Notícias
Os setores da arquitetura, decoração e design estudam e pesquisam maneiras de reduzir o impacto causado ao planeta. Outro foco de pesquisa é a busca constante de materiais que substituam os existentes, exercendo a mesma função ou superando-os de forma sustentável. Nessa procura, uma das áreas que têm grande apelo ambiental é o setor madeireiro.
Para amenizar o problema, o setor traz soluções como a madeira de demolição, a madeira certificada e o manejo sustentável, que combatem a extração descontrolada das florestas.
Mas ainda era preciso procurar alternativas. Surgiu assim a madeira sintética, produzida a partir da reciclagem de dejetos e resíduos industriais como serragem, fibra de vidro, pneus, papel e uma variedade de plásticos, entre outros materiais. Várias são as vantagens que a madeira sintética apresenta, sendo que a mais difundida é a preservação do meio ambiente, pois, além de evitar o desmatamento, reaproveita materiais que seriam jogados no lixo.
A idéia surgiu na Europa e foi trazida para o Brasil pela Ecoblock, uma empresa mineira que durante seis anos investiu em estudos para o desenvolvimento do maquinário e do sistema de produção da madeira no país. Marta Borges, diretora da empresa, conta que descobriu a novidade em uma das feiras que visita pela Europa em busca de inovações.
Jane Carol Azevedo, representante da Ecoblock, diz que a madeira biossintética, além de ser mais resistente que a convencional, possui muitas vantagens e aplicações, sendo utilizada em ambientes internos, na fabricação de móveis e, principalmente, em áreas externas.
“Há dois anos o produto foi lançado no mercado nacional e a aceitação das empresas e dos profissionais é boa. Como o ecoblock é produzido a partir de resíduos sólidos industriais, apresenta características únicas, sendo resistente a impactos, imune à ação de cupins e do tempo, é impermeável, não absorve calor, isenta de bactérias, de fácil manuseio e manutenção. É um belíssimo empreendimento na área ambiental, que traz diversas vantagens em termos de longevidade e manutenção”, ponderá Jane.
Designer montou linha de móveis
Como a fase de pesquisa para desenvolvimento e viabilização do produto foi longa, ele ainda está sendo difundido pelo país, a empresa conta com uma pequena linha de móveis desenvolvida pelo próprio designer da Ecoblock e pelos perfis multicoloridos.
“A madeira é fabricada em perfis de 10, 15 e 28 centímetros de espessura por dois e meio a seis metros de comprimento em três cores básicas e ainda pode ser fabricado em qualquer cor que o cliente desejar sob encomenda”, frisa Jane.
O preço do metro linear do ecoblock em relação à madeira convencional pode ser comparado ao preço do m2 do ipê. Mas, se analisado pela aplicação, que dispensa manutenção e apresenta maior resistência e durabilidade, o custo benefício é bem mais vantajoso.
Outra boa aplicação da madeira biossintética é no setor da construção civil, em empresas e galpões de armazenamento de produtos. “Devido à sua resistência e durabilidade, ela pode ser usada na construção para o escoramento de andaimes, revestimentos de paredes e na construção de decks. Nas empresas de estocagem, principalmente, é usado no Nordeste na fabricação de paletes. Até a Petrobras já está usando nas plataformas no mar, pois a garrafa pet compactada com fibras é mais durável no mar que o ferro ou alumínio”, pondera Jane.
Embora ainda não seja comercializado no DF, o ecoblock foi lançado na capital durante a mostra Morar Mais por Menos, no Lago Sul. Na mostra, quatro ambientes usam o produto em diferentes aplicações: na bancada do lavabo das arquiteta Celina Magalhães e Olenka Azevedo; uma bancada no ambiente concebido pelas designers de interiores Andrea Zanoni e Marli Rodrigues; no caminho e no cachepô do jardim assinado por Miguel Gustavo e no ambiente do arquiteto Andre Alf, na parte externa.
Produto testado e aprovado
Andrea Zanoni, designer de interiores, conta que a primeira notícia que teve sobre a madeira sintética foi por intermédio de um professor do curso de pós-graduação que ela freqüenta. Durante a concepção do projeto, feito em parceria com Marli Rodrigues, para a mostra Morar Mais, que tem como tema a sustentabilidade, lembrou-se do ecoblock. “A idéia do projeto foi criar um ambiente de bom gosto, acessível financeiramente e dentro da questão sustentável. Hoje, o mundo respira a sustentabilidade e busca cada vez mais as novidades, algo que surpreenda. O ecoblock, com seu aspecto de madeira rústica no ambiente, além de fazer o contraponto com o sofisticado e contemporâneo, correspondeu a essa busca pelo novo. As pessoas ficam curiosas, observam, tocam e parecem não acreditar que seja uma madeira sintética e não a natural pela semelhança”, comenta.
Como é uma novidade no mercado, a designer conta que, da mesma forma que traz diversas vantagens e benefícios, por outro lado enfrenta restrições. O marceneiro, por exemplo, não conhecia o produto e teve de se adaptar para executar a bancada. “Como o ecoblock é mais resistente que a madeira natural, o marceneiro teve que usar máquinas e serras mais grossas para trabalhar a madeira. O produto ainda não é vendido em tiras e não possui todas as variáveis que a madeira convencional, por ser muito recente, mas acredito que com o passar do tempo isso seja solucionado e ele venha a substituir a madeira normal. Todo mundo quer o novo”, afirma.
A versatilidade do novo material
Celina Magalhães, designer de interiores que assina o lavabo com Olenka Azevedo, conta que, para sua surpresa, o marceneiro, que executou a bancada já conhecia o produto e não teve dificuldades para trabalhar com a madeira do começo ao fim do projeto. “É um produto inovador, com uma proposta ambiental de reaproveitamento e sustentabilidade viáveis. Possui o preço equivalente ao da madeira maciça, mas com inúmeras vantagens a mais. Por isso, não dá para dizer que é caro”, salienta.
No ambiente, a bancada feita de ecoblock harmoniza-se com peças sofisticadas, clássicas e vintage. Para quebrar um pouco a rusticidade da madeira, a dupla de designers passou uma pasta líquida para dar um acabamento na bancada. Celina acredita que a madeira biossintética seja aprimorada, ganhe melhorias com o passar do tempo e tenha outras aplicações.
“A principio foi criada para áreas externas, mas já estamos usando em ambientes internos e para confecção de móveis. Acredito que a construção civil venha a usar amplamente o ecoblock futuramente. Vamos ver casas pré-moldadas feitas dessa nova madeira. O produto foi criado e o limite de utilização é a necessidade e a criatividade de cada profissional”, comemora.
Fonte: Jornal da Comunidade
Notícias em destaque





