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14
out
2008
(ECONOMIA)
Alta do dólar traz desvantagens para a indústria moveleira

A forte alta registrada recentemente pelo dólar devido à crise financeira foi uma ironia amarga para o setor moveleiro, que pleiteava há muito tempo uma melhor situação cambial. "A gente tinha expectativa de o dólar aumentar, mas em uma economia estável, a fim de buscar a lucratividade perdida. Agora, só temos especulações, ninguém sabe o que deve acontecer", diz Maristela Cusin Longhi, presidente da Associação das Indústrias de Móveis do Estado (Movergs).

De acordo com a executiva, as empresas moveleiras devem ter muita cautela antes de fechar qualquer negociação como forma de evitar prejuízos futuros. Para o setor, o aumento do dólar chegou a trazer mais complicações, devido à possibilidade de elevação dos custos de produção. "Já temos fornecedores querendo aumentar o preço dos insumos e matérias-primas que utilizamos na fabricação de móveis devido à importação", afirma Maristela. A presidente também diz que já existem clientes estrangeiros requisitando descontos nas compras. "Nós recomendamos aos empresários que só aceitem dar descontos para pagamentos antecipados, pois não temos como garantir o valor do dólar em longo prazo", explica.

Para Maristela, um possível decréscimo das atuais vendas externas pode ser compensado com a busca de novos clientes em outros países, como forma de ampliar o mercado para os fabricantes do Rio Grande do Sul. E este é um movimento que já está começando no Estado. Um exemplo é a diferença entre os mercados compradores dos produtos brasileiros e gaúchos. Enquanto os Estados Unidos ainda são o maior consumidor de móveis brasileiros, representando 16,8% da vendas do País, para o Rio Grande do Sul o mercado norte-americano representa apenas 6,7% das exportações, ficando atrás da Argentina, Reino Unido e Chile. "Prospectar novos mercados e parceiros é com certeza uma solução para continuar crescendo", salienta Maristela.

Conforme informado pela Movergs, outra vantagem do setor moveleiro gaúcho em relação ao resto do País é que as exportações ainda são menos significantes do que as vendas para o mercado interno. "Cerca de 86% da nossa produção é vendida nacionalmente e as previsões de crescimento destas vendas já eram boas, mas sabemos que a recessão mundial deverá exercer alguma influência", afirma a presidente da entidade.

Exportações brasileiras de móveis chegam a US$ 751 milhões

Dados divulgados pela Associação das Indústrias de Móveis do Rio Grande do Sul (Movergs) aponta que as exportações do setor moveleiro no Brasil chegaram a US$ 750,9 milhões entre janeiro e setembro de 2008, um acréscimo de 2,3% sobre o acumulado do mesmo período do ano passado. Os maiores crescimentos foram registrados nas vendas para a Argentina (53,3%), o Uruguai (32%) e a Venezuela (31,7%). Já as maiores quedas foram verificadas nas exportações para a Irlanda (-54,1%), os Estados Unidos (-33,8%) e o Canadá (-31,4%).

As empresas gaúchas foram responsáveis por 29,5% das vendas brasileiras nesses nove meses. No total, o Estado exportou US$ 221,2 milhões de janeiro a setembro, apresentando um crescimento de 6% em relação ao total registrado durante a mesma época em 2007. O maior incremento nas vendas gaúchas para o exterior foi na Venezuela, que comprou 114,1% a mais em móveis produzidos pelos gaúchos.

No entanto, apesar dos números positivos, o setor moveleiro do Rio Grande do Sul ainda não está satisfeito, pois os ganhos não são equivalentes quando são transformados em moeda nacional. "Devido ao câmbio desfavorável que tínhamos estes valores, em reais, representam quase 10% de baixa", afirma a presidente da Movergs, Maristela Longhi.

Fonte: Jornal do Comércio

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