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Notícias

25
nov
2008
(BIOENERGIA)
Energia verde, ainda que mais cara

Uma pesquisa da rede mundial de institutos pesquisadores World Public Opinion revela que uma maioria de entrevistados em 21 países está a favor de usar fontes alternativas de energia, com a eólica e a solar, mesmo que isso implique maiores custos no curto prazo. “O público percebe que o petróleo está se esgotando e que é preciso agir agora para substituí-lo como fonte de energia. De fato pensam em longo prazo”, disse à IPS Steven Kull, diretor da rede. Em média, 77% dos consultados disseram que os governos devem ordenar às empresas de serviços públicos que invistam mais em fontes alternativas de energia.

O apoio a esta opção varia de 50% na Rússia a 89% na Coréia do Sul. Além disso, 74% apóiam a idéia de otimizar a eficiência no consumo de energia nos edifícios. O menor nível de aceitação foi registrado na Autoridade Nacional Palestina, com 54%, e o mais alto na França e na Grã-Bretanha, com 89%. Em menos da metade dos países onde foi feita a pesquisa constatou-se maiorias favoráveis à ênfase na energia nuclear, no carvão ou no petróleo para atender a demanda futura. Apenas na Argentina, Jordânia, Nigéria e no Quênia mais de 50% dos consultados apoiaram a idéia de construir novas centrais elétricas alimentadas por carvão ou petróleo. Em média, 40% disseram ser favoráveis a construir esse tipo de central, enquanto 33% se pronunciaram por restringi-las. Porcentagens semelhantes foram registradas a respeito do uso da energia nuclear.

“É notável que exista essa ‘unanimidade’ em todo o mundo a respeito de os governos terem o dever de abordar o problema da energia dando ênfase nas fontes alternativas e a uma maior eficiência”, afirmou Kull. “Igualmente chamativa é a pouca atenção dos governos à opinião pública”. Por outro lado, 69% dos entrevistados, em média, afirmaram que as autoridades deveriam dar os passos necessários para adotar fontes de energia mais “verdes”, apesar do aumento do custo no curto prazo.

Além disso, uma maioria de 58% aprovou a idéia de pedir às empresas que usem a energia de maneira mais eficiente, embora isso implique aumento no preço de seus produtos. Esta opção foi rejeitada por 38% dos consultados. Uma maioria relativa de 48% se mostrou a favor de cobrar sobretaxa de quem comprar artigos elétricos ou automóveis que não consumam energia de forma eficiente, enquanto 39% dos entrevistados, em média, se manifestaram contra.

“Chama a atenção o fato de o apoio às fontes alternativas apenas caírem levemente quando se fala da questão dos custos. As pessoas estão definitivamente dispostas a fazer mais do que estão fazendo agora”, disse Kull. Em todos os países onde foi feita a pesquisa, uma maioria de 55%, em média, disse que a mudança para fontes alternativas de energia economizará dinheiro no longo prazo. Apenas um em cada cinco entrevistados considerou que custos maiores provocariam uma recessão duradoura. No entanto, Kull alerta que “o apoio tem limites”.

Em países onde os governos adotaram medidas contra a mudança climática e promovem a eficiência energética, com Alemanha e Itália, a proporção do público disposta a pagar mais pelo uso de fontes renováveis é ligeiramente menor do que a existente em nações ainda não foram dados esses passos. A pesquisa também revela que o público de países exportadores de petróleo, como Azerbaijão, Indonésia e Rússia, são mais crítico das energias alternativas do que as pessoas que vivem nos países importadores. “Os exportadores de petróleo se beneficiam de seu uso e as pessoas podem temer que a adoção de fontes alternativas leve a uma depreciação do produto”, disse Kull. Além disso, nessas nações “o problema energético é menos sentido”, acrescentou.

Para realizar a pesquisa foram ouvidas 20.790 pessoas em 21 países, entre 15 de julho e 4 de novembro. A lista incluiu Alemanha, Argentina, Azerbaijão, Coréia do sul, China, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Índia, Indonésia, Itália, Jordânia, Quênia, México, Nigéria, Polônia, Rússia, Tailândia, Turquia, Ucrânia e a Autoridade Nacional Palestina. Também foram ouvidos cidadãos de Hong Kong, Macau e Taiwan.

Fonte: Envolverde/IPS

ITTO Sindimadeira_rs