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Na segunda-feira (9), uma pesquisa sobre o emprego industrial, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) chamou a atenção com um dado alarmante: o contingente de trabalhadores na indústria madeireira do Paraná era, em dezembro de 2008, 21% menor do que no mesmo mês do ano anterior.
O dado é reflexo de uma crise sem precedentes no setor, que vem acontecendo desde a forte desvalorização do dólar, em 2007, e emendou com o colapso econômico dos últimos meses do ano passado.
Tanto os sindicatos de empregados, como os patronais, confirmam as demissões. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, indicam que, só em dezembro do ano passado, houve 3.713 demissões, contra apenas 1.128 admissões - um saldo negativo de 2.585 empregos. Somadas as demissões de novembro, o número chega a 3.447. Em 2007, o saldo tinha sido positivo de quase 3,4 mil postos de trabalho.
Os desligamentos de empregados parecem estar se repetindo em 2009. O Sindicato dos Oficiais Marceneiros de São José dos Pinhais, por exemplo, informa que tem registrado entre 200 e 500 demissões por semana.
A entidade engloba 10 municípios ao sul da Região Metropolitana de Curitiba, mais Campo do Tenente e Rio Negro, regiões com bastante foco na produção de compensados, que é um dos que mais vem sofrendo com a crise.
"O clima não está bom entre os trabalhadores", diz o presidente do Sindicato, Antonio Sartor. Ele diz que, desde 2005, mais de 9 mil pessoas passaram pela entidade para homologar rescisões de seus contratos de trabalho.
O que torna o problema mais grave, segundo Sartor, é a falta de perspectiva de emprego em outros setores. Ele explica que, como a categoria contrata muita gente com pouca instrução, essas pessoas encontram dificuldades para conseguir emprego em outras áreas.
Queda
O presidente do Sindicato dos Madeireiros do Paraná (Simadeiras-PR), Jorge Valetin Camilotti, diz que a crise atual no segmento vem sendo ininterrupta há pelo menos 20 meses.
Ele aponta, nesse período, uma queda na produção de aproximadamente 40%, principalmente entre as pequenas indústrias, que são cerca de 1,2 mil, só na base da entidade. "Na minha empresa eu tinha 126 funcionários. Hoje, tenho 60", afirma.
Camilotti explica que o setor depende muito de exportações, pois trabalham com produtos com pouca aceitação no mercado nacional, como os derivados do pinus. Portanto, os madeireiros já sentiam bastante a desvalorização do dólar.
E os pedidos continuaram baixos depois da recuperação da moeda norte-americana, no segundo semestre de 2008, já que, junto com ela, veio a crise econômica.
O desânimo entre os empresários do setor, segundo Camilotti, é geral, e agravado pela escassez nas linhas de crédito. "As autoridades sinalizaram com financiamentos, mas eles nunca chegaram aos bancos oficiais. Acho que eles ainda não entenderam a nossa mensagem", lamenta.
Ele conta que liberações mais facilitadas de Adiantamentos de Contratos de Câmbio (ACCs) e aumentos nos limites para descontos de duplicatas ajudariam bastante os madeireiros.
De acordo com Camilotti, linhas de crédito via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) não fazem muito efeito no setor, já que, além de longas demais, dependem de projetos detalhados e que envolvem ampliações nas empresas. "Em tempos de crise não há ânimo para isso. Então o dinheiro nunca chega", diz.
Empresa madeireira fecha em Fazenda Rio Grande
O Sindicato dos Oficiais Marceneiros de São José dos Pinhais está convocando ex-funcionários da madeireira norte-americana Woodgrain, cuja filial em Fazenda Rio Grande fechou as portas no ano passado, a procurarem a entidade para assegurar seus direitos trabalhistas.
O advogado do sindicato, Charles Tavares, diz que o capital e o maquinário da empresa foram bloqueados em outubro do ano passado, como forma de garantir o pagamento de verbas rescisórias e outros direitos dos empregados. Segundo ele, cerca de 800 pessoas têm valores a receber da empresa.
Fonte: Paraná Online
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