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Notícias
06
jul
2009
(LOGÍSTICA)
Apagão logístico ameaça reação no pós-crise
Os problemas de infraestrutura de transporte para o escoamento da produção agrícola brasileira voltarão assim que a economia mundial retomar o crescimento econômico, o que deve ocorrer em até dois anos.
Segundo representantes do agronegócio nacional, setor que trouxe para o Brasil US$ 71,8 bilhões em divisas de exportação em 2008, não há investimentos ou organização capazes de adequar a infraestrutura em tão pouco tempo.
Essa é a conclusão de encontro promovido pela Abag (Associação Brasileira de Agribusiness) com produtores, transportadores e exportadores.
"Infelizmente, ainda não estamos preparados para a retomada econômica. Nos portos, o Brasil perdeu uma grande chance. Enquanto os bancos batiam à porta de todo o mundo, ficamos discutindo o marco regulatório", diz José Balau, diretor de operações da Aliança Navegação, empresa controlada pela Hamburg Süd.
A companhia, dona de 20% do frete marítimo no Brasil, diz que, como consequência, o Brasil perde por ano US$ 300 milhões só com problemas operacionais em portos. Isso não inclui as perdas no transporte da produção entre o interior do país e o litoral. Mas apenas esse valor equivale, segundo a empresa, a jogar fora um terminal médio de contêineres por ano.
De acordo com Balau, a dragagem dos canais de navegação nos principais portos brasileiros é a única providência que parece evoluir no momento. A construção de grandes áreas para a movimentação de contêineres, o que tornaria a operação mais eficiente, não ocorreu, e os poucos projetos para novos terminais só ficarão prontos em cinco ou dez anos.
"A experiência mostra que um terminal de contêineres demora dez anos para operar. Apenas os ajustes ambientais tomam três anos. A recuperação econômica, que vai gerar demanda de transporte, ocorrerá bem antes disso", afirma.
Desafio
Números da Anut (Associação Nacional dos Usuários do Transporte de Cargas) indicam que previsões tímidas de crescimento de 2% do PIB brasileiro até 2023 -horizonte do PNLT (Plano Nacional de Logística e Transporte)- vão ampliar para 420 milhões de toneladas o total de cargas geradas pelo agronegócio brasileiro. A infraestrutura disponível atualmente tem de dar conta de 308 milhões de toneladas.
Esses volumes gerados pelo campo podem alcançar os 545 milhões de toneladas até 2023 se o país crescer ao ritmo de 4% ao ano. Para Paulo Manoel Protasio, presidente da Anut, não há hoje nenhuma coordenação do governo que seja suficiente para dar conta desse desafio. "Não vejo orquestração no momento. O PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] promoveu mudanças enormes, mas não consegue vencer o crônico problema de gestão", diz.
O investimento para ajustar a infraestrutura à demanda do agronegócio, de acordo com a Anut, seria de R$ 82 bilhões até 2023. A conclusão do trabalho é que, se todo o PAC fosse executado, ainda faltariam R$ 45 bilhões para o cumprimento do PNLT, o mesmo que pretende pôr fim à hegemonia do transporte rodoviário.
Ambiente
Em entrevista à Folha, Luiz Antônio Pagot, diretor-geral do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), diz que as exigências atuais do Ibama para licenciamento de obras em estradas são "absurdas". À frente do órgão responsável pela execução de 579 contratos do PAC, conta que os funcionários da agência ambiental operam sob "motivações ideológicas" e que deliberadamente "impedem a implantação da infraestrutura".
Depois de 14 contratos perdidos devido à demora no licenciamento, Pagot diz que apenas R$ 3 bilhões dos R$ 8,6 bilhões disponíveis para investimentos neste ano estão em execução. A exemplo dos anos anteriores, a tendência, afirma, é que sobrem recursos -ironia para o setor, acostumado a investimentos ínfimos.
O presidente do Ibama, Roberto Messias, rebateu as críticas do colega de governo. Segundo Messias, assim como o Dnit, a agência ambiental também tem responsabilidades sobre os projetos. Ele disse que as "exigências absurdas", conforme classificadas pelo Dnit, são em realidade precauções tomadas pelo Ibama.
"O Ibama é cuidadoso, e isso é interpretado como exagero. Pode até ser que haja o que simplificar. Estamos fazendo um esforço hercúleo para essa simplificação", diz. Ele afirma que em 2009 serão 500 empreendimentos licenciados. Em 2003, foram 100.
Sobre as exigências em projetos antigos, Messias afirma: "Toda a malha rodoviária do país é de outro tempo. Agora, quando se começa a refazer essas obras, precisamos tomar os cuidados ambientais ignorados no passado".
Segundo representantes do agronegócio nacional, setor que trouxe para o Brasil US$ 71,8 bilhões em divisas de exportação em 2008, não há investimentos ou organização capazes de adequar a infraestrutura em tão pouco tempo.
Essa é a conclusão de encontro promovido pela Abag (Associação Brasileira de Agribusiness) com produtores, transportadores e exportadores.
"Infelizmente, ainda não estamos preparados para a retomada econômica. Nos portos, o Brasil perdeu uma grande chance. Enquanto os bancos batiam à porta de todo o mundo, ficamos discutindo o marco regulatório", diz José Balau, diretor de operações da Aliança Navegação, empresa controlada pela Hamburg Süd.
A companhia, dona de 20% do frete marítimo no Brasil, diz que, como consequência, o Brasil perde por ano US$ 300 milhões só com problemas operacionais em portos. Isso não inclui as perdas no transporte da produção entre o interior do país e o litoral. Mas apenas esse valor equivale, segundo a empresa, a jogar fora um terminal médio de contêineres por ano.
De acordo com Balau, a dragagem dos canais de navegação nos principais portos brasileiros é a única providência que parece evoluir no momento. A construção de grandes áreas para a movimentação de contêineres, o que tornaria a operação mais eficiente, não ocorreu, e os poucos projetos para novos terminais só ficarão prontos em cinco ou dez anos.
"A experiência mostra que um terminal de contêineres demora dez anos para operar. Apenas os ajustes ambientais tomam três anos. A recuperação econômica, que vai gerar demanda de transporte, ocorrerá bem antes disso", afirma.
Desafio
Números da Anut (Associação Nacional dos Usuários do Transporte de Cargas) indicam que previsões tímidas de crescimento de 2% do PIB brasileiro até 2023 -horizonte do PNLT (Plano Nacional de Logística e Transporte)- vão ampliar para 420 milhões de toneladas o total de cargas geradas pelo agronegócio brasileiro. A infraestrutura disponível atualmente tem de dar conta de 308 milhões de toneladas.
Esses volumes gerados pelo campo podem alcançar os 545 milhões de toneladas até 2023 se o país crescer ao ritmo de 4% ao ano. Para Paulo Manoel Protasio, presidente da Anut, não há hoje nenhuma coordenação do governo que seja suficiente para dar conta desse desafio. "Não vejo orquestração no momento. O PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] promoveu mudanças enormes, mas não consegue vencer o crônico problema de gestão", diz.
O investimento para ajustar a infraestrutura à demanda do agronegócio, de acordo com a Anut, seria de R$ 82 bilhões até 2023. A conclusão do trabalho é que, se todo o PAC fosse executado, ainda faltariam R$ 45 bilhões para o cumprimento do PNLT, o mesmo que pretende pôr fim à hegemonia do transporte rodoviário.
Ambiente
Em entrevista à Folha, Luiz Antônio Pagot, diretor-geral do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), diz que as exigências atuais do Ibama para licenciamento de obras em estradas são "absurdas". À frente do órgão responsável pela execução de 579 contratos do PAC, conta que os funcionários da agência ambiental operam sob "motivações ideológicas" e que deliberadamente "impedem a implantação da infraestrutura".
Depois de 14 contratos perdidos devido à demora no licenciamento, Pagot diz que apenas R$ 3 bilhões dos R$ 8,6 bilhões disponíveis para investimentos neste ano estão em execução. A exemplo dos anos anteriores, a tendência, afirma, é que sobrem recursos -ironia para o setor, acostumado a investimentos ínfimos.
O presidente do Ibama, Roberto Messias, rebateu as críticas do colega de governo. Segundo Messias, assim como o Dnit, a agência ambiental também tem responsabilidades sobre os projetos. Ele disse que as "exigências absurdas", conforme classificadas pelo Dnit, são em realidade precauções tomadas pelo Ibama.
"O Ibama é cuidadoso, e isso é interpretado como exagero. Pode até ser que haja o que simplificar. Estamos fazendo um esforço hercúleo para essa simplificação", diz. Ele afirma que em 2009 serão 500 empreendimentos licenciados. Em 2003, foram 100.
Sobre as exigências em projetos antigos, Messias afirma: "Toda a malha rodoviária do país é de outro tempo. Agora, quando se começa a refazer essas obras, precisamos tomar os cuidados ambientais ignorados no passado".
Fonte: Por Folha de São Paulo - SP
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