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Notícias
12
jul
2009
(INDÚSTRIA)
Importações crescem e preocupam indústria
A recuperação da economia doméstica está trazendo de volta às indústrias de manufaturados um problema interrompido durante o agravamento da crise externa, entre outubro e março. As importações voltam a crescer lentamente e preocupam exportadores, que já sofriam com a queda das vendas no exterior e vêem novamente o risco de perder espaço no mercado interno.
Em junho, conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a média diária de importações de bens de consumo cresceu 1,1% em relação a maio, sendo que as compras externas de bens duráveis aumentaram 10,3% e as de não duráveis tiveram redução de 8,7%. No semestre, as importações do grupo de manufaturados registraram quedas, mas inferiores à retração verificada na produção dos mesmos itens, o que para economistas sinaliza a substituição de produtos nacionais por importados. No semestre, houve queda de 13,7% na importação de bens de capital, de 7% em bens de consumo (os não duráveis tiveram aumento de 2,9% e os duráveis, queda de 14,9%).
"Aparentemente há uma substituição dos bens de capital e bens de consumo nacionais por importados, tendo em vista que as importações não recuaram tanto quanto a produção. Em bens de capital essa penetração de importados é mais evidente. Em bens de consumo, a substituição é mais forte nos setores de confecção, calçados e em algumas linhas de móveis, que já apresentavam problemas com a concorrência externa antes da crise", afirma o economista-chefe da Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (Funcex), Fernando Ribeiro. As importações desses setores, diz, diminuíram no período mais crítico da crise, mas tendem a registrar recuperação ao longo dos meses, seguindo a economia brasileira.
O presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Heitor Klein, prevê para o ano uma demanda doméstica estável, com consumo próximo a 600 milhões de pares. O espaço para o produto nacional, porém, tende a ser cada vez menor. De janeiro a maio, as importações da China cresceram 4,5%, para 17,9 milhões de pares. A entidade cobra do governo federal a adoção de uma tarifa provisória enquanto o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio estuda o pedido de medidas antidumping encaminhado pelo setor.
"A China está ocupando espaços da produção brasileira no mercado interno e no externo. Para concorrer, as indústrias nacionais teriam que oferecer preço menor ou melhores condições de financiamento [no caso de bens duráveis] do que as chinesas, mas não é possível concorrer com um país que possui US$ 2 trilhões em reservas para financiar as vendas", observa o vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro.
Além da facilidade de crédito, observa, a China tem a seu favor uma moeda mais desvalorizada frente ao dólar que o real (US$ 1 equivale a 6,84 yuans e a R$ 2,016), o que favorece as exportações. "A maioria dos países apresentou valorização da moeda frente ao dólar, enquanto a moeda da China ficou praticamente estável, dando a esse país um diferencial extra para exportar", afirma Castro.
De acordo com o assessor econômico da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Gilmar Freitas, as importações de componentes e partes para eletrodomésticos também registrou incremento, sobretudo a partir de abril. "Não temos estatísticas fechadas, mas já se observou aumento das compras externas de matérias-primas e componentes pela expansão das cargas em liberação no porto de Manaus e pelo aumento de contêineres estocados. A redução dos preços no mercado externo e o câmbio têm favorecido a substituição de alguns itens por importados para redução do custo industrial", afirma.
A participação dos produtos brasileiros no mercado externo também é dificultada por essa concorrência. A Bibi Calçados registrou queda de 30% nas exportações no primeiro semestre e não espera melhora para a segunda metade do ano. A maior fonte de dor de cabeça é a Argentina, que até 2008 absorvia 20% das exportações da empresa. Em junho, o país fez acordo com o Brasil para reduzir para 60 dias os prazos de liberação das licenças de importação de calçados, que estavam alcançando até cinco meses, e devem limitar as vendas da empresa àquele mercado a até 100 mil pares em 2009, ante um volume histórico de 300 mil e 400 mil pares. Em compensação, os brasileiros tiveram que engolir um teto de 15 milhões de pares por ano, 19% abaixo do volume embarcado em 2008, até 2011.
"Algumas cargas foram liberadas, mas agora a Argentina já trancou tudo de novo", afirma o empresário, que tem 6 mil pares à espera de licença para ingressar no país vizinho há 130 dias. Outros mercados importantes para a empresa que neste ano impuseram barreiras comerciais foram Equador e Venezuela. "O Equador, que comprava 140 mil pares por ano, não levou nada até agora e a Venezuela, que importava 170 mil pares, não deve passar de 70 mil (em 2009)", comenta.
"Para as indústrias brasileiras, a demanda externa depende de Estados Unidos, China e Argentina. Os Estados Unidos estão em um processo de recuperação lento. A China também depende do mercado americano para elevar a produção e a Argentina passa inclusive por problemas políticos. Não vejo recuperação rápida para as exportações brasileiras", afirma a economista do Santander Luiza Rodrigues. A indústria de vestuário Cativa, que já teve 40% das suas vendas voltadas ao mercado externo, neste ano deve exportar apenas 3% da produção. "Não estamos gastando energia mais neste mercado", afirma o presidente da empresa, Gilmar Sprung.
O economista André Sacconato, da Tendências Consultoria, prevê aumento de 24% nas importações, fruto da recuperação da demanda no Brasil, e de 15,5% nas exportações, graças a um aumento sazonal dos embarques de commodities no terceiro trimestre. O economista da LCA Consultores, Francisco Pessoa, também prevê uma pequena melhora no comércio exterior, mas focado em matérias-primas e sem recuperação efetiva de manufaturados. O economista projeta queda de 19,2% nas exportações no segundo semestre ante igual período de 2008 - inferior à queda de 28,4% registrada no primeiro semestre, e queda de 6,8% nas importações no segundo semestre, após queda de 10,9% nos seis primeiros meses do ano.
Em junho, conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a média diária de importações de bens de consumo cresceu 1,1% em relação a maio, sendo que as compras externas de bens duráveis aumentaram 10,3% e as de não duráveis tiveram redução de 8,7%. No semestre, as importações do grupo de manufaturados registraram quedas, mas inferiores à retração verificada na produção dos mesmos itens, o que para economistas sinaliza a substituição de produtos nacionais por importados. No semestre, houve queda de 13,7% na importação de bens de capital, de 7% em bens de consumo (os não duráveis tiveram aumento de 2,9% e os duráveis, queda de 14,9%).
"Aparentemente há uma substituição dos bens de capital e bens de consumo nacionais por importados, tendo em vista que as importações não recuaram tanto quanto a produção. Em bens de capital essa penetração de importados é mais evidente. Em bens de consumo, a substituição é mais forte nos setores de confecção, calçados e em algumas linhas de móveis, que já apresentavam problemas com a concorrência externa antes da crise", afirma o economista-chefe da Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (Funcex), Fernando Ribeiro. As importações desses setores, diz, diminuíram no período mais crítico da crise, mas tendem a registrar recuperação ao longo dos meses, seguindo a economia brasileira.
O presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Heitor Klein, prevê para o ano uma demanda doméstica estável, com consumo próximo a 600 milhões de pares. O espaço para o produto nacional, porém, tende a ser cada vez menor. De janeiro a maio, as importações da China cresceram 4,5%, para 17,9 milhões de pares. A entidade cobra do governo federal a adoção de uma tarifa provisória enquanto o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio estuda o pedido de medidas antidumping encaminhado pelo setor.
"A China está ocupando espaços da produção brasileira no mercado interno e no externo. Para concorrer, as indústrias nacionais teriam que oferecer preço menor ou melhores condições de financiamento [no caso de bens duráveis] do que as chinesas, mas não é possível concorrer com um país que possui US$ 2 trilhões em reservas para financiar as vendas", observa o vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro.
Além da facilidade de crédito, observa, a China tem a seu favor uma moeda mais desvalorizada frente ao dólar que o real (US$ 1 equivale a 6,84 yuans e a R$ 2,016), o que favorece as exportações. "A maioria dos países apresentou valorização da moeda frente ao dólar, enquanto a moeda da China ficou praticamente estável, dando a esse país um diferencial extra para exportar", afirma Castro.
De acordo com o assessor econômico da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Gilmar Freitas, as importações de componentes e partes para eletrodomésticos também registrou incremento, sobretudo a partir de abril. "Não temos estatísticas fechadas, mas já se observou aumento das compras externas de matérias-primas e componentes pela expansão das cargas em liberação no porto de Manaus e pelo aumento de contêineres estocados. A redução dos preços no mercado externo e o câmbio têm favorecido a substituição de alguns itens por importados para redução do custo industrial", afirma.
A participação dos produtos brasileiros no mercado externo também é dificultada por essa concorrência. A Bibi Calçados registrou queda de 30% nas exportações no primeiro semestre e não espera melhora para a segunda metade do ano. A maior fonte de dor de cabeça é a Argentina, que até 2008 absorvia 20% das exportações da empresa. Em junho, o país fez acordo com o Brasil para reduzir para 60 dias os prazos de liberação das licenças de importação de calçados, que estavam alcançando até cinco meses, e devem limitar as vendas da empresa àquele mercado a até 100 mil pares em 2009, ante um volume histórico de 300 mil e 400 mil pares. Em compensação, os brasileiros tiveram que engolir um teto de 15 milhões de pares por ano, 19% abaixo do volume embarcado em 2008, até 2011.
"Algumas cargas foram liberadas, mas agora a Argentina já trancou tudo de novo", afirma o empresário, que tem 6 mil pares à espera de licença para ingressar no país vizinho há 130 dias. Outros mercados importantes para a empresa que neste ano impuseram barreiras comerciais foram Equador e Venezuela. "O Equador, que comprava 140 mil pares por ano, não levou nada até agora e a Venezuela, que importava 170 mil pares, não deve passar de 70 mil (em 2009)", comenta.
"Para as indústrias brasileiras, a demanda externa depende de Estados Unidos, China e Argentina. Os Estados Unidos estão em um processo de recuperação lento. A China também depende do mercado americano para elevar a produção e a Argentina passa inclusive por problemas políticos. Não vejo recuperação rápida para as exportações brasileiras", afirma a economista do Santander Luiza Rodrigues. A indústria de vestuário Cativa, que já teve 40% das suas vendas voltadas ao mercado externo, neste ano deve exportar apenas 3% da produção. "Não estamos gastando energia mais neste mercado", afirma o presidente da empresa, Gilmar Sprung.
O economista André Sacconato, da Tendências Consultoria, prevê aumento de 24% nas importações, fruto da recuperação da demanda no Brasil, e de 15,5% nas exportações, graças a um aumento sazonal dos embarques de commodities no terceiro trimestre. O economista da LCA Consultores, Francisco Pessoa, também prevê uma pequena melhora no comércio exterior, mas focado em matérias-primas e sem recuperação efetiva de manufaturados. O economista projeta queda de 19,2% nas exportações no segundo semestre ante igual período de 2008 - inferior à queda de 28,4% registrada no primeiro semestre, e queda de 6,8% nas importações no segundo semestre, após queda de 10,9% nos seis primeiros meses do ano.
Fonte: Valor Online
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