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07
ago
2008
(MADEIRA E PRODUTOS)
Crise nos EUA reduz consumo global de madeira

Em um mundo globalizado, as dificuldades dos americanos para pagar as hipotecas de suas casas estão repercutindo nas florestas em todo o mundo. O colapso no mercado imobiliário americano está levando a uma revolução no mercado de madeiras. Segundo levantamento da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e da Comissão Econômica da ONU para a Europa, a queda na construção civil nos Estados Unidos e mesmo em algumas parte da Europa está reduzindo as exportações de madeira do Brasil e de outros países latino-americanos.

Para o Brasil, o mercado chinês e a demanda interna incentivada pelo setor imobiliário são os fatores que estão permitindo que a produção de madeira tropical continue crescendo.

Segundo os dados coletados pela FAO, 2007 registrou a maior queda em construções de casas nos Estados Unidos. Os impactos no setor de madeira foram sentidos imediatamente. "Empresas em todo o mundo fecharam suas usinas temporariamente ou reduziram horas trabalhadas", afirmou Ed Pepke, autor do relatório.

Segundo o texto, produtores de madeira da América Latina foram obrigados a cortar a produção que era destinada ao mercado americano. "Alguns estão esperando para ver como ficará o mercado para decidir se fecham de vez seus negócios ou esperam uma retomada do crescimento da economia americana para voltar a exportar", diz o levantamento. Para Pepke, as exportações do Brasil estariam entre as mais afetadas.

A queda não ocorre por acaso. Nos Estados Unidos, 2,2 milhões de casas foram construídas em 2006. Hoje, são menos de 700 mil e esse número continua caindo. Uma recuperação não está prevista nos próximos dois anos. O problema é que 70% das importações e produção de madeira vão para o setor da construção.

O resultado é que, pela primeira vez em seis anos, o mercado de madeira e papel caiu nos países ricos. Entre 2006 e 2007, a queda foi de 1,4% no consumo de madeira. Mas, nos EUA, a redução foi de 7% em apenas um ano.

Hoje, a produção mundial de itens de madeira (móveis, madeira compensada e mesmo toras) movimenta por ano cerca de US$ 300 bilhões. Em 2007, as exportações foram de US$ 100 bilhões. Os americanos são de longe os maiores importadores, seguidos por Reino Unido, Alemanha e França.

No setor de móveis, a queda já foi de 3,5%, afetando exportadores latino-americanos. Nos últimos dois anos, exportadores da região foram responsáveis por 50% de todo o fornecimento de madeira com alto valor agregado ao mercado americano.

Fonte: Jamil Chade - Genebra/Estadão

ITTO Sindimadeira_rs