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Notícias

14
fev
2009
(SETOR FLORESTAL)
Florestas na mira dos biocombustíveis

O Chile aposta em produzir em menos de cinco anos agrocombustíveis de segunda geração a partir da biomassa florestal. Porém antes deve avaliar os impactos ambientais e sócio-econômicos desta atividade, alertam experts e ativistas.

Os problemas de sua grande dependência energética e o aumento progressivo de suas emissões de gases de efeito estufa, levaram a este país sul-americano a interessar-se em energias renováveis não convencionais, como a solar, eólica, a geotérmica e a produzida com biomassa.

Uma lei promulgada em abril de 2008 exige que desde 2010 por pelo menos cinco por cento do fornecimento elétrico provenha de fontes não convencionais incluídas a biomassa. Desde 2015 essa proporção aumentará 0,5 por cento anualmente até chegar a 10 por cento em 2024.

Em outubro foram criados dois consórcios para investigação e desenvolvimento de biocombustíveis lignocelulósicos, refinados a partir de fibra de madeira.

A Alemanha, Estados Unidos e Suécia lideram as investigações mundiais destes produtos em fase de laboratório ou de projeto piloto. Calcula-se que de três a cinco anos a Europa poderá utilizá-los de maneira significativa, "ainda que alguns países possam estar a ponto de começar seu uso", disse Schuetz.

A Agência Internacional de Energia estima que os custos de produção de bioetanol e de biodiesel de segunda geração estão hoje entre 80 centavos de dólar e um dólar por litro.

Segundo o VII Censo Nacional Agropecuário e Florestal de 2006-2007, o Chile tem 15,8 milhões de hectares destinados a produção agropecuária e 15,9 milhões de hectares florestais: 2,7 milhões de plantações e 13,2 milhões de floreta nativa.

A biomassa seria produzida com resíduos agrícolas e florestais e com plantações dendroenergéticas, como o álamo (família das Salicaceae), paulownia (Paulowniaceae), aromo (Acacia caven) e o miscantus (Miscanthus sinensis). Também se destacam as microalgas do norte do país e a gordura animal do sul.

Porém as espécies dendroenergéticas, de crescimento rápido, são plantadas em altas densidades, extraem velozmente os nutrientes do solo e demandam muita água, advertiu Daniela Escalona, do Observatório Latino-americano de Conflitos Ambientais e da Rede de Ação pela Justiça Ambiental e Social.

Também possuem alto valor calorífico e são mais aptas para o uso energético.

Segundo Nazif, diretor da governamental Escritório de Estudos e Políticas Agrárias, "a produção de bicombustíveis de segunda geração necessariamente deveriam contar com a experiência dos de primeira geração", pois já regulam o mercado e tem experiências piloto em algumas regiões, principalmente de biodiesel.

Os agrocombustíveis de segunda geração "só trazem boas noticias" para um país com uma indústria florestal consolidada, disse a Tierramerica Aldo Cerda, gerente da área florestal da Fundação Chile, uma instituição público-privada dedicada a inovação e desenvolvimento do capital humano do país.

"Teremos mais demanda de fibra de madeira, com benefícios para todos os proprietários, e mais demanda de manejo da floresta nativa", e recuperaremos terrenos degradados, disse Cerda, para quem esta indústria tenha "atores sofisticados", que trabalhem com propriedades certificadas para não expor-se a criticas ambientais.

Fonte: Diario del Agro

ITTO Sindimadeira_rs