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Notícias

06
nov
2008
(CARBONO)
Centro orienta interessados em investir em seringais e em créditos de carbono

As coordenadoras do Centro Carbono (órgão vinculado a Famato), Beatriz Bezeruska e Nívia Miglioli estiveram na última semana participando de reunião na sede do Sindicato Rural de Jaciara.

Esse encontro com os produtores reuniu lideranças dos municípios de Jaciara, Dom Aquino, Juscimeira e São Pedro da Cipa e teve por objetivo discutir a viabilidade do plantio da seringueira na região e conhecer como funcionam os certificados de crédito de carbono para que se possa ter um ganho adicional na produção.

Foi sugerido pela coordenação do Centro Carbono o ajuste de um projeto para Seqüestro de Carbono em que o plantio da seringa seja feito paulatinamente até chegar na meta final dos 500 hectares necessários à participação no mercado voluntário. “Essa é a alternativa mais plausível no momento já que os produtores poderão iniciar o plantio e receberão paulatinamente pelo mercado voluntário”, explica Miglioli.

Ela informa que para a formatação de um projeto de crédito de carbono para seringais numa área mínima de 500 hectares é necessário um investimento entre R$ 70 mil a R$ 100 mil e mais R$ 20 mil a R$ 25 mil para a validação.

Aos produtores foram apresentadas algumas orientações básicas, por exemplo, preenchimento de questionário, modelo de proposta comercial (por produtor), modelo de contrato de serviço, elaboração de projeto com prazo mínimo de seis meses e validação e pressupostos (ambiental, trabalhista, imposto e documentação fundiária de domínio e posse). Na reunião os produtores foram orientados sobre algumas instituições que financiam projetos de crédito de carbono como o Banco do Brasil e a Finep.

AÇÕES INICIAIS - Na oportunidade, os produtores sob o acompanhamento do Centro Carbono, Empaer, Seder, Empresa Canavale e Sindicato Rural definiram as primeiras ações e nomearam uma comissão de líderes das quatro cidades para o agendamento de uma reunião com os respectivos prefeitos. Eles levarão a proposta que sugere que as prefeituras custeiem a produção de 100 mil mudas a exemplo do que acontece com os produtores da cidade de Denise em que a prefeitura banca os custos de produção das mudas repassando-as aos produtores com carência de 13 anos para o reembolso.

Também ficou acertado que a área mínima inicial a ser trabalhada por produtor deverá variar de dois a seis hectares. “Até seis hectares é inadmissível plantar seringa fora de um sistema consorciado”, defendeu o pesquisador da Empaer, Davi da Silva.

“O projeto é viável por se tratar de uma atividade de alta inclusão social e é ideal para áreas de assentamentos e pequenos produtores. Para cada 1,5 hectare para a extração do látex é gerado um emprego, isso vai ajudar a reverter o impacto recente de agricultores familiares que ficaram sem renda após o fechamento de uma usina de cana-de-açucar da região. Essa mudança de monocultura será excelente alternativa econômica”, diz o presidente do Sindicato Rural de Jaciara, José Antonio dos Santos Brehm.

PERFIL ATUAL – Brehm informa que atualmente em Jaciara existem 320 hectares ocupados por seringais e em Dom Aquino outros 413 hectares estão em produção a pelo menos 15 anos.

A produtividade média registrada na região é de 1,5 tonelada por hectare/ano dos clones (variedades) asiáticos e de 800 quilos por hectare/ano oriundos dos clones nacionais. A empresa Michelin é a responsável pela compra de toda produção e ao fazer a retirada da matéria-prima do local paga atualmente pelo quilo da borracha natural (látex), R$ 2,20, livres de impostos. Conforme defende Brehm, a seringa além de proporcionar uma boa rentabilidade ao produtor também promove a fixação da família rural na pequena propriedade.

PLANTIO CONSORCIADO - Um exemplo bem sucedido de consorciamento foi destacado pelo Centro Carbono ao citar um trabalho apresentado em Viçosa (MG) de plantio de seringueiras consorciadas com cacau. De 94 toneladas por hectare/ano, com o consórcio esse número saltou para 106 toneladas por hectare/ano.

Entre as vantagens da seringueira é o seu ciclo de produção longo podendo chegar até 40 anos favorecendo a um acúmulo de carbono por mais tempo. Seu tempo para início de produção é por volta de sete anos. No caule que existe a maior concentração de carbono. “O valor de venda hoje é variável entre US$ 3 e US$ 5 por tonelada de crédito de carbono orgânico pelo mercado voluntário, no mercado pelo Tratado de Kyoto paga-se três vezes mais”, diz Beatriz Bezeruska.

DOIS MERCADOS – A coordenadora do Centro Carbono Nívia Miglioli explica que existem atualmente dois mercados: o Voluntário e o do Tratado de Kyoto. No mercado voluntário os créditos são pagos pelos países que não ratificaram o Tratado de Kyoto, como EUA, alguns países da União Européia e o mercado voluntário de empresas japonesas criado recentemente. Esses países compram projetos de crédito de carbono de nações emergentes como Índia, China e Brasil.

Nesse mercado voluntário exigem-se um pagamento de luva de R$ 85 mil a ser aplicada na Bolsa de Chicago conforme qualquer outra commodity. No Brasil já existe mercado voluntário de reduções para eucalipto. Já o mercado de crédito de carbono pelo Tratado de Kyoto o plantio da área mínima de 500 hectares obrigatoriamente precisa ser feito antecipadamente, isto é, antes de ser implantado o projeto físico.

PRÓXIMO ENCONTRO - Na reunião também participaram o técnico agrícola da Empaer, Ilton Batista Camilo; o coordenador técnico da Empaer, Osmano Freitas da Silva e o coordenador de Desenvolvimento Florestal da Seder, Gustavo Ribeiro Castro que sugeriu um novo encontro no próximo dia 11 de novembro, em reunião pelo MT Floresta. Na ocasião, haverá a tentativa de um acerto com o MT Floresta para uma possível parceria em que o órgão faça o fornecimento do viveiro de mudas. A intenção também é convidar o Ministério Público em função de alguns deferimentos que foram aplicados em algumas ações de fomento ambiental com a participação do governo do estado.

Fonte: Assessoria/24 Horas News

ITTO Sindimadeira_rs