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Foi-se o tempo em que o dólar era o porto seguro das aplicações financeiras. Desde 1997, com espasmos em anos posteriores, a moeda norte-americana tem se mostrado um dos piores investimentos, especialmente a partir de 2002, quando teve início os cinco melhores anos de crescimento da economia mundial.
Depois de atingir o pico em janeiro de 2003 (primeiro mandato do presidente Lula), a cotação vem despencando ladeira abaixo. A explicação é simples: a entrada de dólares no país vem superando a saída da moeda americana.
Esse excesso de oferta gera a valorização do real ante o dólar, que entra no país via exportações, investimentos estrangeiros diretos, investimentos financeiros, captações internacionais e turismo. Já a saída é registrada principalmente via importações.
O economista Dirceu Bezerra, da consultoria Rosenberg & Associados, explica que um dos efeitos da queda do dólar frente ao real é que o brasileiro ficou “mais rico”, ganhou poder de compra no segmento de produtos importados. “Mas isso não é bom para o Brasil”, alerta o economista, porque faz com que o país perca competitividade. “Estamos bem na parte de agroindústria. Mas nos setores de alta tecnologia e mão-de-obra intensiva estamos perdendo competitividade fortemente”, afirmou.
O nó do câmbio
Recentemente, algumas autoridades do governo teriam discutido mudanças nos regimes de câmbio, mas o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, negou. Disse que o Brasil está comprometido com o câmbio flutuante, sistema em que o valor da moeda é determinado pelo próprio mercado. A afirmação tem razão de ser.
O câmbio fixo (em que o BC determina o valor da moeda) foi abandonado em 1999 porque não parou mais em pé. A partir daí foi preciso adotar o Sistema de Metas de Inflação, que permitiu o controle dos preços. Mas, ao fixar os juros, o governo não pode mais controlar o câmbio. Se, no entanto, o governo optasse pela volta ao câmbio fixo, não poderia conter os juros.
E isso é assim porque, para controlar o câmbio, o BC teria de comprar dólares quando eles sobrassem no mercado, o que puxaria as cotações do câmbio para baixo. Ou teria de vender moeda estrangeira quando as cotações promovessem alta indesejável da cotação do câmbio. E, quando compra dólares, despeja dinheiro na praça e isso produz inflação.
“A cotação não está equilibrada”
Ainda que o brasileiro tenha mais acesso a produtos importados, o que poderia acontecer de melhor com o dólar era parar de cair. “A cotação não está equilibrada”, diz Dirceu Bezerra, da consultoria Rosenberg.
Para manter o dólar desvalorizado frente ao real e ter o mercado em equilíbrio seria preciso que o Brasil promovesse uma série de reformas, principalmente a tributária e a previdenciária.
Para Bezerra, a única coisa que pode empurrar a cotação do dólar para cima é os EUA entrarem em recessão. Mas, mesmo assim, nunca retornando ao patamar de 2003.
Fonte: Bom Dia Sorocaba
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