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Notícias
23
mar
2009
(MEIO AMBIENTE)
Sem a mata atlântica, a Capital sofreria dificuldade para ter o que beber
O abastecimento para a Região Metropolitana de Curitiba está diretamente relacionada com a preservação das florestas na Serra do Mar.
Uma simbiose mata a sede de Curitiba. Na Serra do Mar paranaense, onde a Mata Atlântica ainda resiste, cada gota de água formada pela “respiração” das árvores conta para abastecer as casas de mais de 1 milhão de pessoas na Capital. Na verdade vai mais além. Dois terços da água consumida na Região Metropolitana têm origem na Serra do Mar. Sem a Mata Atlântica, não haveria água suficiente para sustentar a Grande Curitiba. É uma simbiose porque se a mata não for protegida, as torneiras secam. Ontem, o mundo comemorou o Dia Mundial da Água.
“Uma árvore média coloca 150 litros de água no ar por dia”, conta o diretor de Mobilização da Fundação SOS Mata Atlântica, Mario Mantovani. São essas gotículas vindas da “respiração” da floresta que vão encharcar o solo, atingir o lençol freático e formar as nascentes, que depois originarão os cursos d’água que chegam até a captação para consumo humano. Isso quer dizer que cada gota que sai das torneiras nas casas de 1,5 milhões de habitantes da RMC tem origem nessa “respiração-transpiração”. E o elo se repete continuamente no enriquecimento dos mananciais.
Mas este é um elo é frágil, e pode se quebrar interrompendo a cadeia da sustentabilidade. O que existe de simbiose, existe também de paradoxo e incoerência. A Mata Atlântica, com apenas 7% de seus remanescentes originais, continua a ser um dos ambientes que mais sofre com a pressão urbana no País, e não é diferente no Paraná.
“Ainda não existe uma percepção direta da população sobre essa relação com as matas. A Mata Atlântica é uma fábrica de água”, comenta Mantovani. Na maior parte das vezes, as pessoas pensam na questão ambiental de maneira distante, e pouco dão importância para no que ela interfere em suas vidas. “A questão da água é o que relaciona mais diretamente a importância das florestas no dia-a-dia das pessoas, mesmo que elas não percebam”, continua o diretor da SOS Mata Atlântica, uma das mais importantes do Brasil.
Apesar dos remanescentes de Mata Atlântica no País ocuparem apenas 15% do território nacional, no seu entorno vivem 120 milhões de pessoas. São 3.400 municípios em 17 Estados que mantêm uma relação, às vezes tênue, com a Mata. “As áreas de mananciais estão comprometidas pela expansão urbana. Isso é preocupante”, continua Mantovani. “É isso que detona a floresta”. No Paraná existem apenas dois grandes remanescentes originais. Além da Serra do Mar, o Parque Nacional do Iguaçu, no Oeste do Estado, mantém a mata nativa. O Estado inteiro já foi coberto pela Mata Atlântica.
“A preservação da floresta e a disponibilidade da água são duas coisas que andam paralelas. Tirou a mata, acabou a água, tanto em quantidade como em qualidade”, explica o coordenador de produção de água da Companhia Paranaense de Saneamento (Sanepar), Agenor Zarpelon.
Na área de influência — ou convivência — da Mata se origina mais da metade das riquezas do País. As cidades jamais sairão. Mas precisam aprender a conviver com as florestas, com risco claro de se tornarem inviáveis. “São Paulo, por exemplo, busca água cada vez mais longe. E isso encarece a produção. Ela não tem mais de onde tirar (água)”, aponta Mantovani. São Paulo não resistiu à pressão, como se sabe. E a Grande Curitiba?
Pressão — Na RMC a pressão também é gigantesca. A região cresce a uma taxa de quase 5% ao ano, uma das maiores do País. O desafio para os próximos anos é como não deixar que essa pressão avance sobre as encostas da Serra do Mar. E mais, como abastecer de água esse contigente que cresce em ritmo acelerado.
Na RMC existe uma certa determinação para não deixar que isso ocorra, ainda que as ações ocorram de maneira descoordenada. Na linha de frente está o município de Piraquara. Com o título de “berço das águas”, guarda sozinha a incumbência de preservar a maior parte das nascentes e dos mananciais, que por sua vez são abastecidos na Serra do Mar. E é uma missão cumprida com prazer. “A população da cidade é engajada e, mesmo com a dificuldade de orçamento, abraça a causa. Nós sabemos da nossa responsabilidade”, diz o secretário municipal de Meio Ambiente de Piraquara, Gilmar Zachi Clavisso.
O município tem simplesmente 1.162 nascentes, que alimentam ou formam os rios Piraquara, Iraí, Iraizinho, Itaqui, Atuba e Rio do Meio. Praticamente todo seu território é comprometido com a formação dos mananciais de abastecimento. Quase não há disponibilidade para a instalação de indústrias, e há um rigoroso controle municipal em relação ao meio ambiente. Até o Ministério Público Estadual tem uma ação que impede a instalação de qualquer tipo de indústria na cidade, tudo para proteger o berço.
Além disso, na Serra do Mar são atualmente 20 reservas ambientais — provadas e públicas — que também garantem uma certa proteção contra o avanço urbano. IAP, Ibama e a própria Sanepar trabalham para deixar a Mata Atlântica o mais intocável possível.
Acidental — Certo que atualmente sabemos da dependência que temos com a Mata Atlântica. Mas essa visão não existia há algumas décadas. Isso significa que o fato da Mata Atlântica ainda existir majestosa na Serra do Mar do Paraná não foi fruto de uma visão ambiental, mas de um acidente.
“Os remanescentes de Mata Atlântica no nosso Litoral são interessantes. Mas eles só restaram porque o terreno da Serra é acidentado”, lembra o biólogo Guilherme Karan, coordenador de projetos da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), ONG paranaense com forte atuação na Serra do Mar e Litoral. “Mundialmente, a nossa Mata Atlântica é caracterizada como uma área de grande importância biológica”, diz Karan. E hídrica também.
Uma simbiose mata a sede de Curitiba. Na Serra do Mar paranaense, onde a Mata Atlântica ainda resiste, cada gota de água formada pela “respiração” das árvores conta para abastecer as casas de mais de 1 milhão de pessoas na Capital. Na verdade vai mais além. Dois terços da água consumida na Região Metropolitana têm origem na Serra do Mar. Sem a Mata Atlântica, não haveria água suficiente para sustentar a Grande Curitiba. É uma simbiose porque se a mata não for protegida, as torneiras secam. Ontem, o mundo comemorou o Dia Mundial da Água.
“Uma árvore média coloca 150 litros de água no ar por dia”, conta o diretor de Mobilização da Fundação SOS Mata Atlântica, Mario Mantovani. São essas gotículas vindas da “respiração” da floresta que vão encharcar o solo, atingir o lençol freático e formar as nascentes, que depois originarão os cursos d’água que chegam até a captação para consumo humano. Isso quer dizer que cada gota que sai das torneiras nas casas de 1,5 milhões de habitantes da RMC tem origem nessa “respiração-transpiração”. E o elo se repete continuamente no enriquecimento dos mananciais.
Mas este é um elo é frágil, e pode se quebrar interrompendo a cadeia da sustentabilidade. O que existe de simbiose, existe também de paradoxo e incoerência. A Mata Atlântica, com apenas 7% de seus remanescentes originais, continua a ser um dos ambientes que mais sofre com a pressão urbana no País, e não é diferente no Paraná.
“Ainda não existe uma percepção direta da população sobre essa relação com as matas. A Mata Atlântica é uma fábrica de água”, comenta Mantovani. Na maior parte das vezes, as pessoas pensam na questão ambiental de maneira distante, e pouco dão importância para no que ela interfere em suas vidas. “A questão da água é o que relaciona mais diretamente a importância das florestas no dia-a-dia das pessoas, mesmo que elas não percebam”, continua o diretor da SOS Mata Atlântica, uma das mais importantes do Brasil.
Apesar dos remanescentes de Mata Atlântica no País ocuparem apenas 15% do território nacional, no seu entorno vivem 120 milhões de pessoas. São 3.400 municípios em 17 Estados que mantêm uma relação, às vezes tênue, com a Mata. “As áreas de mananciais estão comprometidas pela expansão urbana. Isso é preocupante”, continua Mantovani. “É isso que detona a floresta”. No Paraná existem apenas dois grandes remanescentes originais. Além da Serra do Mar, o Parque Nacional do Iguaçu, no Oeste do Estado, mantém a mata nativa. O Estado inteiro já foi coberto pela Mata Atlântica.
“A preservação da floresta e a disponibilidade da água são duas coisas que andam paralelas. Tirou a mata, acabou a água, tanto em quantidade como em qualidade”, explica o coordenador de produção de água da Companhia Paranaense de Saneamento (Sanepar), Agenor Zarpelon.
Na área de influência — ou convivência — da Mata se origina mais da metade das riquezas do País. As cidades jamais sairão. Mas precisam aprender a conviver com as florestas, com risco claro de se tornarem inviáveis. “São Paulo, por exemplo, busca água cada vez mais longe. E isso encarece a produção. Ela não tem mais de onde tirar (água)”, aponta Mantovani. São Paulo não resistiu à pressão, como se sabe. E a Grande Curitiba?
Pressão — Na RMC a pressão também é gigantesca. A região cresce a uma taxa de quase 5% ao ano, uma das maiores do País. O desafio para os próximos anos é como não deixar que essa pressão avance sobre as encostas da Serra do Mar. E mais, como abastecer de água esse contigente que cresce em ritmo acelerado.
Na RMC existe uma certa determinação para não deixar que isso ocorra, ainda que as ações ocorram de maneira descoordenada. Na linha de frente está o município de Piraquara. Com o título de “berço das águas”, guarda sozinha a incumbência de preservar a maior parte das nascentes e dos mananciais, que por sua vez são abastecidos na Serra do Mar. E é uma missão cumprida com prazer. “A população da cidade é engajada e, mesmo com a dificuldade de orçamento, abraça a causa. Nós sabemos da nossa responsabilidade”, diz o secretário municipal de Meio Ambiente de Piraquara, Gilmar Zachi Clavisso.
O município tem simplesmente 1.162 nascentes, que alimentam ou formam os rios Piraquara, Iraí, Iraizinho, Itaqui, Atuba e Rio do Meio. Praticamente todo seu território é comprometido com a formação dos mananciais de abastecimento. Quase não há disponibilidade para a instalação de indústrias, e há um rigoroso controle municipal em relação ao meio ambiente. Até o Ministério Público Estadual tem uma ação que impede a instalação de qualquer tipo de indústria na cidade, tudo para proteger o berço.
Além disso, na Serra do Mar são atualmente 20 reservas ambientais — provadas e públicas — que também garantem uma certa proteção contra o avanço urbano. IAP, Ibama e a própria Sanepar trabalham para deixar a Mata Atlântica o mais intocável possível.
Acidental — Certo que atualmente sabemos da dependência que temos com a Mata Atlântica. Mas essa visão não existia há algumas décadas. Isso significa que o fato da Mata Atlântica ainda existir majestosa na Serra do Mar do Paraná não foi fruto de uma visão ambiental, mas de um acidente.
“Os remanescentes de Mata Atlântica no nosso Litoral são interessantes. Mas eles só restaram porque o terreno da Serra é acidentado”, lembra o biólogo Guilherme Karan, coordenador de projetos da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), ONG paranaense com forte atuação na Serra do Mar e Litoral. “Mundialmente, a nossa Mata Atlântica é caracterizada como uma área de grande importância biológica”, diz Karan. E hídrica também.
Fonte: Bem Paraná
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