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Depois de atingir o pico de € 29,33 em 1º de julho, as permissões de emissão da União Européia (EUAs, na sigla em inglês), principal mercado de carbono do mundo, chegaram ao menor valor em 21 meses, € 15,10, no início de dezembro – uma queda de 51%. As baixas recentes são reflexos tardios da crise, que traz temores de redução na produção industrial, porém não abalam o crescimento progressivo das negociações de créditos de carbono.
O mercado deve fechar o ano com bons números, concretizando as previsões feitas no final de 2007. Somente no primeiro semestre de 2008, o aumento das negociações foi de 41% em relação ao mesmo período de 2007, atingido € 38 bilhões (US$ 48,26 bilhões), segundo a Associação Internacional de Comércio de Emissões (IETA). Durante este período, foi negociado um volume total de 1,84 bilhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2), um aumento de 56% em relação ao mesmo período de 2007.
Em outubro, uma análise da New Carbon Finance mostrava números ainda melhores. Segundo a consultoria, nos primeiros nove meses do ano o mercado global de carbono obteve um crescimento de 81%, alcançando US$ 87 bilhões no final do terceiro trimestre.
A previsão era de que o mercado quebraria a marca de US$ 100 bilhões até o final do ano, chegando aos US$ 116 bilhões. “O crescimento deve continuar até 2012 quando deve alcançar US$ 550 bilhões. Se os Estados Unidos criar um esquema de comércio e limite de emissões a expectativa é de que totalize US$ 3 trilhões em 2020”, afirmava a consultoria.
De acordo com a New Carbon Finance, o mercado deve fechar 2008 totalizando 3,9 bilhões de toneladas transacionadas, um crescimento de 31% com relação a 2007 (3 bilhões).
No início do ano, a previsão de analistas da Point Carbon era de que 2008 fecharia com um total de 4,2 bilhões de toneladas de CO2 negociadas, enquanto que, segundo a consultoria norueguesa, no último ano haviam sido negociadas 2,7 bilhões de toneladas.
Já o Banco Mundial calcula que o mercado cresça para cerca de US$ 150 bilhões em 2010, partindo dos US$ 10 bilhões de 2005.
Reflexos tardios da crise
A queda recente nos preços do carbono na Europa ocorreu por causa de temores de que a produção industrial reduzida poderia diminuir as emissões de gases do efeito estufa (GEE) e, conseqüentemente, derrubar a demanda por permissões. Porém, esta pode ser uma falsa relação, segundo uma reportagem publicada pelo jornal britânico Guardian.
Números do Comitê de Mudanças Climáticas do Reino Unido sugerem que 1,6% do Produto Interno Bruto (PIB) do país – uma queda considerável – resultariam em apenas 200 mil toneladas de emissões de CO2 em 2009. Segundo o jornal, isto seria uma fração muito pequena perto da projeção de redução do país de 533 milhões de toneladas.
“Há uma grande distância entre PIB e emissões. Você não conseguiria mudar mais de 1% nas emissões ao menos que tivesse algo realmente dramático acontecendo, como o fechamento de toda a indústria”, afirmou o diretor de políticas da Fundação New Economics, Andrew Simms, ao Guardian.
Apostas do capital de risco
A mesma crise financeira que derruba o preço na Europa, no entanto, é vista como uma luz para o obscuro cenário econômico atual para empresas de capital de risco dos Estados Unidos. “Ainda há muito otimismo e crescimento dentro e em torno do mercado de carbono em todos os níveis: comércio, projetos e empresas”, afirma Martin Whittaker, da Mission Point Capital Partners.
Segundo Whittaker, há capital disponível para projetos com baixas emissões de carbono e o fundo da sua empresa está esperando retorno sobre investimentos ao longo de um período de três a cinco anos se os Estados Unidos estabelecerem um preço para o carbono, o que ocorreria com o lançamento de um plano “cap and trade” (limite e comércio de emissões).
A eleição de Barack Obama para a presidência dos EUA também animou o mercado mundial de carbono. Durante a campanha, Obama enfatizou a questão energética e climática, prometendo um grande estímulo para fontes alternativas de energia e o esquema "cap and trade" para reduzir as emissões ao longo das próximas décadas.
No decorrer de 2008, dois esquemas voluntários “cap and trade” movimentaram o país. Em setembro, a Iniciativa Climática do Oeste (Western Climate Initiative) lançou as diretrizes do programa regional de metas de redução de GEE e comércio de permissões. A WCI, formada por sete estados norte-americanos e quatro províncias canadenses, pretende reduzir em 15% as emissões de GEE referentes ao ano de 2005 em 2020, dando início ao programa em 2012.
Na costa leste, a Iniciativa Regional de Gases do Efeito Estufa (RGGI, na sigla em inglês) realiza hoje o segundo leilão de permissões. O esquema RGGI reúne 10 estados do nordeste dos Estados Unidos que irão regular as emissões de dióxido de carbono (CO2) das usinas de energia a partir do ano que vem. No primeiro leilão, realizado em setembro, foram comercializadas 12,5 milhões de toneladas de permissões de emissões para o ano de 2009, adquiridas por apenas seis participantes.
Outros volumes significativos de créditos de carbono são negociados em esquemas regionais como o Esquema de Abatimento de Gases do Efeito Estufa de New South Wales, do sudeste da Austrália, e o esquema da província canadense de Alberta. Além das expectativas em torno dos Estados Unidos, novos mercados devem entrar em cena nos próximos anos como o esquema federal da Austrália a partir de 2010, do Japão e da Nova Zelândia.
Fonte: Carbono Brasil/Guardian
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