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Notícias

28
mai
2009
(MADEIRA E PRODUTOS)
Pará: fraude de R$ 15 milhões no sistema de controle de madeira
Fraude no sistema que controla a exploração e o comércio de madeira no Pará liberou para venda 50 mil m³ do produto, o que rendeu pelo menos R$ 15 milhões aos envolvidos. Baseada em denúncia de um usuário, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) abriu processo administrativo disciplinar para investigar o caso no prazo de 60 dias.

O estoque de madeira autorizada para corte foi alterado por funcionários da própria Sema. Nove pessoas já foram afastadas sob suspeita de envolvimento na fraude. Num dos projetos, o volume autorizado originalmente era de 12 mil m³ e foi ajustado para 55 mil m³. Foram feitos dois lançamentos num mesmo dia sob a justificativa "ajuste de crédito realizado devido a erro de digitação". O segundo projeto foi ajustado de 42 mil m³ para 49 mil m³, sob a mesma justificativa.

Os dois projetos, localizados nos municípios de Pacajá e Anapu, já haviam sido explorados até o limite licenciado. São várias as espécies autorizadas, dentre elas ipê, maçaranduba, angelim e sucupira, todas de alto valor comercial.

Controlado pela Sema, o volume de madeira legal movimentado no Sistema de Comercialização e Transporte de Produtos Florestais (Sisflora), entre 2007 e 2008, foi de R$ 8 bilhões. A fraude beneficia madeira de origem ilegal, que deve movimentar cerca de R$ 2 bilhões/ano, com o dobro de árvores derrubadas.

A Sema comunicou a ocorrência ao Ministério Público Federal (MPF), que já acompanha outras denúncias similares, e remanejou para outras áreas da secretaria a equipe de nove pessoas da Gerência de Sistema, Comercialização e Transporte de Produtos Florestais (Gesflora).

A Sema entregou ao MPF e à Polícia Federal cópias de processos sob suspeita e senhas específicas, para que possam ter acesso direto ao sistema e aos arquivos.

Foram identificados dois casos de ajuste de crédito feitos sob o mesmo padrão e com a utilização da mesma senha. A movimentação foi feita fora do horário permitido pela Instrução Normativa que regulamenta a atividade na área, a qual limita o acesso ao sistema até as 18 horas.

Os sistemas utilizados pela Sema possuem a mesma segurança do setor bancário, por isso todos os indícios são de que a alteração foi feita internamente, já que o acesso às senhas é restrito e não há registro de tentativa de invasão externa por hackers ou crackers.

A nova equipe que assumiu o setor vai analisar os projetos que sofreram ajuste nos créditos. Segundo a Sema, a substituição busca garantir a lisura da investigação, evitar que possíveis envolvidos possam obstruir os procedimentos em andamento e proteger servidores que possam ser acusados injustamente.

Fonte: Terra Magazine

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