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ONU calcula que a devastação da Amazônia é muito maior do que as estatísticas oficiais do Brasil.
O Brasil sempre procurou tranqüilizar o mundo dizendo que, desde que começou medir o nível do desmatamento da Amazônia, “apenas” 17% de sua floresta veio efetivamente abaixo. Ou seja, só 816 mil dos 4,8 milhões de quilômetros quadrados (km²) da região tiveram sua rica biodiversidade transformada em pó.
Pelo que vai divulgar em breve o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), a história da criminosa devastação da Amazônia brasileira não é bem assim. Segundo informou a imprensa nacional, um relatório do programa ambiental da Organização das Nações Unidas (ONU) vai garantir que nada menos que 17% da floresta amazônica sul-americana ou 857 mil km² foram destruídos em um período de apenas cinco anos, entre 2000 e 2005. E que a maior parte deste desastre ambiental ocorreu no Brasil. A área destruída corresponde a todo o território da Venezuela.
Traduzida em números, a notícia, divulgada inicialmente pelo jornal francês Le Monde, significa que a irresponsabilidade do Brasil com a última grande floresta tropical do planeta é muito maior do que apontam as estatísticas oficiais. Os 17% de desmates medidos pelo Pnuma significam que, entre 2000 e 2005, foram derrubados 1 milhão e 275 mil dos 7,5 milhões de km² da floresta dos oito países que formam a Amazônia sul-americana. Isso significa que o Brasil não derrubou até agora apenas 816 mil km² de sua floresta, mas muito mais. Ou seja, o país justifica ainda mais, nesta dimensão da destruição florestal, porque o desmatamento da Amazônia tem correspondido a 75% de suas emissões de gases de efeito estufa, que estão destruindo a camada de ozônio e aquecendo o planeta.
Segundo as informações do jornal francês, que caiu como uma bomba entre as autoridades brasileiras, a maior parte do desmatamento ocorreu no Brasil, mas os outros sete países que também abrigam a floresta amazônica estão sendo responsabilizados pela Pnuma, com exceção da Venezuela e do Peru.
Ocupação da Amazônia é irreversível
De acordo com o que informou o Pnuma ao Le Monde, "a progressão das frentes pioneiras na Amazônia e as transformações que elas introduziram são tantas que o movimento de ocupação dessa última fronteira do planeta parece irreversível”.
O jornal lembrou que, além do desmatamento, a grande corrida pela apropriação das gigantescas reservas de terra e das matérias-primas da Amazônia também tem um papel importante na deterioração da região. "O modelo de produção dominante não leva em conta critério algum de desenvolvimento sustentável, conduz à fragmentação dos ecossistemas e à erosão da biodiversidade", denunciou o Pnuma ao Le Monde.
O Programa de Meio Ambiente da ONU também condenou a situação das populações que habitam a floresta, que "vivem uma situação de grande pobreza". "A riqueza retirada da exploração dos recursos naturais não é reinvestida na região", destacou o programa.
Segundo o jornal francês, o Pnuma pede um maior envolvimento internacional para ajudar financeiramente os países que abrigam a floresta e cita como possível caminho o Fundo Amazônia, do governo brasileiro, que prevê o investimento de fontes estrangeiras para desenvolver projetos que combatem o desmatamento.
O programa da Organização das Nações Unidas prevê que o relatório final, com mais dados ainda sigilosos, será divulgado durante o encontro anual de seu conselho administrativo, marcado entre 16 e 20 de fevereiro em Nairóbi, no Quênia.
Fonte: Kaxiana
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