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Notícias
25
jul
2009
(SETOR FLORESTAL)
Faltam pesquisadores na Amazônia
Pouco mais de 2 mil pesquisadores doutores atuam nos estados da Amazônia Legal. A região, que ocupa mais de 40% do território brasileiro e é centro das atenções de cientistas do mundo todo, responde por irrisórios 4,5% do quadro de doutores formados do País. Os dados são do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, o CNPq, e sustentam a constatação de que a maior floresta tropical do mundo ainda não superou o estigma de vazio científico.
'O paradoxo é que estamos em uma região que é central para a pesquisa internacional', avalia o pesquisador Odenildo Sena, diretor-presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas, o Fapeam. 'A Amazônia não tem recebido a atenção necessária na área da produção do conhecimento científico, quando deveria ser protagonista. Nós temos um mundo aqui a ser pesquisado, um mundo ainda a ser descoberto', diz Odenildo.
Entre os estados do Norte, o Pará é o que possui a posição mais confortável no ranking de pesquisadores doutores: são 943 cientistas com título de doutorado - oitenta a mais do que o segundo colocado, o estado do Amazonas, com 863. Os dois estados, juntos, apesar da vantagem sobre os demais da região Norte, não respondem sequer por metade do quadro da Universidade de São Paulo. A USP, sozinha, possui 5 mil doutores atuando em pesquisa. Tocantins (194), Acre (117), Rondônia (107), Roraima (106) e Amapá (40), completam o quadro.
A escassez histórica de pesquisadores na região, além de seus motivos e perspectivas de solução, voltou a ser assunto de discussão na reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, o SBPC. O campus da Universidade Federal do Amazonas, em Manaus, recebeu, entre os dias 12 e 17 deste mês, a 61ª edição do evento. O mesmo que, há dois anos, teve Belém como sede - e que recolocou em debate a má distribuição de cabeças pensantes com títulos de doutor entre as regiões do Brasil.
O Sudeste, segundo levantamento do CNPq, abocanha 64% de todas as bolsas de doutorado do País, com São Paulo respondendo por 34,11% de todas elas (dados do Mapa de Investimentos, disponíveis no site do CNPq). O Pará, no outro extremo, morde 1,61% do que é investido na formação de pesquisadores doutores. O suficiente para garantir bolsas de incentivo para 162 pesquisadores paraenses em cursos de doutorado, mais da metade das 248 bolsas destinadas à região Norte.
O CNPq também distribui para a Amazônia, hoje, cinco Bolsas de Fixação de Doutores. O auxílio é destinado a apoiar a fixação de pesquisadores e a formação de núcleos de pesquisa em regiões onde elas são teoricamente escassas. Das cinco Bolsas de Fixação, três estão no Pará. São Paulo leva 107.
Unama investe no próprio quadro
A conta da falta de cientistas na Amazônia é simples. Ainda faltam curso, infra-estrutura, incentivo e, principalmente, pessoas. Gente disposta a enveredar pela seara da pesquisa científica e, depois de obter um título de doutor, permanecer na região. A escassez de profissionais com a graduação de doutor é tanta que as universidades passaram a investir na formação de quadros próprios de doutores. E a pagar caro por isso.
A Universidade da Amazônia (Unama), a instituição particular com o maior número de professores doutores no Norte, mantém 87 de seus professores em cursos de mestrado e doutorado espalhados pelo País. Cada um, a um custo médio total de R$ 300 mil.
A pesquisadora pernambucana Núbia Maciel, pró-reitora de Pesquisa, Pós-Graduação e Extensão da Universidade da Amazônia (Unama), afirma que o investimento alto é necessário diante da dificuldade de contratação de professores com o título de doutorado. 'O custo vai desde a contratação de um professor para substituir aquele que sai para o mestrado ou doutorado, até as despesas com o deslocamento, moradia, e mesmo o tempo de trabalho dedicado para o curso, que pode durar mais de um ano e, na maioria das vezes, é feito fora do estado’.
Entre as dificuldades para a formação de doutores na Amazônia, Núbia Maciel também elenca a falta de investimentos em pesquisa na região, mas não descarta a falta de interesse dos alunos de graduação em seguir carreiro como pesquisador como fator preponderante.
A maioria dos estudantes dos cursos de graduação prefere iniciar, o quanto antes, um estágio e direcionar o curso para a formação profissional, mais prática, explica a Pró-Reitora da Unama. Para Núbia Maciel, a postura em relação ao conhecimento repassada para as crianças por professores e pais desde o ensino fundamental, reproduzida no ensino médio e sacramentada na graduação, é a principal causa pelo desinteresse com a pesquisa científica. 'É preciso mudar a ênfase no decorar dados aos alunos e estimular o sentido de investigação, de pesquisa', diz Núbia.
A cada ano, ao menos 12% das bolsas de pesquisa e iniciação científicas oferecidas ou conduzidas pela Unama simplesmente deixam de ser preenchidas. São em média 10 oportunidades de ingresso em projetos de pesquisa que deixam de ser aproveitadas a cada ano. Dez cabeças pensantes a menos para entender a Amazônia.
Não é difícil chegar à constatação de que ainda investe-se pouco em pesquisa na região. A Fapespa, correspondente paraense do que é a Fapeam para o Amazonas, direcionou R$ 90 milhões para a pesquisa em ciência, tecnologia e inovação desde que foi criada, há dois anos. Pelos 32 editais abertos desde 2007, foram concedidas 168 bolsas de mestrado e 83 bolsas de doutorado.
Produtividade
O Brasil ocupa a 13ª posição no ranking da produção científica mundial, atrás de Índia, China e Coréia do Sul. Em 2008, pesquisadores brasileiros publicaram 30.415 artigos científicos, ao passo que China (a segunda maior produção científica, atrás apenas dos Estados Unidos) produziu 112.804 artigos. A Índia, décima colocada no ranking, publicou 38.700 artigos no mesmo ano.
Entre os quatro principais países emergentes do mundo que formam o BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), apenas a Rússia ocupa posição inferior que ao Brasil, com uma discreta 15ª posição e um saldo de 27.909 artigos publicados.
A pesquisa é realizada anualmente pelo o instituto Web Of Science (WOS) e divulgada, no Brasil, pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior do Ministério da Educação, o Capes.
'O paradoxo é que estamos em uma região que é central para a pesquisa internacional', avalia o pesquisador Odenildo Sena, diretor-presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas, o Fapeam. 'A Amazônia não tem recebido a atenção necessária na área da produção do conhecimento científico, quando deveria ser protagonista. Nós temos um mundo aqui a ser pesquisado, um mundo ainda a ser descoberto', diz Odenildo.
Entre os estados do Norte, o Pará é o que possui a posição mais confortável no ranking de pesquisadores doutores: são 943 cientistas com título de doutorado - oitenta a mais do que o segundo colocado, o estado do Amazonas, com 863. Os dois estados, juntos, apesar da vantagem sobre os demais da região Norte, não respondem sequer por metade do quadro da Universidade de São Paulo. A USP, sozinha, possui 5 mil doutores atuando em pesquisa. Tocantins (194), Acre (117), Rondônia (107), Roraima (106) e Amapá (40), completam o quadro.
A escassez histórica de pesquisadores na região, além de seus motivos e perspectivas de solução, voltou a ser assunto de discussão na reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, o SBPC. O campus da Universidade Federal do Amazonas, em Manaus, recebeu, entre os dias 12 e 17 deste mês, a 61ª edição do evento. O mesmo que, há dois anos, teve Belém como sede - e que recolocou em debate a má distribuição de cabeças pensantes com títulos de doutor entre as regiões do Brasil.
O Sudeste, segundo levantamento do CNPq, abocanha 64% de todas as bolsas de doutorado do País, com São Paulo respondendo por 34,11% de todas elas (dados do Mapa de Investimentos, disponíveis no site do CNPq). O Pará, no outro extremo, morde 1,61% do que é investido na formação de pesquisadores doutores. O suficiente para garantir bolsas de incentivo para 162 pesquisadores paraenses em cursos de doutorado, mais da metade das 248 bolsas destinadas à região Norte.
O CNPq também distribui para a Amazônia, hoje, cinco Bolsas de Fixação de Doutores. O auxílio é destinado a apoiar a fixação de pesquisadores e a formação de núcleos de pesquisa em regiões onde elas são teoricamente escassas. Das cinco Bolsas de Fixação, três estão no Pará. São Paulo leva 107.
Unama investe no próprio quadro
A conta da falta de cientistas na Amazônia é simples. Ainda faltam curso, infra-estrutura, incentivo e, principalmente, pessoas. Gente disposta a enveredar pela seara da pesquisa científica e, depois de obter um título de doutor, permanecer na região. A escassez de profissionais com a graduação de doutor é tanta que as universidades passaram a investir na formação de quadros próprios de doutores. E a pagar caro por isso.
A Universidade da Amazônia (Unama), a instituição particular com o maior número de professores doutores no Norte, mantém 87 de seus professores em cursos de mestrado e doutorado espalhados pelo País. Cada um, a um custo médio total de R$ 300 mil.
A pesquisadora pernambucana Núbia Maciel, pró-reitora de Pesquisa, Pós-Graduação e Extensão da Universidade da Amazônia (Unama), afirma que o investimento alto é necessário diante da dificuldade de contratação de professores com o título de doutorado. 'O custo vai desde a contratação de um professor para substituir aquele que sai para o mestrado ou doutorado, até as despesas com o deslocamento, moradia, e mesmo o tempo de trabalho dedicado para o curso, que pode durar mais de um ano e, na maioria das vezes, é feito fora do estado’.
Entre as dificuldades para a formação de doutores na Amazônia, Núbia Maciel também elenca a falta de investimentos em pesquisa na região, mas não descarta a falta de interesse dos alunos de graduação em seguir carreiro como pesquisador como fator preponderante.
A maioria dos estudantes dos cursos de graduação prefere iniciar, o quanto antes, um estágio e direcionar o curso para a formação profissional, mais prática, explica a Pró-Reitora da Unama. Para Núbia Maciel, a postura em relação ao conhecimento repassada para as crianças por professores e pais desde o ensino fundamental, reproduzida no ensino médio e sacramentada na graduação, é a principal causa pelo desinteresse com a pesquisa científica. 'É preciso mudar a ênfase no decorar dados aos alunos e estimular o sentido de investigação, de pesquisa', diz Núbia.
A cada ano, ao menos 12% das bolsas de pesquisa e iniciação científicas oferecidas ou conduzidas pela Unama simplesmente deixam de ser preenchidas. São em média 10 oportunidades de ingresso em projetos de pesquisa que deixam de ser aproveitadas a cada ano. Dez cabeças pensantes a menos para entender a Amazônia.
Não é difícil chegar à constatação de que ainda investe-se pouco em pesquisa na região. A Fapespa, correspondente paraense do que é a Fapeam para o Amazonas, direcionou R$ 90 milhões para a pesquisa em ciência, tecnologia e inovação desde que foi criada, há dois anos. Pelos 32 editais abertos desde 2007, foram concedidas 168 bolsas de mestrado e 83 bolsas de doutorado.
Produtividade
O Brasil ocupa a 13ª posição no ranking da produção científica mundial, atrás de Índia, China e Coréia do Sul. Em 2008, pesquisadores brasileiros publicaram 30.415 artigos científicos, ao passo que China (a segunda maior produção científica, atrás apenas dos Estados Unidos) produziu 112.804 artigos. A Índia, décima colocada no ranking, publicou 38.700 artigos no mesmo ano.
Entre os quatro principais países emergentes do mundo que formam o BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), apenas a Rússia ocupa posição inferior que ao Brasil, com uma discreta 15ª posição e um saldo de 27.909 artigos publicados.
A pesquisa é realizada anualmente pelo o instituto Web Of Science (WOS) e divulgada, no Brasil, pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior do Ministério da Educação, o Capes.
Fonte: O Liberal
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