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Notícias

08
set
2008
(MADEIRA E PRODUTOS)
INEE apresentou proposta de Decreto para Política Nacional de Madeira Energética

Uma proposta de Decreto para a criação da Política Nacional de Eficiência Energética foi apresentada pelo o diretor-geral do Instituto Nacional de Eficiência Energética (INEE), Jayme Buarque de Hollanda, durante o encerramento do I Seminário Madeira Energética (MADEN 2008). Seu principal objetivo é regular a produção, transporte, estoque e comércio da madeira para uso energético e dos biocombustíveis dela derivados pelo termo-transformação, incluindo também os resíduos agro-industriais e outras biomassas queimadas diretamente ou após sua densificação para uso energético.

« Nós próximos dois ou três meses vamos procurar o Ministro de Minas e Energia Edison Lobão e apresentar nossa proposta de decreto. Neste meio tempo vamos continuar a desenvolver o documento, com a contribuição de especialistas da área » adiantou Buarque de Hollanda. « Em quase todo o mundo, a produção desta energia caracterizou-se como uma fonte de uso doméstico rural e não comercial. No entanto, a realidade brasileira é profundamente distinta. Aqui, a madeira para fins residenciais e rurais corresponde apenas a um terço da energia total da madeira.

A maior parte se destina a suprir as indústrias de papel, cerâmica vermelha, gesseiras e de ferro gusa, substituindo energia fóssil importada. O Brasil é o único país do mundo a usar em grande escala o carvão vegetal como termo-redutor, a partir do qual, em 2006, foram produzidos 35% do ferro-gusa nacional. A madeira é uma das principais fontes de energia primária do Brasil. Em 2006, forneceu 28,5 milhões de toneladas equivalentes de petróleo (Mtep), quantidade comparável às fornecidas pela hidroeletricidade (30 Mtep) e pela cana-de-açúcar (35 Mtep).

Evento abordou diferentes realidades da cadeira energética da madeira

Para uso energético, as florestas plantadas conjugam fatores positivos como grande extensão territorial, oportunidade para incorporação de áreas degradadas (que já somam 130 milhões de hectares), disponibilidade de espécies florestais adaptadas para quase todas as regiões e conhecimento científico e tecnológico na área de silvicultura. No entanto, existem gargalos como a produção de sementes florestais de qualidade. “O Brasil não tem produção suficiente para dobrar a área plantada que hoje está em 5 milhões de hectares”, pontuou durante sua palestra Helton Damin Silva, chefe da Embrapa Florestas.

De acordo com Damin, o mercado de madeira está aquecido. Dos 350 milhões de m³ demandados por ano, apenas 90 milhões de m³ são oriundos de florestas plantadas. A diferença é suprida pela mata nativa de forma legal ou não. “Cerca de 30% de todo o eucalipto plantado no Brasil está em Minas Gerais para atender basicamente a indústria siderúrgica. É o Estado mais interessado na questão”, afirma Damin.

Outra forma de obter energia é o aproveitamento de resíduos agroindustriais. Dados apresentados por Pietro Erber, diretor do INEE, mostram que há potencial para uso de até 9,1 milhões de ton/ano de biomassa vinda do bagaço de cana, casca de arroz, fibras residuais de coco, milho, sorgo, café, algodão e fumo, além de restos de madeira e podas de árvores. O volume seria suficiente para gerar 174 mil empregos, mas ainda faltam tecnologias mais eficientes para o processamento dessas matérias-primas.

O diretor da Ipassu Briquetes, Carlos Fraza, discursou a respeito de combustível sólido renovável (CSR), de nome bripell, pode ser produzido a partir de diferentes tipos de biomassa como, o bagaço de cana, o sabugo e a palha de milho, a folha e o caule do milho e casca de amendoim, além de serragem de madeira, fibras, capim, e ponta de palha de cana de açúcar. De acordo com o diretor, a secagem e compactação da biomassa fazem com que o CSR seja menos poluente que o bagaço úmido, por exemplo. “O bagaço de cana úmido fermenta com o tempo, gera gás metano que aumenta a porcentagem de água e diminui seu poder calorífico; além do mais, o chorume que produz contamina o solo e o lençol freático”, disse.

De acordo com Fraza, a secagem e compactação da biomassa reduzem o volume do bagaço de cana, de forma que o seu transporte e armazenamento são facilitados e equipamentos como caldeiras e fornos ficam mais eficientes. “A eficiência calorífica do bripell é maior que a do bagaço de cana por ser compacto e conter apenas 10% de umidade, de forma que não gasta seu poder calorífico para eliminar a umidade excedente, além de poder receber mais oxigênio para queima”, explicou.

Falta de investimento foi a tônica do último dia de palestras

O coordenador de monitoramento e controle florestal da DPFLOR do Ibama, Carlos Fabiano Cardoso, mostrou um histórico de ações de órgãos estaduais e do governo federal, que permitiram detectar de forma mais clara o déficit de plantio nos estados brasileiros. Os dados obtidos foram usados como base para os atuais TAC’s firmados com empresas que buscam legalidade e sustentabilidade até 2015.

O professor Ayrton Figueiredo Martins, do programa de Pós Graduação em Química da Universidade Federal de Santa Maria, no Rio Grande do Sul disse que o Brasil já possui grande conhecimento em tecnologias de produtos naturais (processos como a pirólise, a termodinâmica, o bioetanol de celulose, a biologia sintética, bioengenharia, biorefinaria sintética, gasificação e outros), porém, por falta de investimento em mais conhecimento, estão todas em fase de implementação.

Maria Emília Rezende, presidente da Biocarbo, desenvolveu o tema dos não energéticos na cadeia da madeira através de um estudo de caso da pirólise e biocarboquímica no Brasil. O exemplo escolhido foi o da empresa Queiroz Galvão Siderurgia, que através da contratação de consultores da área, inovou seu sistema de queima de matéria-prima e espera alcançar auto-suficiência até 2012. “Algumas vezes lidamos com pessoas analfabetas, fazendo com que o treinamento e a conscientização sejam feitos oralmente”, explicou Maria Emília.

O I Seminário Madeira Energética (MADEN 2008) reuniu na Academia Brasileira de Ciências durante os dias 2 e 3 de setembro, no Rio de Janeiro, pesquisadores e empresas públicas e privadas para discutir o uso eficiente dos recursos vegetais para fins energéticos. O evento foi organizado pelo Instituto Nacional de Eficiência Energética (INEE) e pela Iniciativa Carvão Verde (ICV), e conta com o apoio da Embrapa, Ibama, Serviço Florestal Brasileiro e Ministério do Meio Ambiente.

Outras informações e entrevista
Jayme Buarque de Holanda (jbh@inee.org.br)
Diretor geral do INEE
21 2532-1389

Bruna Dias
Assessora de Imprensa
Instituto Nacional de Eficiência Energética (INEE)
Rua Manuel de Carvalho, 16 – 8º andar
Centro – Rio de Janeiro RJ
+55 21 2532 1389
bruna@inee.org.br www.inee.org.br

Fonte: Instituto Nacional de Eficiência Energética (INEE)

ITTO Sindimadeira_rs