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Ainda não se sabe ao certo qual será o futuro do mercado de carbono depois da formulação de um novo acordo climático global, que irá substituir o Protocolo de Quioto, porém especialistas concordam que, com o atual volume de negócios, este comércio irá continuar para além de 2012. “Não há como parar isso”, disse ontem o presidente da MGM International, Marco Monroy, durante a abertura do Carbon Market Americas.
Monroy lembrou que existem diversos projetos na lista de espera para receberem a aprovação da ONU que somam um grande volume de reduções de dióxido de carbono (CO2) equivalente.
A liquidez crescente, a forte relação com o mercado de energia e a participação crescente de investidores institucionais, como fundos de pensão e de private equity, são alguns fatores que mostram a importância do mercado de carbono global hoje.
Porém, como não se sabe o que irá acontecer, segundo Monroy, há “uma emergência” para recuperar os investimentos até 2012, já que normalmente se leva de quatro a cinco anos para que isto aconteça.
Monroy ressaltou que é preciso prestar atenção no que acontece nos Estados Unidos, pois o país provavelmente será um grande comprador de créditos de carbono. “Nossa criatividade na América Latina para reduzir emissões é como poderemos contribuir para o mercado global. Precisamos recuperar esta posição”, afirmou.
O chefe do departamento de projetos especiais da BM&F, Guilherme Fagundes, apontou algumas condições chaves para o desenvolvimento do mercado de carbono, começando pela promoção de uma plena interligação entre os diversos mercados. “São fatores que ainda dificultam a troca entre os participantes e podem prejudicar a precificação”, disse.
Já a justificação política é importante para mostrar que o mercado está por trás de um problema real, que é a questão climática. “À medida que não há eficiência em atacar as mudanças climáticas, isto começa a afetar a credibilidade”, destacou Fagundes.
Segundo o especialista, é preciso também melhorar a transparência, tanto na divulgação de dados das empresas (como emissões totais de gases do efeito estufa) quanto das próprias negociações de créditos de carbono, e uma concentração de liquidez. “A médio prazo haverá uma convergência de todos os mercados atuais”, comentou.
A regulamentação tem papel de destaque no fortalecimento deste mercado. “Nas permissões (européias), isto está mais avançado que no RCE (redução certificada de emissões), mas ainda não há uniformização na regulamentação”, afirmou.
Para Fagundes, o grande desafio é o desenvolvimento da indústria de fundos de carbono, que provocará uma regulamentação. Monroy disse que ainda há falta de conhecimento e confiança, mas que os investimentos em equity fortalecem o mercado.
No Brasil, por exemplo, são poucos os bancos que entendem e atuam nesse tipo de negócio. “Os fundos de carbono são importantes porque irão contrabalancear nosso poder de barganha internacional”, opinou Fagundes.
No exterior, este tipo de fundo é muito comum e, por isso, eles acabam “ditando as regras” de compra de créditos de carbono, segundo Fagundes.
Para o chefe de agronegócios da FINEP, Fabrício Brollo, o maior gargalo no mercado brasileiro é a negociação de RCEs. “Acreditamos que tem mais espaço para crescer na oferta e demanda de RCEs”, disse.
Brollo concorda que é preciso avançar na regulamentação do setor e, também, ampliar a divulgação do que é o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo. “É preciso simplificar a linguagem e tornar acessível principalmente às empresas de pequeno e médio porte”, sugeriu.
Finalmente Fagundes afirmou que não se deve esquecer da necessidade de definir a natureza jurídica e o tratamento tributário para o produto negociado neste mercado, que é o crédito de carbono referente a uma tonelada de CO2 não emitida ou mitigada da atmosfera.
Fonte: Carbono Brasil
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