Notícias
Dependendo da métrica utilizada, o crescimento de ativos em fundos de carbono trilha um caminho equivalente ao do mercado de carbono, ou o ultrapassa. Pesquisas da Enviromental Finance Publications para a última edição do Guia de Fundos de Carbono identificaram 80 fundos de carbono, grupos de compradores ou veiculos governamentais de aquisição que são operacionais ou estão ativamente captando recursos (um aumento de 33% em relação no último ano, quando haviam 56 fundos).
Estes fundos, coletivamente, administram ou estão comprometidos com 12,87 bilhões de dólares – e, se continuarem a aumentar o volume de dinheiro arrecadado e alcançarem metas estabelecidas, irão conquistar um adicional de 5,49 bilhões de dólares. Em comparação com os 7,9 bilhões de dólares adminitrados no ano passado, representa um crescimento de 63%.
De acordo com o Banco Mundial, o valor das transações de carbono dobraram entre 2006 e 2007 – alcançando 64 bilhões de dólares, com previsão de exceder 100 bilhões de dólares até o final de 2008. Já o crescimento em volumes em mercados baseados nos projetos do Protocolo de Quioto (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo – MDL - e Implementação Onjunta - IC) apresentaram um crescimento mais modesto.
Este cenário, incluindo tanto o comércio primário quanto o secundário, era de 832 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (CO2e) em 2007, 44% acima de 2006. No entanto, o aumento de 109% no valor das transações – para 13,4 bilhões de dólares – estava alinhado com o mercado em geral.
Isso não é surpreendente na verdade. O mercado de gerência de ativos de carbono foi fortemente guiado por uma certa “corrida do ouro”, com investidores apressados para participar do mercado na época da entrada em vigor do Protocolo de Quioto, em 2005. Até gorvernos que perderam antecipadamente suas metas do Quioto foram encorajados pelo Banco Mundial a entrar previamente no mercado.
Além do mais, as condições nos últimos 12 meses não têm sido ideiais para se levantar novos capitais – a crise de crédito e a reavaliação de preços de risco nos mercados financeiros juntam-se ao momento difícil no mercado de carbono. Problemas com a infraestrutura do mercdao que proibia desenvolvedores de projetos MDL de vender créditos no esquema europeu de negociação de emissões (EU ETS), aliadas a incertezas sobre o futuro pós-Quioto, a partir de 2012, têm tornado os investimentos em projetos mais arriscados do que nunca.
Outro ângulo
A pesquisa realizada pela Carbon Finance apresenta um cenário mais otimista. Das 64 empresas de gerenciamento de fundos ou agências governamentais de compra entrevistadas, 33 responderam a pesquisa realizada via internet entre junho e julho de 2008. As perguntas, similares às da pesquisa realizada pela empresa em 2007, abrangeram planos futuros de captação de recursos, construção atual e futura de portifólio, expectativas em relação a preços e visão geral do mercado.
A maioria das respostas foram direcionadas para o mercado MDL e as emissões certificadas de emissões (RCEs) geradas por esses projetos – o que reflete o interesse de compra da maioria dos gerentes de fundos de carbono. Algumas respostas também relacionaram unidades de redução de emissões (ERUs), provenientes de projetos de IC, e o mercado voluntário.
Captação de recursos
Apesar do medo crescente de uma desaceleração da economia mundial e das incertezas sobre a natureza (ou mesmo a existência) de um acordo internacional sobre mudanças climáticas depois de 2012, a pesquisa deste ano revela uma maior expectativa de crescimento do que a do ano passado. Naquela situação, 11 dos 22 gerentes de fundos que responderam à pesquisa planejavam captar dinheiro em veículos existentes e 13 pretendiam lançar fundos adicionais. Este ano, os números se elevaram para 22 e 16 respectivamente.
Os primeiros desejam conseguir 2,8 bilhões de dólares em capital adicional para fundos já existentes. Já a meta para novos fundos é menor, de 1,4 bilhões de dólares. Ano passado eram de 530 milhões de dólares e 2,4 bilhões comparativamente. Esses cenários, obviamente, precisam ser avaliados com cuidado, pois são ambiciosos e subjetivos. De qualquer forma, dão uma indicação das percepções dos gerentes de fundos sobre a disponibilidade de capital e a demanda por ativos de carbono.
Disponibilidade de ativos de carbono
A pesquisa da Carbon Finance reflete o crescimento de preocupação com a aproximação do momento crucial em 2012, que possivelmente reduzirá volumes de carbono. Em meados de 2007 apenas um entrevistado entendia que os estoques primários (ou seja, diretamente dos projetos) cairiam em comparação com os 12 meses anteriores. Este ano, o número subiu para oito, representando quase um terço daqueles que responderam à pergunta. Entretanto, 11 entrevistados acreditam que os estoques continuarão a crescer.
Essa preocupação também aparece, de maneira mais limitada, em relação ao mercado secundário. Na pesquisa desse ano, os gerentes expressam confiança de que a maturidade de crescimento do mercado de carbono será refletida no aumento de volumes no mercado secundário nos próximos 12 meses. Mais de 80% esperavam um crescimento 12 meses atrás, e agora este número está reduzido a dois terços.
Preço
Os preços que gerentes de fundos pagam por ativos de carbono estão, não surpreendentemente, subindo. Na pesquisa de 2007, os preços do mercado secundário de RCEs estava em torno de 14 euros/tonelada de CO2 (cerca de 20,6 dólares/t). No início de junho deste ano, passaram para 20 euros pela primeira vez.
Na última pesquisa, apenas oito entrevistados revelaram o preço que haviam pagado pelas RCEs primárias – metade deles informou o valor entre 8 e 13 euros. O restante citou preços menores.
Dos 15 entrevistados que responderam à pergunta este ano, 11 disseram que estavam comprando na média de 8 a 15 euros. Dos outros quatro, dois citaram variações de 6 a 11 euros e 7 a 12 euros; enquanto um comprador japonês informou uma variação surpreendentemente baixa: entre 3,15 e 9,50 euros.
Além de 2012
Apesar das incertezas em relação às negociações internacionais sobre mudanças climáticas, os pesquisado mostram confiança no mercado em geral, particularmente no MDL, que acreditam sobreviverá a 2012. Uma proporção crescente de gerentes está comprando créditos de carbono para entrega depois desse período.
As maiores preocupações quanto à oferta e demanda são o desenvolvimento de mercados de carbono nos Estados Unidos, o nível em que a União Européia permitirá a importação de RECs e ERUs após 2012 e a natureza do acordo futuro sobre clima. Os gerentes também se preocupam com o sistema de aprovação de projetos pela ONU e com a capacidade das entidades operacionais designadas. “O fator que mais afeta os estoques primários de carbono é a velocidade de verificação do projeto”, avalia um dos entrevistados.
Distribuição geográfica
As previsões de que a China se tornaria menos significante como fonte de créditos de carbono não se confirmam. De acordo com o Banco Mundial, o estoque chinês subiu de 61% em 2006 para 73% no último ano. A Índia, que era a aposta de crescimento de quase metade dos entrevistados, passou de 12% para 6%.
Este ano, o Brasil tem encontrado mais aceitação do que no passado, quando apenas um terço dos gerentes planejavam aumentar a relação com o terceiro maior fornecedor de créditos MDL e outro terço pretendia cortar o país da lista de compras.
Poucos participantes do mercado de carbono ou gerentes de fundos duvidam do crescimento do setor. O estabelecimento de mercados de carbono nos EUA e uma conclusão satisfatória das negociações do acordo pós-2012 levarão as negociações de carbono ao próximo nível. Ainda assim, há inúmeros desafios e riscos nesse mercado.
Fonte: Carbon Finance / CarbonoBrasil
Notícias em destaque





