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Evidências científicas coletadas na África do Sul nos últimos sete anos e publicadas recentemente em literaturas bem conceituadas indicam que a planta Portulacaria afra, conhecida como arbusto elefante, possui uma enorme capacidade de estocar carbono. Esta capacidade de neutralizar emissões de gases do efeito estufa é similar a de florestas tropicais úmidas, como a Amazônia.
Segundo o jornal sul africano Mail&Guardian, os cientistas envolvidos na restauração de milhares de hectares do arbusto elefante, assim chamado por ser um dos alimentos preferidos do elefante, estão otimistas quanto à possibilidade de receberem créditos de carbono no mercado internacional.
As descobertas sugerem que mais de quatro toneladas de carbono podem ser capturadas anualmente por cada hectare e, com a obtenção de créditos, o projeto traria grandes benefícios sociais em uma província com taxa de desemprego perto de 50%.
“O preço dos créditos de carbono está entre 10 e 20 euros por tonelada de CO2”, disse ao jornal Anthony Mill, da Universidade de Stellenbosch, que é membro do grupo R3G. “Isto deve ultrapassar os 60 euros em 2030. A coisa mais importante a ser considerada é o mercado de carbono, que está crescendo rapidamente e criando créditos de carbono que serão lucrativos”.
Pesquisas com arbusto elefante
Muito comum na província de Eastern Cape, na África do Sul, a Portulacaria afra é uma espécie similar ao cacto, com folhas sempre verdes, finas e suculentas (armazena uma grande quantidade de água) e que pode alcançar a altura de 2,5 metros. Normalmente encontrada em terrenos rochosos e secos, a planta ainda se sai bem fornecendo água para flores de jardins.
Os cientistas do Grupo de Pesquisas de Restauração Rhodes (R3G), em colaboração com o projeto “Trabalhando pelas áreas florestais” do Departamento de Água e florestas da África do Sul, monitoram a restauração de 400 hectares de arbusto de elefante degradados que crescem na Reserva da Natureza Baviaanskloof, no Parque Nacional de Elefantes Addo e na Reserva Great Fish River.
O grupo notou que a espécie evoluiu para resistir de maneira moderada aos predadores, que são os animais selvagens nativos como elefantes, rinocerontes e antílopes, que tendem a comê-la de cima para baixo. Fora das áreas protegidas, no entanto, criações de animais domésticos tendem a comê-la do solo para o topo, levando com freqüência à rápida degradação.
A taxa de armazenamento de carbono de arbustos elefante replantados foram medidas em uma fazenda próxima a cidade de Uitenhage. Cerca de 27 anos atrás o fazendeiro Graham Slater se cansou de lidar com enchentes regulares nos celeiros e começou a plantar arbustos elefante nas áreas mais altas do terreno, que estavam degradadas.
“O crescimento de dois metros de altura do arbusto elefante na terra sem vegetação e com apenas 250 a 350 milímetros de chuvas anuais foi quase um milagre”, disse ao Mail&Guardian um dos integrantes do R3G, Richard Cowling da Universidade Metropolitana Nelson Mandela. Cada hectare que possui a planta na fazenda seqüestra 4,2 toneladas de carbono por ano.
O projeto R3G estabeleceu 30 pontos experimentais com arbusto elefante desde janeiro e planeja plantar mais de 300. Com o grande número, os cientistas esperam administrar melhor a conservação das plantas, que inevitavelmente servirão de alimentos para cabras e outras criações.
MDL ou mercado voluntário
Se o projeto falhar em obter uma certificação no mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL), um processo que pode ser custoso e complexo, o grupo partirá para o mercado voluntário.
A recuperação das plantações exige trabalho intenso e existem oportunidades para o desenvolvimento de mão-de-obra especializada para o monitoramento do carbono, segundo o jornal Mail&Guardian.
“Um projeto que restaura 10 mil hectares por ano poderia empregar dois mil trabalhadores. Além dos empregos, haveria numerosos benefícios em longo prazo para as comunidades locais, como melhora nas pastagens e acesso sustentável ao abastecimento com madeira, frutas e medicamentos naturais”, afirma Mills.
Fonte: Mail&Guardian/África do Sul
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