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Notícias

02
mai
2008
(COMÉRCIO EXTERIOR)
Outro produto de exportação do setor florestal uruguaio

Localizado em Young, Augusto Torregrosa produz óleos essenciais de eucalyptus globulus para exportação. O processo começa no bosque três dias depois da colheita. Operários separam as ramas finas e folhas das ramas mais grossas para otimizar o que será processado. Estas ramas são comprimidas com uma máquina que processa no mesmo prédio florestal, criando unidades de carga com um volume de 25 m3 e uma massa de 8 toneladas. Por viagem são transportadas em duas unidades de carga, o “cajones” destas características. Este processo se realiza na rama para poder transportar grandes volumes a menores custos, já que o rendimento da extração do óleo é de somente 1% da matéria prima.

Com estes valores, a cada frete de caminhão corresponde 160 kilogramos aproximadamente da produção. A distância limite que é viável recolher estas sobras da colheita é de 80 km até a indústria. O processo para a obtenção do óleo consiste na extração do mesmo, através da aplicação de vapor d’água as folhas e da posterior condensação da água e óleos gerados em estado gasoso. O óleo se separa pelas diferentes densidades.

De origem francesa, e radicada no Uruguai desde os 14 anos, Augusto junto a seu pai, tem dedicado seus dias para investigar essências aromáticas de espécies nativas e embora tenha gerado vários projetos, a realidade do grande desenvolvimento que o Uruguai tem hoje em florestas de eucalipto, propiciou a implementação da extração do óleo essencial de globulus.

Com o apoio da Ence, empresa que lhe permitiu a oportunidade de entrar no bosque depois da colheita para recolher a rama; e a denominação de Projeto de Interesse Nacional, por parte do Presidente da Republica Dr. Tabare Vazquez, o empreendimento se converteu em uma realidade. Hoje produz e exporta 10 toneladas por mês de óleo essencial. Emprega 15 pessoas desta localidade e projeta crescer 30% nos próximos meses.

No processo, se gera um segundo produto que é comercializado nos viveiros industriais. O composto surge dos resíduos dos dejetos florestais triturados logo após a destilação. O óleo que é extraído da fibra vegetal tem uma função retardadora do processo de decomposição. Logo de sua extração, os dejetos se transformam rapidamente em boa qualidade de composto que é estocado no prédio da indústria.

O desafio hoje é otimizar os custos de transporte. Uma medida que deu bons resultados, foi a utilização de mais pessoas para pré-selecionar as ramas mais finas a ser processada. Desta forma se conseguiu aumentar o rendimento passando de 0,70 a 1 %. Se usar somente a folha de eucalyptus se chegaria a conseguir o dobro do rendimento.

A situação do mercado exterior para este produto é muito favorável. Quem concentra mais de 50% da demanda mundial de óleos essenciais é a França. Atualmente Augusto exporta tanto para Europa como para EEUU. A rentabilidade do negócio, ainda que não tenha chegado a normalizar sua produção, segundo suas projeções, é satisfatória e corresponde ao esperado.

Para a floresta, o desperdício com a queda dos resíduos se traduz em risco de incêndios e doenças para o próximo trabalho na terra. Nesse sentido ambas partes do intercâmbio se beneficiam já que a matéria-prima é conseguida sem custo de compra.

PRODUTO DE 15 AÑOS DE INVESTIGAÇÃO

Tanto seu pai, como Augusto tem estudado a flora do Uruguai em busca de novos óleos essenciais para a indústria da perfumaria. Atualmente estão no processo de estabelecer normas de alguns óleos encontrados entre as espécies nativas. Porém é um processo lento ”Se necessita muito entusiamo e paciência” para conseguir que a indústria prove e aceite um novo produto. Geralmente é um processo que demora 10 anos.

Produto de uma história familiar no estudo das essências vegetais, os Torregrosas tem hoje outro projeto pronto para ser implementado. Este envolve as famílias de Bella Union no Departamento de Artigas e consiste em que as famílias dessa localidade destinem 4 a 5 ha. de suas terras, habitualmente destinadas a produção açucareira, para o cultivo e colheita de uma espécie vegetal de origem européia. Devido ao clima e a terra, o lugar propício no Uruguai é Bella Union. Soma-se como vantagem, uma cultura de produção similar a projetada. É uma tradição de anos gerada pelos “cañeros” nas plantações e colheitas de cana-de-açúcar. Esta espécie, da qual reserva o nome, está hoje pronta para ser reproduzida em viveiro. Conta com 15 anos de seleção e adaptação ao clima.

No desenvolvimento deste projeto, se instalaria uma fábrica em Bella Union para a extração de óleo essencial desta espécie. O produtor açucareiro poderá diversificar sua produção, podendo o mesmo efetuar a plantação e o manejo desta espécie, e logo aproveitar a quantidade de mão-de-obra da zona para ter sua colheita.

Os benefícios para as famílias produtoras serão a venda segura de seu produto, e a participação de uma cadeia de produção muito mais “limpa” que a do produtor “cañero” pelas condições de colheita. Além da mais esta produção complementaria a produção de cana-de-açúcar. Consiste em somar lucro, mas sem alterar o desenvolvimento da tradicional produção da região.

Fonte: Marcos Francia – Contenidos periodísticos - GuiaForestal.com/Remade

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