Notícias
Um projeto desenvolvido pelo Instituto Florestal (INFOR) e a Fundação para a Inovação Agrária (FIA), demonstrou que o Chile pode oferecer ao mercado madeiras não tradicionais, finas e com alto valor comercial.
A iniciativa “Plantações Mistas: Diversidade, Produtividade e Sustentabilidade para o Desenvolvimento Florestal”, é um estudo orientado a buscar uma nova opção produtiva para um setor compreendido entre a Região do Maule e dos Lagos, esta área que se caracteriza por uma extensa superfície de campina para distintos usos, entre os quais destaca o setor pecuário.
A vantagem desse tipo de plantação é que permite combinar “espécies principais” de alto valor (nogal, cerezo, castaño, arce, encino, e outras) -destinadas a prover a indústria da madeira serrada e folhada- com “espécies acompanhantes” ou “secundárias” (aliso negro, olivo de bohemia, quillay, e outras). Estas últimas ajudam o crescimento da árvore principal, melhorando a forma e a qualidade. Além, delas é possível obter sub-produtos diferentes (postes) e, inclusive, alternativas não-madeireiros (alimentos, forragem, combustível, medicinais, fibras, químicos ou fruta, entre outros).
Atualmente, muitos países desenvolvidos consomem madeiras valiosas, porém a oferta é reduzida a nível mundial, e a restrição ao uso de madeiras de florestas tropicais tem aumentado.
Madeiras finas do Chile ao estrangeiro
Por este motivo, desde 2000-2007, o projeto FIA-INFOR trabalha com as espécies principais Roble rojo americano (Quercus falcata), Cerezo comun (Prunus avium), Nogal comun (Juglans regia), Peral (Pyrus communis), Manzano (Malus communis), Roble rojo (Quercus rubra), Castaño (Castanea sativa), Encino europeo (Quercus robur), Avellano chileno (Gevuina avellana), Notro (Embothrium coccineum); e com algumas espécies secundárias como Aliso negro (Alnus glutinosa), Olivo de bohemia (Elaeagnus angustifolia), Avellano europeo (Corylus avellana), Robinia ou Acacio (Robinia pseudoacacia), Quillay (Quillaja saponaria), e Piche (Fabiana imbricata)
A iniciativa foi executada pelo INFOR, e tem um custo total de $ 211.779.674, dos quais a FIA aportou $ 70.778.849. Também participam empresas e produtores particulares.
No mercado internacional, as madeiras finas têm um valor superior a de espécies cultivadas em forma massiva (pino radiata, eucaliptos ou álamo) e que constituem commodities. A chefe de projetos do Instituto Florestal (INFOR), a cargo de Veronica Loewe M., comentou que “o conceito de “alto valor” está ligado a espécie e a qualidade da madeira que se define por seu tamanho, características, ausência de defeitos e homogeneidade”.
Comentou ainda que a Europa, América do Norte e Ásia são os principais consumidores desse tipo de madeira, sem defeitos; madeira serrada; chapas decorativas (veneers) para revestir painéis e móveis; partes e peças de móveis, e de parquet (listões).
O preço varia segundo o país de origem, dimensões, tratamentos aplicados e grade de elaboração. Por exemplo, a madeira de nogal para ser considerada de primeira qualidade (foliavel) deve possuir anéis de crescimento regulares, dimensões atrativas (sobre 3 metros de largura e 40 cm de diâmetro), livre de defeitos e apresentam uma cor homogênea, em geral clara. O preço atual para trozas de qualidade Premium é de US$2.015/m3 e de US$1.225/m3 para trozas de qualidade média. Os preços da madeira serrada flutuam entre US$775 e US$3.875/m3, segundo as qualidades.
Com respeito aos volumes de exportação de produtos elaborados a base de madeiras finas, Loewe disse que o “Chile ainda não exporta, porque as plantações são jovens, com a exceção de algumas madeiras nativas que tem conseguido abrir um mercado e que se comercializam como substitutas de algumas espécies de maior valor”.
Na atualidade, a investigadora disse que a área plantada com plantações mistas no Chile supera as 6 mil hectares, grande parte dos quais se cultiva com técnicas silviculturais que imitam processos da natureza, enquanto que a superfície estabelecida e manejada baixa os princípios e técnicas da arboricultura intensiva para produzir madeira de qualidade aproxima as 300 hectares.
Paralelamente, têm privados que estão efetuando investimentos nesse tipo de opção produtiva, principalmente entre as regiões VII e X, devido a demanda crescente dos mercados com poder aquisitivo e pela valorização das plantações florestais sustentáveis de madeiras nobres. Na Espana existem várias empresas que vendem lotes de árvores de plantações especializadas, fundamentalmente nogal e cerezo, com rentabilidades interessantes.
Potência florestal
Durante 2007, as exportações do setor alcançaram um equivalente de US$ 4.498 milhões, com um alta de 29,5% com relação ao ano atual, segundo cifras da Odepa, de janeiro a março de 2008, os envios ascenderam a US$ 1.195 milhões, cifra 11% superior a alcançada em igual período de 2007. A celulose continua impulsionando as exportações florestais, seguida pelas madeiras serradas e molduras.
Atualmente, os mercados florestais são China, Estados Unidos, Japão, Itália, Coréia do Sul, México, Holanda, Espanha, Peru e França.
Se bem que grande parte deste desenvolvimento se tem baseado no cultivo de espécies tradicionais, existe um enorme potencial para desenvolver riqueza no país baseado nas madeiras nobres, baseando-se no conhecimento técnico disponível, nos interessantes crescimentos registrados nos pais, no mercado insatisfeito de madeira de alta qualidade e valor, no conjunto de espécies de interesse (elevada rentabilidade) que podem cultivar-se com êxito no Chile, e na seriedade e prestígio do setor privado.
Esta alternativa constitui uma oportunidade para gerar valor, para reduzi- la concentração silvícola, socioeconômica e geográfica das plantações, e reduzir o avanco e controlar a aparição de novas pragas e enfermidades.
“Tal como os países desenvolvidos, que tem reorientado suas decisões estratégicas tem produtos de maior valor, o Chile pode optar por enriquecer ainda mais seu setor florestal, com significativos impactos econômicos, sociais e ambientais”, disse Veronica Loewe.
Fonte: La Segunda
Notícias em destaque





