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Notícias

18
out
2008
(BIOENERGIA)
Dólar mais alto faz europeus buscarem o etanol brasileiro

Após a recente desvalorização do real ante o dólar, o etanol brasileiro ganhou a atenção dos importadores europeus neste momento.

Ainda não foram fechados negócios recentemente junto ao bloco, mas há propostas em estudo. De acordo com Tarcilo Rodrigues, diretor da Bioagência, os exportadores estão propondo negócios, neste momento, com prêmios entre 10% e 15% sobre as cotações do mercado interno, o que significaria exportar o litro a R$ 1,05 aproximadamente, descontados custos da operação. "Houve procura de importadores e os brasileiros fizeram propostas nesses patamares, que ainda estão sendo estudadas pelos europeus", disse.

O mercado norte-americano, embora o preço interno do galão do etanol esteja baixo agora, não é atraente. "O galão está valendo US$ 1,80 nos Estados Unidos. Para remunerar mais do que o mercado interno brasileiro, teria de valer entre US$ 2,10 a US$ 2,20", comenta, ainda, Rodrigues. "Nesse momento, o mercado interno está mais interessante". No Brasil, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, os preços do etanol hidratado e do anidro se mantiveram firmes na última semana, com pouca variação.

Na semana passada, o litro do anidro esteve cotado, em média, a R$ 0,93 enquanto o do hidratado fechou a média semanal a R$ 0,76/litro, altas de 0,63% e baixa de 0,27% respectivamente. De acordo com a pesquisadora Evelise Bragato, do Cepea, as distribuidoras estão abastecidas e houve aumento de oferta por parte de algumas unidades produtoras, o que explica o desempenho do mercado na semana anterior. O anidro registra altas há oito semanas consecutivas.

Ontem, o presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Marcos Jank, disse acreditar que o Brasil é um dos países que menos sofrerão com a crise de crédito. Para ele, as últimas medidas do Banco Central foram acertadas. "Percebe-se que as ações recentes foram importantes para a economia do país. Nós, brasileiros, tendemos a sofrer menos com esta nova situação porque estamos bem preparados, com reservas", disse.

Para Jank, embora ainda seja cedo para saber como essa crise vai afetar o setor, o maior problema será o de crédito e de financiamento. "Tudo dependerá do que vai acontecer nas próximas semanas. Esperamos que a crise financeira não atingisse a economia real. Mas não acredito em quebradeiras [de empresas]", continuou. O presidente da Unica esteve ontem presente ao 9º Encontro de Negócios e Energia, promovido pela Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp).

Jank lembra que os fundamentos do setor estão sólidos. No caso do etanol, o Brasil exporta pouco e a demanda interna está aquecida por conta da utilização da frota flex-fuel. A estimativa da Unica é de exportar entre 4,2 bilhões e 5 bilhões de litros na safra atual, frente à produção que deverá totalizar cerca de 24 bilhões de litros. Embora o consumo de veículos possa reduzir no mercado interno, Jank lembra que a frota que está nas ruas vai precisar do combustível. No caso do açúcar, ainda existirá demanda maior do mercado externo por conta da redução da safra da Índia - importante produtor, como o Brasil.

"A safra atual está transcorrendo sem problemas. Os preços do açúcar e do etanol devem reagir à medida que se aproxima a entressafra", comentou, ainda, o presidente da Unica. Embora os estoques de etanol para a entressafra estejam ajustados, o presidente da entidade não acredita em falta do produto.

Investimentos

As usinas têm estimativa de investir US$ 33 bilhões até 2012 - na construção de novas plantas, modernização de outras unidades para a co-geração a partir da biomassa, entre outros investimentos. O período considerado inicial para a realização desses aportes foi o ano de 2005, aproximadamente.

Ainda não é possível saber se os investimentos serão postergados pelas companhias além do prazo estipulado inicialmente por conta da crise de crédito. Dependerá da situação de cada empresa, do quanto cada uma vai precisar buscar de recursos e da situação de mercado.

Nesta safra, das 32 novas plantas que entrariam em operação, 29 começaram a produzir. No total, já considerando os 32 citados, o volume de investimentos previsto engloba 80 novos projetos. "Ainda é muito cedo para fazer análises sobre os impactos dessa crise financeira em relação ao volume de investimentos previsto. E essas decisões ocorrem caso a caso, depende da realidade de cada empresa", finalizou o presidente da Unica.

Após a recente desvalorização do real ante o dólar, o etanol brasileiro ganhou a atenção dos importadores europeus. Ainda não foram fechados contratos, mas já há propostas.

Fonte: DCI

ITTO Sindimadeira_rs