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Notícias

14
jan
2009
(GERAL)
Bate na madeira
Os rumos do mercado mundial têm andado na contramão da indústria moveleira da região de São Bento do Sul, no Norte de SC. Mal a pior crise da história do segmento começa a passar após quase três anos, outra aparece em seu horizonte.

Responsável pelas maiores exportações de móveis no país, a região, formada também pelos municípios de Rio Negrinho e Campo Alegre, assistia à decadência das fábricas com a queda das exportações causada pelo dólar desvalorizado. A reversão cambial, que em poucos dias elevou a moeda americana do patamar de R$ 1,60 para em torno de R$ 2,50, no segundo semestre de 2008, chegou para salvá-las.

Nada disso. Na origem da virada no câmbio, porém, estava a crise econômica mundial e o início de uma nova situação adversa. O cenário de incertezas mundo afora está levando clientes a reduzir encomendas. Com os estoques cheios, cortaram os pedidos em até 25% desde agosto, informa o vice-presidente regional da Federação das Indústrias de SC (Fiesc), Arnaldo Huebl.

– As maiores quedas foram sentidas com os europeus, principalmente em setembro e outubro, quando a crise se agravou. Os clientes dos Estados Unidos já vinham reduzindo os pedidos desde o início do ano.

O presidente do Sindicato das Indústrias da Construção e do Mobiliário de São Bento do Sul (Sindusmobil), Márcio Froehner, diz que sentiu o clima de preocupação em um contato com compradores da Espanha. De acordo com seu cliente, no setor da construção civil, em sua região, de cada 10 funcionários oito teriam perdido o emprego.

Froehner garante que em SC não será necessário demitir, caso os pedidos sejam retomados e a produção se normalize nos próximos meses. Por enquanto, as fábricas adotam medidas para reduzir o ritmo. Na Móveis 3 Irmãos, comandada por Froehner, em Campo Alegre, as férias coletivas de final de ano foram estendidas de 20 para 30 dias. Na Móveis Weihermann, que tem à frente Huebl, da Fiesc, ainda não foi necessário adotar a redução. Pelo menos até o início do ano há encomendas fechadas que devem garantir a produção.

Para os dirigentes, a nova adversidade não causará estragos tão graves como os da crise do dólar. Huebl afirma que no caso anterior o real valorizado fazia com que, mesmo trabalhando muito, as indústrias tivessem prejuízo, já que era necessário baixar os preços para obter competitividade.

– Agora com o dólar em alta, apesar da demanda reduzida, basta focar mais na área comercial e buscar novos mercados.

Prejuízos acumulados até meados de 2008

Até meados de 2008, o dólar desvalorizado imprimiu ao segmento sua maior crise. Exportações caíram, cerca de 2 mil empregos foram eliminados e 4 mil pessoas migraram da região. Fábricas desativaram linhas de produção e algumas, como a Indústrias Zipperer, prestes a completar 85 anos, fecharam as portas.

Apesar de não se esperar que o cenário volte a ser tão grave, o panorama também guarda incertezas.

– O momento é de acomodação. A crise não se estabilizou nem se sabe sua real dimensão – diz Froehner.

Outra indefinição paira sobre o patamar em que o câmbio deve se estabelecer. A instabilidade do dólar dificulta a elaboração dos catálogos que determinarão os preços dos produtos para exportação. Para Huebl, a cotação ideal do dólar seria entre R$ 2,20 e R$ 2,50.

A moeda estrangeira, que fechou nesta semana em R$ 2,33, está inflada devido à especulação, mas ainda assim deve estacionar em um patamar favorável aos moveleiros, espera o diretor da AMC Assessoria Empresarial, Adelino Denk.

Como ele já dizia no auge da crise da desvalorização do dólar, as empresas que conseguirem resistir, cortando gastos e melhorando processos, sairão fortalecidas.

– Assim que a crise de demanda passar, o que eu acredito deve ocorrer dentro de alguns meses, essas empresas terão amplas oportunidades para aproveitar no mercado.

Fonte: João Werner Grando - Agência de Notícias Sebrae

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