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Notícias

21
dez
2008
(MADEIRA E PRODUTOS)
Crise internacional afeta venda de madeira

O som da motosserra não deve ser ouvido de novo por um bom tempo na plantação de eucaliptos no município de Salesópolis, na região da Grande São Paulo. Este foi o último dia de serviço de Seu José Vitor.

“Sem eucalipto não tem serviço para ninguém”, afirmou o trabalhador rural.

Os funcionários que ainda estavam no sítio de 15 hectares. Foram demitidos porque praticamente não há serviço na propriedade. A crise econômica mundial, que atingiu o setor de papel e celulose, fez com que as vendas de eucalipto despencassem.

O produtor, que já chegou a comercializar dois mil metros cúbicos de madeira por mês, desde outubro não vendeu mais que 60 metros cúbicos. Ele que até o meio do ano tinha 60 trabalhadores precisou dispensar todos eles.

“Tiver que mandar embora porque não podia agüentá-los. Eu não sei o que eles estão fazendo. Dispensei até a lenha voltar ao normal”, disse o produtor.

A produção de eucalipto movimenta 80% da economia de Salesópolis, que tem 62% do território ocupado pela plantação.

A crise que começa no campo e afeta a economia de toda a cidade. A falta de emprego e renda para o trabalhador rural já reduz em cerca de 30% as vendas no comércio.

A queda foi registrada em novembro, em relação ao mesmo mês do ano passado, nos cerca de 200 estabelecimentos comerciais de Salesópolis. Pelo número de pessoas empregadas no setor na cidade, fica fácil entender por que toda a economia foi afetada pela crise.

Lojas populares, típicas do interior, que vendem de tudo um pouco brinquedos, móveis, eletrodomésticos. O dono que também é presidente da Associação Comercial vende os produtos em até 12 vezes e já percebeu não só a diminuição do movimento como o aumento da inadimplência.

“Eles não têm dinheiro para comprar porque já receberam e já gastaram. A gente tem recebido bastante cliente vindo avisar que não pode pagar neste mês. A gente vai tentar pagar o mês que vem”, disse o comerciante.

No supermercado visitado pela reportagem, as vendas caíram 15% em uma época em que a tendência seria de maior movimento de clientes.

“O pessoal compra mais o básico e deixa de comprar o supérfluo”, declarou o gerente do supermercado Jefferson Soares Bento.

O dono de um depósito que compra madeira de 40 pequenos produtores. Já começa a buscar soluções para amenizar os prejuízos com a crise. Como a quantidade de mercadorias vendidas para duas empresas de papel e celulose caiu de oito mil para 3,5 metros cúbicos de eucaliptos por mês. Ele pretende investir em novos mercados.

“Crise a gente sabe que é dificuldade, mas também é época de se pensar em oportunidades. A gente está vendo alternativas para aproveitar estrutura de mão de obra, de corte e de transporte”, afirmou Osni Prado.

A Associação Brasileira de Celulose e Papel informou que as perspectivas para 2009 serão anunciadas apenas no final do primeiro trimestre do ano que vem.

Fonte: Globo Rural

ITTO Sindimadeira_rs