamento, já somam 27.000 Km². Isto significa que a área que já começa a ser desmatada é o dobro da registrada no período 2007/2008. Sabendo-se como funciona a dinâmica da destruição na floresta, onde feridas são abertas e ali se inicia o desmatamento em um processo contínuo e de rápida expansão, podemos contabilizar estas áreas como perdidas.
E como estancar este processo? Não existe uma resposta simples, nem mesmo soluções mágicas. As estratégias de ampliar e consolidar unidades de conservação são válidas e saudadas, mas podem ser um esforço para termos ilhas de biodiversidade, cercadas de terra arrasada, o que é um risco eminente para estes remanescentes. A tecnologia esbarra na falta de pessoal e logística. A vontade política fica de lado quando existe força política, e neste caso a briga entre ministérios é emblemática.
Creio que na realidade desconhecemos a Amazônia. A sociedade, de um modo geral, observa aquele bioma como uma visita ao zoológico. Existe um abismo intransponível entre a condição brasileira de país megadiverso e o cotidiano da sociedade. Não existe uma identidade nacional. Devido ao seu desconhecimento, temos a sensação de ser a Amazônia, uma fossa abissal.
*Felipe Amaral é ecólogo e integrante do Instituto Biofilia
Segundos os dados divulgados na página do INPE, o mês de Junho apresentou um desmatamento de aproximadamente 578 Km² na área da Amazônia Legal. Segundos os pesquisadores, o sistema não permite uma avaliação fiel do desmatamento, mas traça um panorama, e dá o alerta para possíveis focos de destruição da floresta. O fato é que em 99% dos alertas dados pelo sistema no último mês se confirmaram.
O plano governamental instituído pelo Ministério do Meio Ambiente, conhecido como Desmatamento Zero, parece que não está contabilizando os números esperados. Existe um esforço de governos e sociedade civil para uma redução drástica dos índices de devastação da cobertura vegetal na região, mas pelo que tudo indica ainda existe uma série de carências - que vão desde a falta de pessoal e materiais para a fiscalização até mesmo a burocracia e corrupção.
Além do fato de que hoje, pôr a floresta no chão é mais rentável economicamente para alguns segmentos do mercado local do que preservá-la em pé. Preservar pode ser vantajoso para outros segmentos, com menor poder, mas certamente é melhor para toda a sociedade. O que existe na verdade é a supremacia das formas de exploração, da floresta e dos homens e mulheres da floresta. Numa região onde a renda per capta é de R$ 28,00, de que vale ter a floresta?
O mais alarmante é que recentemente foram publicados os dados referentes ao desmatamento entre Agosto de 2007 e Julho de 2008. Durante este período o desmatamento chegou a quase 13.000 Km². O assustador é que as áreas em risco, que estão em processo de destruição atualmente, áreas onde já existem indícios de desmatamento, ou algum processo exploratório em andamento, já somam 27.000 Km². Isto significa que a área que já começa a ser desmatada é o dobro da registrada no período 2007/2008. Sabendo-se como funciona a dinâmica da destruição na floresta, onde feridas são abertas e ali se inicia o desmatamento em um processo contínuo e de rápida expansão, podemos contabilizar estas áreas como perdidas.
E como estancar este processo? Não existe uma resposta simples, nem mesmo soluções mágicas. As estratégias de ampliar e consolidar unidades de conservação são válidas e saudadas, mas podem ser um esforço para termos ilhas de biodiversidade, cercadas de terra arrasada, o que é um risco eminente para estes remanescentes. A tecnologia esbarra na falta de pessoal e logística. A vontade política fica de lado quando existe força política, e neste caso a briga entre ministérios é emblemática.
Creio que na realidade desconhecemos a Amazônia. A sociedade, de um modo geral, observa aquele bioma como uma visita ao zoológico. Existe um abismo intransponível entre a condição brasileira de país megadiverso e o cotidiano da sociedade. Não existe uma identidade nacional. Devido ao seu desconhecimento, temos a sensação de ser a Amazônia, uma fossa abissal.
*Felipe Amaral é ecólogo e integrante do Instituto Biofilia
Fonte: Envolverde/Felipe Amaral, para Agência Chasque
Notícias em destaque

Veracel celebra uma década de transporte de celulose 100 por cento marítimo e a redução de mais de 100 mil toneladas de emissões de CO2
Veracel celebra uma década de transporte de celulose 100 por cento marítimo e a redução de mais de 100 mil toneladas...
(LOGÍSTICA)

AkzoNobel anuncia as Cores do Ano de 2026
As Cores do Ano de 2026 da AkzoNobel trazem o Ritmo do Blues para o mercado de acabamentos de madeira, com um trio de cores versáteis que...
(INTERNACIONAL)

Ibá relança Manual do Setor de Árvores Cultivadas na reta final do Prêmio de Jornalismo
Material tem por objetivo apresentar setor para jornalistas e auxiliar na apuração de pautas e reportagens; inscrições...
(EVENTOS)

Celulose brasileira fica totalmente isenta de tarifaço de Trump
Insumo usado na fabricação de papéis, fraldas e absorventes já estava na lista de exceções da sobretaxa...
(PAPEL E CELULOSE)

Com "Abrace este Projeto", Arauco e SENAI-MS transformam vidas e qualificam mão de obra para a indústria de celulose
Iniciativa visa capacitar mão de obra e fortalecer a economia regional com cursos técnicos em áreas estratégicas e...
(GERAL)

400 associações de produtos florestais assinam carta conjunta a Trump
Mais de 400 associações, empresas e proprietários de terras que representam o setor de produtos florestais assinaram...
(INTERNACIONAL)