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A crise econômica está trazendo reflexos inesperados para o esquema de comércio de carbono da União Européia (EU ETS). Segundo a Reuters, analistas estimam que as indústrias já arrecadaram cerca de € 1 bilhão com a venda das permissões extras, resultado do corte de produção devido a desaceleração econômica.
As permissões na União Européia (EUAs) são distribuídas pelos governos aos setores econômicos mais representativos. O quanto é distribuído depende da meta de redução de cada país e cada indústria recebe uma parte do que pode emitir. Se elas quiserem manter ou aumentar a produção, precisam adquirir créditos de carbono no mercado ou investir em medidas internas que aumentem a eficiência ou reduzam as emissões de CO2.
Nesta segunda fase do EU ETS (2008-2012), a maioria das indústrias recebe um volume de permissões praticamente igual ao que emitem. Porém, com a previsão de queda na produção, sobram permissões.
Analistas estimam que os setores de aço e cimento, por exemplo, tenham um decréscimo de produção de 14% e 20% a 25%, respectivamente, neste ano em comparação com 2008. Com isto, apenas estas duas áreas devem gerar 66 milhões de toneladas em permissões extras, o equivalente a cerca de € 750 milhões com base no preço do carbono de quarta-feira (21).
Desta forma, um comércio criado para resolver o problema do aquecimento global, está ajudando a enfrentar uma questão econômica. “Isto é uma distorção do mercado, mas fruto de uma crise. Ninguém previa uma queda econômica tão grande”, afirma o diretor da Keyassociados, Marco Antônio Fujihara.
Como em qualquer bolsa de valores, com o grande volume de ofertas, o preço das EUAs está caindo vertiginosamente. Nesta semana, as permissões foram negociadas a menos de €12, o menor valor desde a criação do EU ETS, que já alcançou € 31 no ano passado.
Mercado saudável
Para o gerente de relacionamento da First Climate, Frieder Frasch, este é um sinal de que o mercado funciona. “Há uma recessão, existe esta redução de emissões e uma menor demanda por permissões, então o preço cai, como em qualquer outro mercado”, explica.
Por outro lado, Frasch, se diz surpreso por não ver as grandes fornecedoras de energia comprando estas permissões, já que os preços estão tão baixos. Elas são muito conservadoras, segundo ele, e somente compram combustíveis e créditos de carbono quando estão vendendo energia. “Mas, para ser honesto, eu não compreendo completamente porque estão agindo de forma tão míope. Seria mais sábio comprar créditos de carbono agora e mantê-lo até 2013”, comenta.
Fonte: Carbono Brasil
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