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Presidente da Abimóvel fala sobre reflexo da crise no setor em entrevista à Agência Sebrae de Notícias (ASN).
O setor moveleiro está apreensivo. Nas últimas semanas, os preços dos insumos e matérias-primas da cadeia produtiva de móveis aumentaram em função da turbulência cambial. Outros preços de produtos essenciais ao setor estão subindo ou deverão subir, nas próximas semanas, por outros motivos, que não são muito claros para os empresários.
A crise financeira internacional é objeto de atenção e muita cautela. Ninguém sabe ou se arrisca a dizer, com certeza, quais poderão ser as conseqüências para os produtores brasileiros de móveis.
José Luiz Diaz Fernandez, presidente da Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel), em entrevista à Agência Sebrae de Notícias, fala do desempenho do setor e comenta sobre os reflexos da crise nessa cadeia produtiva, composta por 16,5 mil empresas.
A maioria dos negócios do setor é formada por micro e pequenas empresas. O setor é gerador de 232 mil empregos diretos e cerca de 460 mil indiretos no País. Nos últimos anos, empresários moveleiros têm se esforçado em trabalhar apenas com madeiras certificadas ou oriundas de planos de manejo reconhecidos pelo Ibama e órgãos ambientais.
O principal comprador externo da produção moveleira nacional são os Estados Unidos, responsáveis por mais da metade das exportações do setor. Em 2007, as vendas totais do setor moveleiro cresceram 5,2% em relação a 2006.
A previsão da Abimóvel, para este ano, era de que o setor aumentaria suas vendas em 10% para o mercado interno. Móveis, porém, não são produtos da preferência dos consumidores brasileiros e estão classificados em oitavo lugar no ranking do consumo nacional. O setor deverá fechar o ano registrando aumento de 7% nas vendas para o mercado interno.
As expectativas da entidade eram de que o setor exportaria 5% a mais este ano. Em decorrência da crise financeira internacional, elas baixaram e as vendas externas deverão crescer entre 2,5% a 3%, segundo previsões da Abimóvel.
ASN: A crise já bateu à porta do setor moveleiro?
Fernandez: Em algumas formas, sim. Os insumos, matérias-primas já tiveram aumentos desproporcionais. Até produtos que não dependem diretamente do dólar, como as tintas e vernizes, subiram entre 12% e 30%, de um dia para o outro. Isso aconteceu exatamente em 9 de outubro. Há rumores de que outros produtos, como chapas de compensados e aglomerados, terão reajustes nos próximos dias.
ASN: Qual é o clima entre os empresários moveleiros?
Fernandez: O mercado está muito apreensivo e nervoso. Há empresas fornecedoras do setor que suspenderam as vendas por dez dias. Não sabem como vão comprar e vender, por causa do dólar.
ASN: O que fazer neste momento?
Fernandez: Esperar o que vai acontecer. Nosso setor está muito sofrido e não suporta mais aumentos.
ASN: E as vendas do Natal?
Fernandez: O Natal será mais magro do que esperávamos. Não sabemos mensurar, mas será mais do que o previsto. As previsões para o próximo ano não são otimistas.
ASN: O consumo de móveis não está crescendo no País?
Fernandez: O mercado interno é nosso grande cliente. Mas nos últimos quatro meses, está se retraindo. O primeiro quadrimestre deste ano foi bom no mercado interno. Mas no segundo quadrimestre, começou a cair, tanto em móveis de linha alta como nos econômicos.
ASN: Como as vendas se comportaram no ano passado e este ano, até agora?
Fernandez: Em 2007, as vendas totais cresceram 5,2% em relação a 2006. Nossa intenção era crescer 10% este ano. Vamos, talvez, crescer 7% nas vendas ao mercado interno. Em relação às exportações, pretendíamos crescer 5%. Estamos revendo essa taxa de crescimento das exportações, que deverá ficar entre 2,5% e 3%. Os Estados Unidos são o nosso maior comprador externo até o momento. Eles compram mais da metade da produção moveleira nacional. Há oito anos, estávamos vendendo em dólar, com câmbio de 1999. Este ano, as vendas para os Estados Unidos caíram cerca de 30%. Elas estão caindo desde 2007. Móveis residenciais são os produtos mais vendidos para o mercado norte-americano.
ASN: Há possibilidade de falência de algumas empresas do setor?
Fernandez: É prematuro falar em fechamento de empresas neste momento.
ASN: Qual é seu conselho para os empresários do setor moveleiro?
Fernandez: Cautela e precaução. Evitar endividamento e fazer renegociações, não pegar dinheiro emprestado. O crédito está reduzido e os juros muito altos. O mercado está nervoso, sem expectativa de reversão em curto prazo. É hora de rever ou adiar investimentos, devido à volatilidade do mercado.
ASN: O que representa a crise financeira?
Fernandez: Quando a situação está boa, é bom para todo mundo. Crise é que faz a diferença. A gente aprende com ela. Acho que o Brasil vai se sair bem dessa atual. A economia brasileira está bem estruturada e vai sofrer menos do que nas crises do passado. Para nosso setor, a saída é procurar novos mercados, como os países da África e da América do Sul. Poderemos vender com o valor do dólar mais atualizado.
ASN: Então o aumento da taxa cambial do dólar pode beneficiar o setor?
Fernandez: O aumento abrupto do dólar foi mais prejudicial do que vantajoso para nosso setor. Não havia justificativa para as matérias-primas aumentarem de preço como aumentaram. Acho que algumas empresas fornecedoras, em vez de suspenderem as vendas, resolveram aumentar os preços. Ou seja, regular o mercado pelo aumento dos preços.
Fonte: Agência Sebrae de Notícias / Abimóvel
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