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Notícias

03
fev
2009
(MEIO AMBIENTE)
Canadá anuncia US$ 800 mi em infra-estrutura verde

Os investimentos irão para tecnologias limpas, pesquisas no Ártico, energia nuclear e CCS, porém ambientalistas criticam a falta de recursos específicos para reduzir emissões de gases do efeito estufa e os subsídios para a extração de petróleo.

Mesmo tendo a crise econômica como eixo de decisões, o meio ambiente é uma das áreas que obteve um “boom” financeiro no orçamento federal de 2009 do Canadá. O novo fundo verde de mais de US$ 800 milhões (CAD$ 1 bilhão) será investido nos próximos cinco anos em melhorias no sistema de esgoto e tratamento de água, no transporte público e no emprego de fontes de energia limpa como eólica, solar e biomassa.

Os ambientalistas, no entanto, querem muito mais. Aproveitando o embalo da posse do presidente dos EUA Barack Obama, na semana passada, um grupo de mais de 850 mil canadenses havia pedido ao governo federal a criação de um pacote de “estímulo verde” para o mesmo período no valor de US$ 33 bilhões (CAD$ 41 bilhões).

O CEO da organização ambiental David Suzuki Foundation, Peter Robinson, diz que o governo está perdendo a oportunidade de posicionar o Canadá como um líder na economia verde do futuro. “Veja o contraste disto com o que nosso maior parceiro comercial, os EUA, está fazendo sob o comando de Barack Obama. O presidente Obama acaba de anunciar um estímulo verde imediato de US$ 55 bilhões. Enquanto isso, menos de 5% do orçamento do Canadá será alocado para gastos imediatos em um estímulo verde”, comenta.

Depois de ignorar as metas do Protocolo de Quioto e dificultar as negociações na Conferência de Bali, em 2007, o atual governo, sob o comando do partido conservador, tem como meta reduzir os gases do efeito estufa em 20% até 2020. Para alcançar o objetivo, um novo Fundo de Energia Limpa de US$ 303 milhões será criado e projetos como os de captura e armazenamento de carbono (CCS) serão incentivados.

Além disso, o plano defende que investimentos em energia nuclear serão inevitáveis para o Canadá e qualquer outro país alcançar reduções de emissões. Por isso, o governo irá destinar US$ 284 milhões à agência de energia atômica do país, a Atomic Energy of Canadá Limited.

Ambientalistas frustrados

As medidas foram consideradas insuficientes pelos ambientalistas. Em uma análise do orçamento federal, a David Suzuki Foundation diz que faltam ações para ajudar o Canadá a limitar as emissões de gases do efeito estufa, assim como fundos para o atual programa de energia renovável. A organização critica ainda a recusa do governo em integrar a Associação de Energias Renováveis e o excesso de investimentos em rodovias e pontes em detrimento de ciclovias e áreas para pedestres.

Os investimentos em CCS e em energia nuclear também não agradaram, pois afastariam ainda mais o país de uma transição para energias limpas, diz a organização.

Qualidade ambiental

Ao todo, as tecnologias limpas terão US$ 2 bilhões nos próximos cinco anos. Mas este não é o único foco ambiental do novo plano de ação econômica.

Para garantir que os canadenses saibam por que vale a pena investir no meio ambiente, outros US$ 8 milhões irão para os Indicadores Canadense de Sustentabilidade Ambiental, que faz relatórios sobre a qualidade do ar, da água e o total de emissões de gases do efeito estufa. E mais de US$ 240 milhões serão usados, nos próximos dois anos, na reforma de residências para que sejam mais eficientes energeticamente.

Ártico

Com grande parte do território localizado em regiões árticas, o Canadá pretende aplicar US$ 70 milhões em centros de pesquisas, laboratórios e outras facilidades para o desenvolvimento de pesquisas nos terras geladas, com o intuito de aumentar o conhecimento do país sobre o Ártico e impulsionar pesquisas ambientais e científicas.

O governo promete ainda recuperar áreas contaminadas por atividades econômicas nos próximos dois anos, direcionando cerca de US$ 200 milhões.

Visto isoladamente, o valor do orçamento verde chama a atenção, porém os ambientalistas destacam que apenas US$ 160 milhões do total anunciado serão liberados neste ano, enquanto que a extração de petróleo em areias betuminosas irá continuar recebendo pesados subsídios públicos. A atividade, além do grande impacto ambiental, é uma das responsáveis pela aceleração no aumento das emissões de gases do efeito estufa do país.

Fonte: Carbono Brasil/Toronto Star/CBC

Sindimadeira_rs ITTO