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Notícias
18
jun
2009
(DESMATAMENTO)
Índice de desenvolvimento humano é menor nas regiões em que a floresta amazônica foi degradada
Se alguém ainda tinha dúvidas, um estudo publicado esta semana pela Science confirma que o desmatamento está na contramão do desenvolvimento da sociedade. Pesquisadores brasileiros e europeus avaliaram dados de centenas de municípios na Amazônia e constataram que o índice de desenvolvimento humano (IDH) é menor naqueles que têm a maior área de floresta derrubada.
O trabalho foi coordenado pela portuguesa Ana Rodrigues, pesquisadora da Universidade de Cambridge (Reino Unido), em parceria com estudiosos do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), sediado em Belém, e de outras duas universidades britânicas.
"Este estudo demonstra que a estratégia de desenvolvimento que historicamente tem sido seguida na Amazônia não é adequada, já que nem garante a conservação do extraordinário patrimônio natural da região, nem proporciona uma melhoria da qualidade de vida das populações", avalia Ana Rodrigues em entrevista à CH On-line. "Esperamos que estes resultados estimulem o debate político sobre futuras estratégias de desenvolvimento para a Amazônia. E que, a longo prazo, contribuam para a adoção de políticas e incentivos econômicos que permitam uma trajetória de desenvolvimento baseado na valorização da floresta e dos benefícios que ela providencia”.
O grupo reuniu dados colhidos no censo do ano 2000 relativos a 286 municípios da Amazônia brasileira que apresentavam diferentes estágios de preservação da floresta. Os municípios foram divididos em sete grupos, desde aqueles cujo desmatamento é considerado inativo (com mais de 90% de mata nativa), passando pelos que estavam em processo de desmatamento, até os que já foram quase totalmente desmatados (com quase 90% da área degradada). Em seguida, foram avaliados indicadores de desenvolvimento desses municípios, como expectativa de vida, taxa de alfabetização e renda per capita.
O cruzamento dos dados permitiu aos pesquisadores identificar um padrão que relaciona os níveis de desmatamento de cada município com seu IDH. Esse índice geralmente é baixo nas regiões de mata nativa e cresce rapidamente com o início da derrubada da mata. Os municípios em que o desmatamento ainda estava em curso tinham IDH acima da média nacional. No entanto, aqueles em que a floresta já havia sido quase totalmente devastada apresentavam índices menores que a média do país.
Expansão e retração
De acordo com os autores do estudo, o aumento do IDH nos estágios iniciais de desmatamento dá a falsa impressão de que as atividades econômicas ali desenvolvidas elevam o padrão de vida da população. Na verdade, o que ocorre é um fenômeno que os pesquisadores identificaram como uma expansão seguida pela retração do desenvolvimento na fronteira do desmatamento.
Segundo o engenheiro agrônomo Adalberto Veríssimo, pesquisador do Imazon e coautor do trabalho, a alta do IDH no início da derrubada da mata vem do aumento da renda das populações com o uso dos recursos naturais, como a extração da madeira, que é seguida pelo uso da terra para a criação de gado.
No entanto, a bonança é passageira. “Esse ciclo dura no máximo 20 anos”, conta Veríssimo. “Depois que a madeira vai embora e o pasto fica ruim, essa população precisa desmatar outra área, ou então sofre com a falta de recursos”. Segundo o engenheiro agrônomo, a fase de retração “comprova que o desmatamento gera renda de maneira efêmera, pois o desenvolvimento obtido não se mantém”.
Para os autores, a solução para a melhoria do IDH dos municípios da Amazônia estaria na adoção de políticas de incentivo ao desenvolvimento sustentável das populações ribeirinhas, acompanhada de um melhor acesso à saúde e educação. O estudo cita programas de incentivo à preservação da mata, como o “Bolsa Floresta”, do governo do Amazonas, que apoia famílias que cultivam suas terras de maneira consciente.
Zerar o desmatamento
Veríssimo afirma que as ações como essa são insuficientes. Segundo ele, é preciso também mais vontade política para resolver o problema. “A forma mais barata de diminuir as emissões nacionais de carbono é barrar o desmatamento, mas para isso o Brasil precisa investir”.
O pesquisador estima que, para subsidiar uma economia sustentável no local, seriam necessários 17 bilhões de reais por ano – o equivalente a 0,5% do produto interno bruto (PIB) brasileiro – pelas próximas duas décadas. “Zerar o desmatamento deve ser uma prioridade de todos”, defende Veríssimo. “Quem paga pela destruição da floresta somos nós, cidadãos brasileiros, e o resto do planeta”.
O trabalho foi coordenado pela portuguesa Ana Rodrigues, pesquisadora da Universidade de Cambridge (Reino Unido), em parceria com estudiosos do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), sediado em Belém, e de outras duas universidades britânicas.
"Este estudo demonstra que a estratégia de desenvolvimento que historicamente tem sido seguida na Amazônia não é adequada, já que nem garante a conservação do extraordinário patrimônio natural da região, nem proporciona uma melhoria da qualidade de vida das populações", avalia Ana Rodrigues em entrevista à CH On-line. "Esperamos que estes resultados estimulem o debate político sobre futuras estratégias de desenvolvimento para a Amazônia. E que, a longo prazo, contribuam para a adoção de políticas e incentivos econômicos que permitam uma trajetória de desenvolvimento baseado na valorização da floresta e dos benefícios que ela providencia”.
O grupo reuniu dados colhidos no censo do ano 2000 relativos a 286 municípios da Amazônia brasileira que apresentavam diferentes estágios de preservação da floresta. Os municípios foram divididos em sete grupos, desde aqueles cujo desmatamento é considerado inativo (com mais de 90% de mata nativa), passando pelos que estavam em processo de desmatamento, até os que já foram quase totalmente desmatados (com quase 90% da área degradada). Em seguida, foram avaliados indicadores de desenvolvimento desses municípios, como expectativa de vida, taxa de alfabetização e renda per capita.
O cruzamento dos dados permitiu aos pesquisadores identificar um padrão que relaciona os níveis de desmatamento de cada município com seu IDH. Esse índice geralmente é baixo nas regiões de mata nativa e cresce rapidamente com o início da derrubada da mata. Os municípios em que o desmatamento ainda estava em curso tinham IDH acima da média nacional. No entanto, aqueles em que a floresta já havia sido quase totalmente devastada apresentavam índices menores que a média do país.
Expansão e retração
De acordo com os autores do estudo, o aumento do IDH nos estágios iniciais de desmatamento dá a falsa impressão de que as atividades econômicas ali desenvolvidas elevam o padrão de vida da população. Na verdade, o que ocorre é um fenômeno que os pesquisadores identificaram como uma expansão seguida pela retração do desenvolvimento na fronteira do desmatamento.
Segundo o engenheiro agrônomo Adalberto Veríssimo, pesquisador do Imazon e coautor do trabalho, a alta do IDH no início da derrubada da mata vem do aumento da renda das populações com o uso dos recursos naturais, como a extração da madeira, que é seguida pelo uso da terra para a criação de gado.
No entanto, a bonança é passageira. “Esse ciclo dura no máximo 20 anos”, conta Veríssimo. “Depois que a madeira vai embora e o pasto fica ruim, essa população precisa desmatar outra área, ou então sofre com a falta de recursos”. Segundo o engenheiro agrônomo, a fase de retração “comprova que o desmatamento gera renda de maneira efêmera, pois o desenvolvimento obtido não se mantém”.
Para os autores, a solução para a melhoria do IDH dos municípios da Amazônia estaria na adoção de políticas de incentivo ao desenvolvimento sustentável das populações ribeirinhas, acompanhada de um melhor acesso à saúde e educação. O estudo cita programas de incentivo à preservação da mata, como o “Bolsa Floresta”, do governo do Amazonas, que apoia famílias que cultivam suas terras de maneira consciente.
Zerar o desmatamento
Veríssimo afirma que as ações como essa são insuficientes. Segundo ele, é preciso também mais vontade política para resolver o problema. “A forma mais barata de diminuir as emissões nacionais de carbono é barrar o desmatamento, mas para isso o Brasil precisa investir”.
O pesquisador estima que, para subsidiar uma economia sustentável no local, seriam necessários 17 bilhões de reais por ano – o equivalente a 0,5% do produto interno bruto (PIB) brasileiro – pelas próximas duas décadas. “Zerar o desmatamento deve ser uma prioridade de todos”, defende Veríssimo. “Quem paga pela destruição da floresta somos nós, cidadãos brasileiros, e o resto do planeta”.
Fonte: Ciência Hoje Online
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