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Notícias
04
ago
2009
(BIOENERGIA)
Egito: O sol pode iluminar o futuro
O Egito está em uma das regiões com maior radiação solar do mundo, mas em lugar de aproveitá-la para gerar energia ainda depende em boa parte dos combustíveis fósseis. “Há muito potencial não aproveitado aqui”, disse Amr Mohsen, presidente e diretor-geral da Lótus Solar Technologies, empresa egípcia especializada em energia solar. “Há muito sol e a região tem tudo que é necessário para produzir o quilowatt/hora mais barato”, acrescentou. O Egito fica no “cinturão solar” da África setentrional, tem uma topografia desértica plana e céu claro durante grande parte do ano.
A concentração anual dos raios solares é, em média, de 2.300 quilowatts por metro quadrado no Egito, cerca de 130% do existente na Alemanha. Mas usa-se menos de 10% de tecnologia solar por habitante nesse país. O Egito depende das escassas reservas de gás e petróleo para cobrir mais de 85% do consumo elétrico. Este país pretende que 20% da demanda sejam atendidos por fontes renováveis até 2020. Mas, nessa proporção, a radiação solar representa apenas 2%, o restante se refere a energia hidrelétrica e eólica.
Os painéis fotovoltaicos, que produzem eletricidade a partir dos raios do sol, são usados para fazer funcionar dispositivos de baixo consumo como estações repetidoras de telecomunicações e cartazes de publicidade na via pública, mas, não se consegue impor iniciativas de uso domestico como os aquecedores solares de água. No Egito, esses dispositivos ocupam “entre 400 mil e 500 mil metros quadrados para uma população de 80 milhões de habitante, mas metade das unidades não funciona”, lamentou Mohsen. “Por outro lado, em Israel cobrem seis milhões de metros quadrados para seis milhões de pessoas”, acrescentou.
A pouca aceitação desses dispositivos obedece a uma variedade de fatores, explicou o especialista, desde o alto custo do investimento inicial, passando pelo medo de riscos até a resistência dos moradores de prédios a compartilhar a pequena área de terraço. “Cerca de 90% das torres residenciais deste país são de cinco andares ou mais, com uma população muito diversa”, disse Mohsen. “O teto é usado principalmente para colocar antenas parabólicas e de televisão”. Um aquecedor solar de água de 360 litros, que cobre o gasto diário de uma família pequena, ocupa seis metros quadrados e custa US$ 1.200. “As pessoas não os compra pelo alto custo inicial e não há incentivos do governo”, disse, por sua vez, Gamil nazir, técnico de vendas do Sistema de Energia Solar do Egito.
A maioria dos aquecedores está instalada em comunidades construídas nos arredores das grandes cidades devido a uma decisão ministerial de meados da década de 80 que impôs sua obrigatoriedade. Foram instaladas cerca de 50 mil unidades, mas estima-se que a maioria não funcione ou esteja desligada, disse Nazir. Foi uma boa decisão, reconheceu Mohsen, mas a má qualidade dos aquecedores desanimou as pessoas. O uso industrial da energia solar continua sendo um de seus grandes potenciais sem explorar. “Mais da metade do combustível fóssil usado no Egito é destinada a aquecer água ou gerar vapor, precisamente a função dos dispositivos solares”, ressaltou Mohsen.
Os aquecedores servem perfeitamente para pasteurizar leite, esterilizar garrafas e fazer funcionar lavadouros em dezenas de milhares de fabricas e empresas. A primeira empresa egípcia que substituiu o óleo combustível das caldeiras geradoras de vapor por aquecedores solares foi um laboratório farmacêutico que começou a operar em 2004. Mas o projeto experimental, com dois mil metros quadrados de painéis refletores, foi frustrado devido à péssima localização determinada pelas autoridades. As filas de espelhos parabólicos foram colocadas dentro de um complexo industrial militar, onde recebiam partículas corrosivas emitidas por uma das fabricas. A caldeira solar gerou vapor e permitiu comprovar a viabilidade do projeto, apesar de não se ter contemplado o delicado revestimento dos refletores.
Salvo por algumas instalações turísticas em áreas distantes deste país, as empresas locais se mostram resistentes a testar a energia solar por questões de espaço e pelo alto custo da tecnologia. Muitas empresas desconhecem os incentivos financeiros estatais para a energia solar. As fábricas que usam fontes de energia limpa podem aspirar receber um subsidio do Centro de Modernização Industrial, que fica no Cairo e que chega a 15% do custo da reconversão. Também podem conseguir financiamento pelo Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) previsto no Protocolo de Kyoto, assinado em 1997 e em vigor desde 2005, que permite aos países industrializados investir em projetos de redução de gases estufa no Sul em desenvolvimento em lugar de reduzir emissões em seu território.
A disponibilidade de gás e petróleo subsidiado barato faz com que as empresas não tenham incentivos para mudar para a energia solar, explicou Mohsen. “Com os subsídios, o capital inicial para abandonar o óleo combustível é recuperado em 10 anos, se for gás natural é de seis. Mas se for eliminada a subvenção deste último, o prazo diminui para quatro anos. Nesse caso, as pessoas iriam pensar melhor”, acrescentou. O Egito está redigindo uma nova legislação para regular o setor elétrico que prevê eliminar os subsídios e, pela primeira vez, subvencionar as energias renováveis. Mas o que realmente pode fazer a diferença é reformar as disposições municipais que regem as novas construções.
“As autorizações de construção não devem ser dadas se as novas edificações não preverem aquecedores solar de água nos tetos”, disse o diretor da Agência de Assuntos Ambientais, Hisham El-AGamawy. “Será um incentivo para que os proprietários e construtores pensem verde”, disse. Após uma grande demora começou a construção de uma usina de energia termosolar em Kureimat, 95 quilômetros ao sul do Cairo, que irá gerar eletricidade mediante dois ciclos termodinâmicos coexistentes. A turbina de gás gerará 150 megawatts e a caldeira solar de vapor outros 20. A pouca energia solar empregada não permitirá avaliar a viabilidade comercial do modelo, segundo alguns críticos, mas permitirá adquirir experiência para futuras iniciativas.
Por fim, o Egito é um dos candidatos a participar de um projeto de aproximadamente US$ 550 bilhões para construir usinas termosolares nos desertos da África setentrional para cobrir 15% das necessidades de energia elétrica da Europa até 2020. Os egípcios começam a pensar que, se para os europeus é viável gerar energia solar térmica neste país e levar por milhares de quilômetros até seu território, o modelo pode chegar a ser útil no contexto local.
A concentração anual dos raios solares é, em média, de 2.300 quilowatts por metro quadrado no Egito, cerca de 130% do existente na Alemanha. Mas usa-se menos de 10% de tecnologia solar por habitante nesse país. O Egito depende das escassas reservas de gás e petróleo para cobrir mais de 85% do consumo elétrico. Este país pretende que 20% da demanda sejam atendidos por fontes renováveis até 2020. Mas, nessa proporção, a radiação solar representa apenas 2%, o restante se refere a energia hidrelétrica e eólica.
Os painéis fotovoltaicos, que produzem eletricidade a partir dos raios do sol, são usados para fazer funcionar dispositivos de baixo consumo como estações repetidoras de telecomunicações e cartazes de publicidade na via pública, mas, não se consegue impor iniciativas de uso domestico como os aquecedores solares de água. No Egito, esses dispositivos ocupam “entre 400 mil e 500 mil metros quadrados para uma população de 80 milhões de habitante, mas metade das unidades não funciona”, lamentou Mohsen. “Por outro lado, em Israel cobrem seis milhões de metros quadrados para seis milhões de pessoas”, acrescentou.
A pouca aceitação desses dispositivos obedece a uma variedade de fatores, explicou o especialista, desde o alto custo do investimento inicial, passando pelo medo de riscos até a resistência dos moradores de prédios a compartilhar a pequena área de terraço. “Cerca de 90% das torres residenciais deste país são de cinco andares ou mais, com uma população muito diversa”, disse Mohsen. “O teto é usado principalmente para colocar antenas parabólicas e de televisão”. Um aquecedor solar de água de 360 litros, que cobre o gasto diário de uma família pequena, ocupa seis metros quadrados e custa US$ 1.200. “As pessoas não os compra pelo alto custo inicial e não há incentivos do governo”, disse, por sua vez, Gamil nazir, técnico de vendas do Sistema de Energia Solar do Egito.
A maioria dos aquecedores está instalada em comunidades construídas nos arredores das grandes cidades devido a uma decisão ministerial de meados da década de 80 que impôs sua obrigatoriedade. Foram instaladas cerca de 50 mil unidades, mas estima-se que a maioria não funcione ou esteja desligada, disse Nazir. Foi uma boa decisão, reconheceu Mohsen, mas a má qualidade dos aquecedores desanimou as pessoas. O uso industrial da energia solar continua sendo um de seus grandes potenciais sem explorar. “Mais da metade do combustível fóssil usado no Egito é destinada a aquecer água ou gerar vapor, precisamente a função dos dispositivos solares”, ressaltou Mohsen.
Os aquecedores servem perfeitamente para pasteurizar leite, esterilizar garrafas e fazer funcionar lavadouros em dezenas de milhares de fabricas e empresas. A primeira empresa egípcia que substituiu o óleo combustível das caldeiras geradoras de vapor por aquecedores solares foi um laboratório farmacêutico que começou a operar em 2004. Mas o projeto experimental, com dois mil metros quadrados de painéis refletores, foi frustrado devido à péssima localização determinada pelas autoridades. As filas de espelhos parabólicos foram colocadas dentro de um complexo industrial militar, onde recebiam partículas corrosivas emitidas por uma das fabricas. A caldeira solar gerou vapor e permitiu comprovar a viabilidade do projeto, apesar de não se ter contemplado o delicado revestimento dos refletores.
Salvo por algumas instalações turísticas em áreas distantes deste país, as empresas locais se mostram resistentes a testar a energia solar por questões de espaço e pelo alto custo da tecnologia. Muitas empresas desconhecem os incentivos financeiros estatais para a energia solar. As fábricas que usam fontes de energia limpa podem aspirar receber um subsidio do Centro de Modernização Industrial, que fica no Cairo e que chega a 15% do custo da reconversão. Também podem conseguir financiamento pelo Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) previsto no Protocolo de Kyoto, assinado em 1997 e em vigor desde 2005, que permite aos países industrializados investir em projetos de redução de gases estufa no Sul em desenvolvimento em lugar de reduzir emissões em seu território.
A disponibilidade de gás e petróleo subsidiado barato faz com que as empresas não tenham incentivos para mudar para a energia solar, explicou Mohsen. “Com os subsídios, o capital inicial para abandonar o óleo combustível é recuperado em 10 anos, se for gás natural é de seis. Mas se for eliminada a subvenção deste último, o prazo diminui para quatro anos. Nesse caso, as pessoas iriam pensar melhor”, acrescentou. O Egito está redigindo uma nova legislação para regular o setor elétrico que prevê eliminar os subsídios e, pela primeira vez, subvencionar as energias renováveis. Mas o que realmente pode fazer a diferença é reformar as disposições municipais que regem as novas construções.
“As autorizações de construção não devem ser dadas se as novas edificações não preverem aquecedores solar de água nos tetos”, disse o diretor da Agência de Assuntos Ambientais, Hisham El-AGamawy. “Será um incentivo para que os proprietários e construtores pensem verde”, disse. Após uma grande demora começou a construção de uma usina de energia termosolar em Kureimat, 95 quilômetros ao sul do Cairo, que irá gerar eletricidade mediante dois ciclos termodinâmicos coexistentes. A turbina de gás gerará 150 megawatts e a caldeira solar de vapor outros 20. A pouca energia solar empregada não permitirá avaliar a viabilidade comercial do modelo, segundo alguns críticos, mas permitirá adquirir experiência para futuras iniciativas.
Por fim, o Egito é um dos candidatos a participar de um projeto de aproximadamente US$ 550 bilhões para construir usinas termosolares nos desertos da África setentrional para cobrir 15% das necessidades de energia elétrica da Europa até 2020. Os egípcios começam a pensar que, se para os europeus é viável gerar energia solar térmica neste país e levar por milhares de quilômetros até seu território, o modelo pode chegar a ser útil no contexto local.
Fonte: Envolverde/IPS
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