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21
mai
2008
(MÓVEIS)
Aumento da classe C tende a elevar demanda por móveis

A classe C agora é maioria no Brasil. Esta é a conclusão da pesquisa Observadora Brasil 2008, feita pelo Instituto de Pesquisa Ipsos e encomendada pela financeira Cetelem. Os representantes desta camada social passaram de 36% em 2006 para 46% em 2007 e em dois anos, no período de 2005 a 2007, 20 milhões de brasileiros saíram da pobreza e entraram na classe C. Para o setor moveleiro e para toda economia brasileira esta é uma notícia muito positiva, já que a classe C representa hoje 86 milhões de pessoas e é uma das classes que mais consomem no país, inclusive móveis.

A pesquisa, divulgada este ano, mostrou quais são os desejos de consumo da Classe C, e entre os itens mais citados estão móveis; eletrodomésticos; viagens, telefone celular, computador e decoração. A região que apresentou maior intenção de compra de móveis durante dois anos consecutivos (2005/2006 e 2006/2007) foi o Sudeste. Outro dado importante da pesquisa é sobre a intenção de consumo de propriedades, que saiu de 10% em 2005 para 14% em 2006, e chegou em 2007 com 16%, com acesso ao crédito facilitado.

De acordo com o presidente da Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel), José Luiz Dias Fernandes, as classes C e D são as que mais consomem móveis no país, tanto em volume de peças, quanto em movimentação financeira, e o aumento da classe C já vem sendo sentido pelas indústrias moveleiras. “Com o aumento da classe C, houve uma sensível melhora nas vendas das indústrias fabricantes de móveis populares ou econômicos. Esse desempenho vinha se registrando basicamente desde 2007 até o primeiro bimestre de 2008. Desde então, há uma queda nas vendas”, informou. Para José Luiz, esta classe é essencial para o setor moveleiro, pois, segundo ele, vinha de um longo período sem poder de compra e agora movimenta uma importante fatia do mercado.

O presidente da Abimóvel disse que o consumo de móveis no país tende a apresentar um aumento significativo. “O consumidor está hoje, mais preocupado em trocar os móveis da casa, pois há muito tempo, seu poder aquisitivo não permitia, estabelecendo outras prioridades“, disse. De acordo com José Luiz, a classe média significa para o setor, o ponto de equilíbrio, pois é a faixa de clientes da grande maioria dos fabricantes dos mais variados tipos de móveis.

Segundo o economista e diretor executivo da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Andrew Storfer, o aumento desta classe social decorre da melhoria econômica das classes D e E (cerca de 12 milhões) e de parte da perda de poder aquisitivo das classes A e B (cerca de 4,7 milhões). “Esses números acrescidos do crescimento vegetativo, elevaram em quase 20 milhões de pessoas a classe C, reunindo hoje em seu total mais de 86 milhões”, disse. Andrew afirmou que, mais do que uma atuação direta governamental sobre essa classe, o maior benefício alcançado por ela decorre da melhoria do País como um todo. “A classe C representa consumidores com alta propensão a consumir e, portanto, alvo de indústrias, comércio e prestadoras de serviço”, disse.

O diretor executivo da Anefac disse que o crescimento econômico sustentado, com taxas mais robustas, inflação sob controle e outros fatores que atingem a população como um todo beneficia muito a classe C. Para fazer com que este fenômeno de expansão se permaneça, Andrew acredita que, os governos, nas suas três esferas, têm que fazer com que as instituições funcionem. “Quando digo instituições, digo aquelas que provêem todos os serviços essenciais à população como saúde, educação, justiça, segurança etc. Têm ainda que gastar de forma adequada, moderando gastos correntes e cobrando eficiência pública, sobrando assim, mais recursos para investimentos”.

Os fatores que influenciaram o crescimento da Classe C no país, basicamente são o aumento de renda, do emprego, crédito farto com prazos longos e juros menores, e programas sociais. Segundo Andrew, as classes médias e baixas estão proporcionando através de consumo (direto e via crédito) a manutenção de um crescimento do País continuado. “Desta vez, tudo indica que ao invés do “vôo da galinha”, teremos um crescimento contínuo. Mais do que crescer 5% ou 6% em um ano e crescer 1% no outro, é melhor crescer 4% ou 5% por vários anos”, informou.

Para o economista, professor de teoria macroeconômica e chefe do departamento de economia da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Antônio Eduardo Nogueira, o aumento desta classe econômica significa a inserção de milhões de novos consumidores no mercado. “Para que este fenômeno se permaneça é necessário manter a política de controle da inflação, de redução da taxa de juros e de expansão dos investimentos públicos (infra-estrutura) e privados, gerando mais emprego e renda”, informou.

O economista também concorda que o crescimento da classe C vai trazer aumento de consumo no país, e que esta classe social é de fundamental importância para a economia brasileira. “Além de representar quase metade da população do Brasil, ela caracteriza-se por consumidores com alto potencial de consumo, ou seja, com demanda reprimida”, disse. Antônio Eduardo Nogueira explicou que as políticas econômicas implementadas desde o início dos anos 90, ou seja, de abertura econômica, controle inflacionário e redução das taxas de juros, que promoveram o aumento nos investimentos, emprego e renda, influenciaram na elevação da classe C.

Distribuição da população brasileira por classe de consumo (%):

2005 - 2006 - 2007

A/B 15% - 18% - 15%

C 34% - 36% - 46%

D/E 51% - 46% - 39%

Os dados acima mostram que, em apenas dois anos, as classes D/E deixaram de representar mais da metade da população brasileira para representar apenas 39% dos brasileiros, menos que a proporção da classe C.

Fonte: Portal Moveleiro

ITTO Sindimadeira_rs